Exatamente como encontramos em certos círculos pessoas que têm a reputação de piedosas, mas são consideradas com suspeição, assim também parece que quaisquer escritos que afirmem autoridade ou sanção divina inevitavelmente despertam desconfiança. Mas se os evangelistas pudessem ganhar a mesma atenção que os historiadores profanos recebem, se suas afirmações fossem testadas com base nos mesmos princípios sobre os quais os registros do passado são julgados pelos eruditos, e as evidências fossem julgadas em nossas cortes de justiça, seria aceito como um fato bem-estabelecido da história que nosso Salvador nasceu em Belém, no tempo em que Quirino era o presidente da Síria e Herodes era rei em Jerusalém. A narrativa dos dois primeiros capítulos de Lucas não é como uma página comum da história, que não carrega consigo garantia alguma de exatidão exceto aquela que a credibilidade geral do autor possa conferir. O evangelista está tratando de fatos acerca dos quais ele já tinha "se informado minuciosamente de tudo desde o princípio" [Lucas 1:3] e em que, além disso, seu interesse pessoal era imenso e em respeito do qual um único e flagrante erro teria prejudicado não somente o valor de seu livro, mas o sucesso da causa em que sua vida estava dedicada e com a qual suas esperanças de felicidade eterna estavam identificadas.
A matéria tem sido tratada como se essa referência a Quirino fosse apenas uma alusão acidental, com relação a qual um erro não teria a menor importância; mas o fato é que, na realidade, seria absolutamente vital. Que o verdadeiro Messias precisa nascer em Belém é aceito pelos judeus e reconhecido pelos cristãos: que o Nazareno nasceu em Belém os judeus persistentemente negam. Se até hoje eles pudessem refutar esse fato, justificariam sua descrença; pois se o Cristo que adoramos não é por direito de nascimento o herdeiro do trono de Davi, não é o Cristo da profecia. Os cristãos logo esqueceram isso quando não mais tiveram de manter sua fé contra a fronte endurecida do judaísmo, e somente apresentá-la ao mundo pagão. Mas isso não foi esquecido pelos sucessores imediatos dos apóstolos. Portanto, foi assim que, ao escrever para os judeus, Justino Mártir afirmou com tal ênfase que Cristo nasceu durante o recenseamento realizado por Quirino, apelando para as listas daquele censo como para documentos ainda então existentes e disponíveis para consulta, para provar que, embora José e Maria vivessem em Nazaré, foram até Belém para alistarem-se, e foi assim que a criança nasceu na cidade real e não da desprezada aldeia da Galiléia. [1]
E esses fatos da linhagem e do nascimento do Nazareno fornecem praticamente a única base sobre a qual se poderia entrar em debate, em que um lado mantinha e o outro negava que Seu caráter e missão divinos foram estabelecidos por provas transcendentais. Ninguém poderia questionar que Seus atos foram mais do que humanos, mas a cegueira e o ódio chegaram a atribuí-los ao poder satânico; as sublimes palavras que em toda era seguinte receberam a admiração de milhões, até daqueles que recusaram dar a elas a homenagem mais profunda de sua fé, não tinham charme para homens assim preconceituosos. Mas essas afirmações sobre o recenseamento que trouxe a Virgem Mãe a Belém, lidam com fatos simples que não requerem adequação moral para apreciá-los. Que em tal matéria um escritor como Lucas pudesse estar errado é altamente improvável, mas que o erro permaneceria sem ser desafiado é absolutamente incrível; e encontramos Justino Mártir, escrevendo praticamente cem anos depois do evangelista, apelando para o fato como sendo inquestionável. Pode ser, portanto, aceito como um dos mais certos das coisas realmente certas da história, que o primeiro recenseamento ordenado por Quirino foi realizado antes da morte de Herodes e que, enquanto estava em andamento, Cristo nasceu em Belém.
