a A Paganização Que Ocorreu na Igreja Romana no Fim do Século 15

A Paganização Que Ocorreu na Igreja Romana no Fim do Século 15

Autor: Jeremy James, Irlanda, 23/1/2025.

Um volume muito grande poderia ser escrito sobre o assunto que estamos prestes a discutir, repleto de fatos que mostram que a liderança da Igreja Católica Romana converteu-se ao paganismo no século 15.

Outro volume muito extenso poderia ser escrito para mostrar que a liderança dessa igreja já tinha feito isso em séculos anteriores, mas esse tomo talvez não teria o mesmo impacto sobre o leitor. A diferença é devido ao fato que a transição no século 15 foi surpreendente, talvez até mesmo audaciosa, com amplas evidências que as famílias aristocráticas, que escolhiam os candidatos para o Papado, eram cristãs nominais somente e que, por trás das portas fechadas, elas adoravam os deuses do antigo Egito.

A Abominação Sacerdotal no Templo

A Palavra de Deus nos dá um poderoso e salutar precedente para isto quando descreve a condição espiritual oculta dos líderes dos sacerdotes em Jerusalém imediatamente antes da invasão dos caldeus (também chamados de babilônios), em 586 AC. Citaremos aqui apenas parte da visão registrada por Ezequiel no capítulo 8 (versos 7-12):

"E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um buraco na parede. E disse-me: Filho do homem, cava agora naquela parede. E cavei na parede, e eis que havia uma porta. Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que eles fazem aqui. e entrei, e olhei, e eis que toda a forma de répteis, e animais abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel, estavam pintados na parede em todo o redor. E estavam em pé diante deles setenta homens dos anciãos da casa de Israel, e Jaazanias, filho de Safã, em pé, no meio deles, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso. Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O SENHOR não nos vê; o SENHOR abandonou a terra." [Ezequiel 8:7-12].

Os "répteis e animais abomináveis" e quase certamente teriam incluído os signos do Zodíaco e outros símbolos das etrelas. Os "setenta anciãos" eram, aparentemente, o Sinédrio, ou um grupo com forte presença dos escalões mais altos da classe sacerdotal.

A Palavra de Deus nos diz que esses apóstatas e pagãos, que estavam imersos no ocultismo, acreditavam (a) que Deus não via o que eles estavam fazendo durante esse ritual maligno e (b) que Deus não tinha mais interesse algum naquilo que estava acontecendo na Terra. Essa atitude é típica entre os iniciados nos altos graus nas sociedades secretas. O Maligno os convenceu que depois de ter criado os céus e a Terra, o Senhor Deus deixou a administração da Criação nas mãos dos anjos de ,alta hierarquia e dos homens iluminados. Estes últimos — os Illuminati — consideram-se como guardiões legítimos por direito de uma prerrogativa divina, até ao ponto de terem o direito moral de tratar as massas não-iluminadas como nada mais do que animais sem inteligência.

Elitismo Esotérico

Poderíamos chamar isto de "elitismo esotérico", em que acredita-se que somente aqueles que alcançaram a iluminação perceberão seu potencial divino, enquanto que as massas ignorantes e sem qualquer sabedoria, estão destinadas a perecer. Isto significa que, depois que a elite Toda Sábia alcançar o controle incondicional da Terra — que é agora legalmente deles, na opinião deles — eles estão obrigados a purificá-la dos seres humanos inferiores. Assim, o genocídio, a eliminação sistemática da humanidade, é central na filosofia ocultista.

Rastreando o aparecimento do paganismo egípcio entre aqueles que controlavam e que continuam a controlar, a Igreja de Roma, estsmos efetivamente rastreando a criação da vindoura Religião do Mundo Unificado.

Estamos restringidos pela necessidade de manter este ensaio em um tamanho normal e precisaremos omitir uma grande quantidade de materiais que retratam o drama complexo que ocorreu na Itália durante os pontificados de Inocêncio VIII e Alexandre VI. Para os leitores que desejarem explorar esse assunto em mais detalhes, recomendamos os escritos de Frances Yates, notavelmente Giordano Bruno and the Hermetic Tradition (1964) e de Michael Hoffman, The Occult Renaissance Church of Rome (2017) [os escritos de Hoffman foram fortemente suprimidos e esse livro é proibitivamente caro. Tente encontrar uma cópia digital online.]

Embora seja raramente mencionado hoje, Pico della Mirandola foi uma figura central no Humanismo da Renascença e a época científica subsequente, conhecida como Iluminismo. Em seus vários escritos, que foram altamente controversos pelos padrões de seu tempo, ele procurou conciliar o Cristianismo ortodoxo com as doutrinas arcanas do paganismo, notavelmente um texto que. por volta daquele tempo, tinha alcançado fama e notoriedade em toda a Europa. Esse texto volumoso era conhecido como Corpus Hermeticum, um corpo de escritos de "sabedoria" que acredita-se ter sido registrado para o benefício da humanidade muito tempo antes dos judeus entrarem no Egito. Seu autor foi, alegadamente, um homem inspirado diretamente por Tote, o deus egípcio da sabedoria.