Não muitos anos atrás essa afirmação teria sido recebida com ridicularização ou com indignação. A menção de Quirino pelo evangelista parecia ser de um anacronismo total; pois, de acordo com a história aceita, o período de seu governo e a data de seu recenseamento foram nove ou dez anos após o da natividade. Zombada por Straus e por outros de sua tribo, e rejeitada por um sem número de autores como um enigma ou um erro, a passagem tem em anos recentes sido vindicada e explicada pelos trabalhos do Dr. Zumpt, de Berlin.
Por um estranho acaso, há uma interrupção na história desse período, pelos sete ou oito anos que começaram em 4 AC. [2] A lista dos governadores da Síria, portanto, é falha para nós e, durante o mesmo período, P. Sulpicius Quirino, o Cirênio dos gregos, desaparece da história. Mas por uma série de investigações e argumentos separados, todos independentes das Escrituras, o Dr. Zumpt descobriu que Quirino foi governador duas vezes da província, e que esse seu primeiro mandato foi da parte final de 4 AC, quando sucedeu a Quintílio Varus. A unanimidade com a qual essa conclusão tem sido aceita torna desnecessário discutir o assunto aqui. Mas um comentário com relação a ele pode não estar fora de lugar. As bases para as conclusões do Dr. Zumpt podem ser apropriadamente descritas como uma seqüência de evidências circunstanciais e seus críticos concordam que o resultado é razoavelmente certo. [3] Para tornar essa certeza absoluta, nada está faltando, exceto o testemunho positivo de algum historiador de respeito. Se, por exemplo, um dos últimos fragmentos da história de Dion Cassius fosse trazido à luz, contendo a menção de Quirino como governante da província durante os últimos meses do reinado de Herodes, o fato seria considerado tão certo quanto o que Augusto foi imperador em Roma. Um autor cristão pode ser perdoado se atribuir peso igual ao testemunho de Lucas. Portanto, será assumido aqui como absolutamente certo que o nascimento de Cristo ocorreu em alguma data não anterior ao outono de 4 AC. [4]
A opinião do nosso mais eminente e confiável cronologista inglês é uma garantia suficiente que essa conclusão é coerente com tudo o que a erudição possa trazer para ter um efeito no ponto. Fynes Clinton resume assim sua discussão da questão: "A natividade não ocorreu mais do que aproximadamente dezoito meses antes da morte de Herodes, ou menos de cinco ou seis. A morte de Herodes foi ou na primavera de 4 AC, ou na primavera de 3 AC. A data mais anterior possível para a natividade é então o outono de 6 AC (U. C. 748), dezoito meses antes da morte de Herodes em 4 AC. A última será de 4 AC (U. C. 750), aproximadamente seis meses antes da morte dele, assumida com sendo na primavera de 3 AC." [5] Essa opinião tem pesado, não somente por causa da eminência do autor como cronologista, mas também por causa de sua própria visão sobre a data real do nascimento de Cristo o teria levado a estreitar ainda mais os limites dentro dos quais ela precisaria ter ocorrido, se seu senso de justiça tivesse permitido que ele assim o fizesse. Além disso, Clinton escreveu sem conhecer aquilo que Zumpt trouxe depois à luz com relação ao recenseamento de Quirino. A introdução desse novo elemento ao considerar a questão, permite-nos com absoluta confiança, adotar a afirmação de Clinton e atribuir a morte de Herodes ao mês de adar de 3 AC e a natividade ao outono de 4 AC.
Que a mínima incerteza deva prevalecer com relação ao tempo de um evento de tal interesse transcendente para a humanidade é um fato de significado estranho. Mas qualquer que seja a dúvida que possa existir com relação à data de nascimento do Filho de Deus, ela é devido não a uma omissão na página sagrada se igual dúvida é sentida com relação à data inicial de seu ministério terreno. Não há em toda a Escritura uma declaração cronológica mais definida que aquela que está contida nos versos de abertura do capítulo terceiro de Lucas. "E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias."
Agora, a data do império de Tibério César é conhecida com absoluta precisão; e seu décimo quinto ano, considerado a partir de sua ascensão, começou em 19 de agosto do ano 28. Além disso, sabe-se também que durante aquele ano, cada um dos personagens citados na passagem realmente exercia o cargo que lhe é atribuído. Aqui então, poder-se-ia supor, nenhuma dificuldade ou pergunta poderia surgir. Mas o evangelista vai além e fala do início do ministério do próprio Senhor e menciona que "o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos." [6] Essa afirmação, tomada em conexão com a data comumente atribuída à natividade, requer que o "ano quinze de Tibério" seja compreendido como referenciando, não a data inicial de seu império, mas uma data anterior, quando a história testifica que certos poderes lhe foram conferidos durante os dois últimos anos de Augusto. Todas essas hipóteses, entretanto, "estão abertas para uma forte objeção, isto é, que o império de Tibério, iniciando a partir de 19 de agosto do ano 14, era uma data tão bem conhecida no tempo de Lucas quanto o reinado da rainha Vitória é conhecida por nós nos dias atuais; e nem um único caso já foi, ou pode ser apresentado, em que os anos de Tibério são considerados de qualquer outra maneira." [7]
Nem há qualquer inconsistência entre essas afirmações de Lucas e a data da natividade (conforme fixada pelo próprio evangelista, durante o governo de Quirino, no outono de 4 AC; pois o ministério do Senhor, datando do outono do ano 28, pode na verdade ter iniciado antes do fim de seu trigésimo primeiro ano, e não pode ter sido depois de alguns meses além dele. A expressão "quase trinta anos" implica em certa margem. [8] Portanto, como é totalmente desnecessário, torna-se injustificável colocar um significado especial e forçado nas palavras do evangelista; e, ao referenciar o ano quinze de Tibério César, ele precisa ter objetivado que todo o mundo assumiria o que ele queria dizer, isto é, o ano iniciado em 19 de agosto de 28. E assim, saindo do terreno do argumento e da controvérsia, chegamos enfim a uma data bem calculada e de vital importância nesta investigação.
A primeira Páscoa do ministério público terreal do Senhor é assim definitivamente fixada pela própria narrativa do evangelho, como em nisã do ano 29. Podemos, portanto, fixar o ano 32 como o ano da cruficação. [9]
Isto é oposto, sem dúvida, às tradições incorporadas nos espúrios Acta Pilati, tão freqüentemente citados nessa controvérsia, e nos escritos de certos pais, que mantinham a opinião que o ano quinze de Tibério foi a data da morte de Cristo; "por alguns, por que confundiram a data do batismo com a data da Paixão; por outros, por que supuseram que ambos os eventos ocorreram em um ano; por outros, por que transcreveram de seus predecessores sem conferir." [10]
Um imponente conjunto de nomes pode ser citado em suporte de qualquer ano de 29 a 33; mas esse testemunho é de força somente enquanto nada melhor pode ser encontrado. Da mesma forma que uma seqüência aparentemente perfeita de evidências circunstanciais rui diante do testemunho de uma única testemunha de inquestionável veracidade e valor, e a voz unida de metade de um condado não suportará um direito consagrado pelo uso, se ele estiver em oposição a uma única folha de pergaminho, assim as tradições cumulativas da Igreja, mesmo se fossem tão definitivas e claras como de fato são contraditórias e vagas, não teriam um peso maior que as provas para as quais o apelo tem sido feito aqui.
Entretanto, mais um ponto chama a atenção. Numerosos autores, alguns deles eminentes, discutem essa questão como se nada mais fosse necessário em fixar a data da Paixão do que encontrar um ano, dentro de certos limites, em que a lua pascal foi cheia em uma sexta-feira. Mas isso revela estranho esquecimento das complexidades do problema. Verdade é que se o sistema pelo qual o ano judaico é definido atualmente estivesse em vigor dezoito séculos atrás, toda a controvérsia poderia se voltar para a data da semana da Páscoa em um dado ano; mas por causa da nossa ignorância do sistema embolísmico então em uso, peso algum pode ser dado a ele. [11] Embora o ano judaico fosse o antigo ano lunissolar de 360 dias, não é improvável que eles o ajustaram, como por séculos provavelmente estavam acostumados a fazer no Egito, mas adicionando todos os anos os "dias complementares" a respeito dos quais Heródoto escreveu. [12] Mas não se deve supor que quando eles adotaram a forma presente de ano, continuaram a corrigir o calendário de uma maneira tão primitiva. O uso que faziam do ciclo metônico para esse propósito é comparativamente moderno. [13] E é provável que com o ano lunar eles também obtivessem sob os Selêucidas o antigo ciclo de oito anos para fazer o ajuste. O fato que esse ciclo estava em uso entre os primeiros cristãos para os cálculos da Páscoa, [14] permite a suposição que ele foi emprestado dos judeus; mas não temos conhecimento certo sobre o assunto.