Tote era melhor conhecido na Europa por seu nome grego, Hermes. Assim, Corpus Hermeticum significa simplesmente as obras de Hermes, enquanto que o autor que canalizou esses escritos aparentemente antigos recebeu o nome de Hermes Trismegisto — ou Hermes Três Vezes Grande — de modo a enfatizar a excelência transcendente e a origem divina do Corpus Hermeticum.

Uma cópia do manuscrito grego com seus muitos volumes foi rastreado pelos agentes de Cosimo de Medici, o primeiro membro da famosa dinastia dos Médici, governantes de Florença. Cosimo estava intensamente interessado no ocultismo e não poupou gastos em montar a mais impressionante biblioteca na Europa em assuntos esotéricos e filosóficos. Ele contratou dois dos principais eruditos daquele tempo, Marsilio Ficino e Ludovico Lazzarelli, para traduzir todo o Hermeticum para o latim.

Ficino já tinha sido contratado por Cosimo para trabalhar em tempo integral na tradução de todos os diálogos de Platão, mas recebeu a ordem de parar tudo e se concentrar no Hermeticum. Cosimo, como muitos outros, estava convencido que sua nova aquisição era muito mais antiga do que as obras de Platão e, portanto, representava uma fonte mais profunda e mais moralmente responsável da antiga sabedoria.

Deveríamos refletir sobre isto por um momento. Esse fator permeia a mente de todos aqueles que imergem em um estudo da filosofia esotérica. Eles acreditam que uma sabedoria antiga foi transmitida para o homem no início da criação — uma "filosofia perene" como ela era — e que ela foi passada adiante de uma geração para outra. Ao longo do tempo ela se tornou fragmentada e muito dela desapareceu. Em seguida, os deuses decretaram que Hermes deveria dar esse grande coprpo de conhecimento para a humanidade novamente usando o indivíduo chamado Hermes Trismegisto.

Mesmo se o Corpus Hermeticum tivesse datado de um tempo muito anterior a Abraão, ele era ainda nada, mais do que uma obra canalizada. O Corpus Hermeticum não se originou com os profetas de Deus e somente pode ter vindo de outra fonte. Da forma como aconteceu, nem Cosimo nem seus contemporâneos perceberam que ele foi escrito por volta do segundo século da era cristã, aparentemente para o propósit de enganar. Em resumo, o aparecimento do Humanismo na Renascença pode ser rastreaado na maior parte até um documento falsificado, um monumento ao paganismo, escrito no segundo século depois de Cristo.

A Assim Chamada Filosofia Perene

Satanás continua a seduzir os homens tolos até hoje com sua assim chamada filosofia perene, usando mentiras de vários tipos, muitas das quais são bastante sutis, para fazer os homens acreditar que há uma verdade alternativa àquela que é apresentada na Escritura. Se os homens puderem dominar a verdade alterantiva dele, a filosofia perene dele, eles poderão se tornar deuses com todo o direito. Essa mentira, que foi contada pela primeira vez no Jardim do Éden, é tão potente hoje quanto foi naquele tempo.

Não deveríamos estar surpresos, então, que essa mentira apareça de forma proeminente no Corpus Hermeticum. Em uma seção em que a figura-guru, Hermes Trismegisto, instrui seu discípulo, Asclépio (ou Esculápio) ele diz:

"E assim, ó Asclépio, o homem é magnum miraculum, um ser digno de reverência e honra. Porque ele entra na natureza de um deus como se ele mesmo fosse um deus; ele tem familiaridade com a raça dos demônios, sabendo que ele é da mesma origem; ele despreza essa parte de sua natureza, que é somente humana por que ele colocou sua esperança na divindade da outra parte."

Pico pegou essa ideia e a teceu em uma tapeçaria que ele pretendia unificar — a teologia cristã e a "filosofia perene". Enquanto a Bíblia ensina que o homem é o pináculo da criação física, Pico foi além e afirmou em seu Oration on the Dignity of Man que o homem, por meio de seu intelecto, era realmente um cooperador com Deus, que tinha ainda de entender seu potencial divino. Em resumo, ele era um mago embrionário que, com o treinamento correto, poderia se tornar um ser divino.

Grande parte da mesma filosofia mágica tinha sido expressa por Pico em suas famosas 900 teses, ou "Conclusões", que ele tinha escrito alguns anos antes, enquanto ainda estava entre seus 20-29 anos. Esse compêndio de afirmações crípticas, baseaadas fortemente no Neoplatonismo, Hermeticismo e Cabala, foi deliberadamente planejado para provocar o debate público. Ele acreditava que suas 900 teses. como um sistema filosófico, forneciam uma base para revelar a totalidade do conhecimento e permitir que o homem compreendesse seu status como um mago.

Esta obra causou certa agitação. Por exemplo, ela incluiu a seguinte proposição:

Nulla est scientia que nos magis certificet de divinitate Christi quam magia et cabala – "Não há ciência que nos dê mais certeza da divindade de Cristo do que a magia e a Cabala."

Muitos críticos apelaram para Inocêncio VIII intervir e mediar.