De fato, a única coisa razoavelmente certa sobre a questão é que a Páscoa não caía em dias atribuídos a ela por autores cujos cálculos com relação a ela são feitos com rígida precisão astronômica, [15] porque o Mishna permite a mais clara prova que o início do mês não era determinado pela verdadeira lua nova, mas pelo aparecimento do seu disco pela primeira vez; e, embora em um clima como o da Palestina isso raramente seria retardado por causas que operariam em latitudes com mais névoa ou escuridão, sem dúvida algumas vezes acontecia "que nem o sol nem as estrelas apareciam por muitos dias." [16] Essas considerações justificam a afirmação que em qualquer ano, o 15 de nisã poderia ter caído em uma sexta-feira. [17]
Por exemplo, no ano 32, a data da verdadeira lua nova, pela qual a Páscoa era regulada, foi a noite (10h 57min) de 29 de março. Portanto, a data aparente do dia primeiro de nisã, de acordo com as fases, foi 31 de março. Ela pode ter sido atrasada, entretanto, até o primeiro de abril; e nesse caso o 15 de nisã aparentemente teria caído na terça-feira de 15 de abril. Mas o calendário pode ter sido ainda mais atrapalhado pela intercalação. De acordo com o esquema do ciclo dos oito anos, o mês embolísmico era inserido no terceiro, sexto, e oitavo anos e um exame dos calendários dos anos 22 a 45 mostra que o ano 32 foi o terceiro de tal ciclo. Como, porém, a diferença entre o ano solar e o lunar é de onze dias, ela iria se acumular em três anos para 33 e 3/4 dias e a intercalação de um décimo terceiro mês (adar 2) de trinta dias deixaria uma epacta ainda residual de 3 e 3/4 dias; e com a "lua eclesiástica" sendo tudo isso antes da lua real, o dia da festa teria caído na sexta-feira (11 de abril), exatamente como requer a narrativa dos evangelhos. [18]
Isso, além do mais, explicaria que, apesar de toda a poesia sobre o bosque e os grotões do Getsâmane, resta ainda uma dificuldade. Judas não precisaria de tochas e lanternas para localizar seu Mestre pelas sombras e passagens mais escuras do jardim, nem foi, aparentemente, até que ele cumpriu sua vil e culposa missão que a multidão se apressou para capturar sua vítima. E nenhum traidor precisaria ter sido subornado pelo Sinédrio para entregar a eles, à meia-noite, o objeto de seu ódio, não fosse pelo fato que eles não se atreviam a tomá-lo senão furtivamente. [19] Toda tocha e lâmpada aumentava o risco de despertar os milhões que dormiam em volta deles, pois naquela noite Judá inteiro estava reunido na capital para observar a festa da Páscoa. [20] Se, então, a lua cheia estivesse sobre Jerusalém, nenhuma outra luz seria necessária para ajudá-los em sua culposa missão; mas se, por outro lado, a lua pascal tivesse aparecido somente dez ou onze dias antes daquela noite de quinta-feira, ela certamente estaria baixa no horizonte, se não tivesse na verdade já sumido, antes que eles se aventurassem a sair. Essas sugestões não são feitas para confirmar a prova já oferecida da data do ano da morte de Cristo, mas meramente para mostrar quão fácil é responder às objeções que à primeira vista podem parecer fatais.
Notas de Rodapé do Capítulo 8
[1] Belém, "na qual Jesus Cristo nasceu, como vocês também podem descobrir a partir das listas do recenseamento que foi feito no tempo de Quirino, o primeiro governador de vocês na Judéia" Apol., 1, 34.
"Afirmamos que Cristo nasceu cento e cinqüenta anos atrás, durante o governo de Quirino." Ibid, 46.
"Mas quando houve um recenseamento na Judéia, que foi então feito primeiro no governo de Quirino, ele subiu de Nazaré, onde vivia, a Belém, de cujo lugar ele era, para ser alistado", etc. Dial. Trypho, 78.
[2] Josefo aqui deixa um intervalo em sua narrativa; e embora a perda do MSS, a história de Dion Cassius, a outra autoridade para este período, não está disponível para fornecer a omissão.
[3] Os trabalhos do Dr. Zumpt nessa questão foram tornados públicos primeiro em um tratado em latim que apareceu em 1854. Mais recentemente, ele os publicou em seu Das Gegurtsjahar Christi (Leipzig, 1869). O leitor inglês encontrará um resumo de seus argumentos em Greek Test., de Dean Alford. (Nota em Lucas 2:1), e em seu artigo, sobre Quirino no Bible Dict., de Smith; ele os descreve como "muito impressionantes e satisfatórios". O Dr. Farrar comenta, "Zumpt, com incrível dedicação e pesquisa, estabeleceu nesta matéria a exatidão de Lucas, provando a extrema probabilidade que Quirino tenha sido governador da Síria duas vezes" (Life of Christ, vol. 1, pág. 7, nota). Veja também um artigo no Quarterly Review, de abril de 1871, que descreve as conclusões de Zumpt como "muito aproximadamente certas". A questão é discutida também em Chron. Syn., de Wieseler. (trans. Venables). Em sua história romana, Merivale adota esses resultados sem reservas. Ele diz (vol. 4, pág. 457), "Uma notável luz foi lançada sobre o ponto pela demonstração, como parece ser, de Augustus Zumpt em seu segundo volume dos Commentationes Epigraphicae, que Quirino (o Cirênio de Lucas 2) foi o primeiro governador da Síria a partir do fechamento de A. U. 750 (4 AC), até A. U. 753 (1 AC)."
[4] O nascimento de nosso Senhor é colocado em 1 AC, por Pearson e Hug; em 2 AC por Scaliger; em 3 AC por Baronius, Calvisius, Susking, e Paulus; em 4 AC por Lamy, Bengel, Anger, Wieseler, e Greswell; em 5 AC por Usher e Petavius; em 7 AC por Ideler e Sanclementi (Bible's Dict., de Smith, "Jesus Christ", pág. 1075). Deve ser acrescentado que a data de Zumpt para a natividade é fixada em bases independentes em 7 AC. Seguindo Ideler, ele conclui que a conjunção dos planetas Júpiter e Saturno, que ocorreu naquele ano, foi a "estrela" que levou os magos até a Palestina.
[5] Fasti Romani, ano 29.
[6] Lucas 3:23. Essa é a tradução correta do verso. A Versão Revisada traduz assim: "E o próprio Jesus, quando começou a ensinar, tinha cerca de trinta anos de idade."
[7] Lewin, Fasti Sacri, pág. 53. Diss., Cap. 6: A teoria do principado-conjunto do reinado de Tibério, elaboradamente argumentado por Greswell, é essencial com autores como ele, que atribuem a crucificação ao ano 29 ou 30. Sanclementi, na realidade, achando "que em nenhuma parte nas histórias, ou nos monumentos, ou nas moedas, há um vestígio que possa ser encontrado que ajude a estimar os anos desse imperador", se desfaz da dificuldade considerando que a data em Lucas 3:1 referencia, não o ministério de João Batista, mas a morte de Cristo. Browne adota isso de uma forma modificada, reconhecendo que a hipótese acima referenciada "cai sob objeções fatais". Ele comenta que "é improvável até o último grau" que Lucas, que escreveu especialmente para um oficial romano, e em geral para os gentios, teria assim se expressado de modo a ser mal-interpretado por eles. Portanto, embora a afirmação do evangelista se choque com sua conclusão sobre a data da Paixão, ele reconhece sua obrigação de aceitá-la. Veja Ordo Saec., itens 71 e 95.
[8] Como Dean Alfor diz, (Gr. Test.): "Este hosei tpiakonta admite considerável latitude, mas somente em uma direção, isto é, mais de trinta anos."
[9] "Parece absolutamente certo para mim que o ministério de nosso Senhor durou por algum período além de três anos." (Pusey, Daniel, pág. 176, e veja na pág. 177 a nota 7). Essa opinião é agora mantida tão universalmente que não é mais necessário apresentar em detalhes as bases em que ela se apóia; na realidade, autores recentes assumem geralmente sem prova que o ministério incluiu quatro Páscoas. A discussão mais satisfatória da questão que conheço é em Christology, de Hengsterberg (trad. de Arnold, 755-765). O apóstolo João menciona expressamente três Páscoas em que o Senhor esteve presente; e se a festa de João 5:1 foi uma Páscoa, a questão está no fim. É agora geralmente admitido que essa festa foi ou Purim ou a Páscoa, e as provas de Hengstenberg em favor da última são massacrantes. A festa do Purin não tinha sanção divina. Ela foi instituída por um decreto de Ester, rainha da Pérsia, no décimo terceiro ano de Xerxes (473 AC), e era uma festa mais social e política do que religiosa, o serviço na sinagoga era bem secundário em relação às comidas e bebidas consumidas em excesso nesse dia. É duvidoso se nosso Senhor teria observado essa festa; mas que, contrariamente à prática usual, Ele teria subido a Jerusalém especialmente para celebrá-la, é de todo incrível.
[10] Fasti Rom., de Clinton, ano 29.
[11] "O mês começava nas fases da lua... e isso acontece, de acordo com Newton, dezoito horas depois de a lua nascer. Portanto, o décimo quarto dia de nisã começaria quando a lua tinha 13 dias e 18 horas de idade, e faltando 1 dia, 0h e 22 minutos para a lua cheia. [A idade da lua na fase cheia será 14 dias, 18 horas, 22 minutos] Mas algumas vezes as fases eram retardadas até que a lua tivesse 1d 17h de idade; e então se o primeiro de nisã fosse adiado até as fases, o décimo quarto iniciaria somente 1h 22m antes da lua cheia. Essa precisão, entretanto, em ajustar o mês à lua não existia na prática. Os judeus, como outras nações que adotavam o ano lunar e corrigiam o defeito intercalando um mês, falharam em obter uma precisão absoluta. Não sabemos qual era o método de cálculo deles no tempo da era cristã." (Fasti Rom., vol. 2, pág. 240); o ano 30 é o único ano entre 28 e 33 em que as fases da lua cheia foram em uma sexta-feira. No ano 29, a lua cheia foi no sábado, e as fases na segunda-feira. (Veja a Tabela de Wurm, em Chron. Syn., de Wiesler, trad. de Venables, pág. 407).
[12] Herodes, 2:4.
[13] Foi em aproximadamente no ano 360 que os judeus adotaram o ciclo metônico de dezenove anos para o ajuste de seu calendário. Antes daquele tempo, eles usavam um ciclo de oitenta e quatro anos, que era evidentemente o período calípico dos setenta e seis anos, com uma octaetéride grega adicionada. Certos autores dizem que isso estava em uso no tempo de nosso Senhor, mas a afirmação é muito duvidosa. Ela parece depender do testemunho dos últimos rabinos. Júlio Africano, por outro lado, afirma em sua Cronografia que "os judeus inserem três meses intercalares a cada oito anos." Para uma descrição do calendário judaico moderno, veja Encyc. Brit. (nona edição, vol. 5, pág. 714).
[14] Browne, Ordo Saec., item 424.
[15] Veja Browne, Ordo Saec., 64. Ele afirma que "se em um determinado ano a lua pascal estivesse na fase cheia em qualquer instante entre o pôr do sol de uma quinta-feira e o pôr do sol de uma sexta-feira, o dia incluído entre os dois ocasos do sol seria o 15 de nisã; "e com base nisso ele afirma que o ano 29 é a única data possível para a crucificação. Entretanto, como mostra sua própria tabela, nenhum ano possível (isto é, nenhum ano entre 28 e 33) satisfaz a esse requisito; pois a lua cheia pascal no ano 29 foi em um sábado, dia 16 de abril, não na sexta-feira de 18 de março. Essa visão é mantida também por Ferguson e outros. Isso pode ser explicado, talvez, pelo fato que até anos recentes o Mishna não estava traduzido para o inglês.
[16] Atos 27:20. O tratado Rosh Hashanah do Mishna lida com o modo em que, nos dias do "segundo templo", a festa da lua nova era regulada. A evidência de duas testemunhas competentes era requerido pelo Sinédrio para o fato que eles tinham visto a lua, e as numerosas regras dispostas para a jornada e exame dessas testemunhas provam não infreqüentemente que elas vinham de certa distância. Realmente, o caso delas estarem "um dia e uma noite na estrada" é previsto. (ch. i. 9). A proclamação pelo Sinédrio, portanto, pode ter sido algumas vezes retardada até um dia ou dois após as fases e, algumas vezes, as fases eram retardadas até que a lua tivesse 1d 17h de idade [Clinton, Fasti Rom. vol. 2, pág. 240] Além disso, possivelmente, ela pode ter sido ainda mais retardada pela operação de regras, como aquelas do moderno calendário judaico para evitar que certos festivais caíssem em dias incompatíveis. Parece no Mishna ("Pesachim") que as regras atuais para esse propósito não estavam em vigor; mas mesmo assim devem ter existido regras similares em operação.
[17] Veja Fasti Rom., vol. 2, pág. 240, sobre a impossibilidade de determinar em que anos a Páscoa caiu na sexta-feira.
[18] O seguinte é o esquema da octaetéride: "O ano solar tem uma duração de 365 dias e 1/4; 12 meses lunares têm 354 dias. A diferença, que é chamada de epacta, é 11 dias e 1/4. Essa é a epacta do primeiro ano. A epacta do segundo ano é igual a 22 dias e meio; do terceiro, de 33 dias e 3/4. Esses 33 dias e 3/4 formam um mês lunar de 30 dias, que é adicionado ao terceiro ano como um mês intercalar, ou décimo terceiro mês (embolismo), e um resíduo, ou epacta de 3 e 3/4 dias. Assim, a epacta a do quarto ano é igual a 11 e 1/4 + 3 e 3/4 = 15 dias, a do quinto ano é igual a 26 e 1/4; a do sexto, 37 e 1/2, o que dá o segundo embolismo de 30 dias com uma epacta de 7 e 1/2. Portanto, a epacta do sétimo ano é 18 e 3/4, e a do oitavo é igual a 18 e 3/4 + 11 e 1/4, que é igual a 30 dias exatos, que é o terceiro embolismo sem qualquer epacta restante." Browne, Ordo Saec., 424. Os dias da lua cheia da Páscoa nos anos 22 a 37 foram como segue; os anos embolísmicos, de acordo com as octaetérides, estão marcados com "E".
Ano D. C.
22 ....5 de abril
23 ....25 de março
24.....12 de abril
25.... 1 de abril
26 ... 21 de março
27E.. 9 de abril
28.....29 de março
29E...17 de abril
30..... 6 de abril
31..... 27 de março
32E...14 de abril
33..... 3 de abril
34.... 23 de março
35E.. 11 de abril
36.... 30 de março
37E... 18 de abril
[19] Lucas 22:2-6.
[20] Josefo testifica que uma "multidão inumerável" vinha para a festa (Ant., 17, 9, 3); ele calcula que em uma Páscoa antes do cerco de Jerusalém, mais de 2.700.200 pessoas realmente participaram da ceia pascal, além dos estrangeiros presentes na cidade. (Guerras, 6, 9, &3).
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Data da publicação: 6/3/2005
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