O Papa criou uma comissão para investigar a validade teológica daquilo que Pico estava afirmando. Pico foi obrigado a comparecer diante deles em várias ocasiões para defender suas opiniões. Muitos eruditos e eclesiásticos tinham simpatia pela posição dele e Lorenzo de Médici (o "Magnificente") até intercedeu junto a Inocêncio VIII a favor dele. Um tipo de contemporização foi alcançado quando em julho de 1487, Pico apresentou uma retratação formal. No mês seguinte o Papa baniu a publicação das 900 "Conclusões", mas permitiu que Pico vivesse em prisão domiciliar em Florença.

O que aconteceu em seguida é descrito como segue por Frances Yates:

"Nos anos finais de sua vida, a situação de Pico foi grandemente aliviada pela chegada em 1492 de um novo Papa. Naquele ano, Inocêncio VIII foi sucedido como chefe espiritual da Cristandade por Alexandre VI, o Papa da família Bórgia, um dos personagens mais populares e dinâmicos da Renascença. Ao contrário de seu predecessor, o Papa Bórgia não estava de modo algum avesso à astrologia e à magia, mas ao contrário, estava profundamente interessado nesses assuntos e veio de forma muitíssimo impressionante em resgate da ortodoxia de Pico. A bula papal para a absolvição de Pico, que Lorenzo de Medici não tinha conseguido obter de Inocêncio VIII, apesar de repetidos apelos, foi promulgada por Alexandre VI em 18 de junho de 1493, menos de um ano após sua entronização. Não somente isto, o Papa escreveu uma carta pessoal para o próprio Pico, iniciando com Dilecte fili Salute & Apostolicam benedictionem — Amado filho: Saudações e bênção apostólica."

Esta foi uma virada surpreendente de eventos. Não somente o novo Papa absolveu Pico formalmente de todas as alegações de heresia — registradas em uma bula papal, mas enviou-lhe uma carta calorosa, cujo conteúdo foi resumido da seguinte forma por Frances Yates:

"Nesta carta, Alexandre descreve todo o histórico do caso de Pico, mencionando as novecentas teses, a Apologia, a comissão papal que o tinha acusado de heresia, sua fuga para a França e termina absolvendo totalmente ele e sua obra de todas as acusações de heresia."

O Papa até chegou a dizer que Pico, um filho fiel da igreja, estava iluminado por um divina largitas (um dom divino).

A Surpreendente Absolvição Papal de Pico

Pico, o mago, dificilmente poderia ter sido absolvido e inocentado de uma maneira mais prestigiosa. Na verdade, a carta do Papa foi anexada como um apêndice em todas as edições subsequentes das obras de Pico, desse modo atestando para o mundo, com a autoridade mais alta, que os ensinos dele eram de "uma ortodoxia impecável" (Yates). Para a classe trabalhadora católica da Euroa, isso pode ter significado virtualmente nada, mas para os eruditos e teólogos isso teria marcado um divisor de águas revolucionário, Após negar por um longa tempo a validade das opiniões herméticas de Pico, o papado estava agora afirmando que a variedade de magia (magica naturalis) ensinada por Pico era totalmente compativél com a Escritura. Isso abriu a porta para um fluxo infindável de ideias filosóficas derivadas da Cabala, do Neoplatonismo e da tradição hermética.

O que acabamos de testemunhar é um ótimo exemplo do método dos Illuminati conhecido como "Tese x Antítese = Síntese". Uma ideia revolucionária é propagandeada e seus méritos são tensamente debatidos. Após certo tempo, a ideia é suprimida formalmente, mas somente depois que um terreno maior de apoio tiver sido obtido. Mais tarde, seguindo debate adicional e reflexão dos eruditos e acadêmicos, uma nova versão da ideia é eventualmente aprovada. Aos olhos da história, Inocêncio VIII foi um defensor genuíno da ortodoxia cristã, o primeiro Papa a fazer um livro ser banido universalmente. Na realidade, ele estava meramente representando seu papel em um processo de transição cuidadosamente planejado. A Cabala, operando por trás dos bastidores, controlava a escolha de todos os Papas, estava usando esses fantoches para fazer avançar sua agenda ocultista.

Fizemos referência à operação desse sistema em um ensaio anterior ("O Papado, o Ocultismo de Babilônia e os Treze Obeliscos da Cidade de Roma"):

Ao longo de um período de aproximadamente 600 anos, , o Papa foi escolhido a partir de apenas 11 famílias — Orsini, Bórgia, Piccolomini, De Médici, Colonna, Farnese, Caetani, Borghese, Barberini, Aldobrandi e Sforza. As quatro primeiras ocuparam o Papado em não menos do que nove ocasiões. O historiador George L. Williams fez um excelente trabalho em estabelecer o papel dominante que a genealogia e a sucessão dinástica exerceram em preencher o ofício do Pontifex Maximus — que é também um dos títulos oficiais do Papa. Em Papal Genealogy: The Families and Descendants of the Popes (Genealogia Papal: As Famílias e Descendentes dos Papas, 1997), ele faz as seguintes observações de grande perspicácia. [pág. 160]:

"As famílias dos príncipes papais tendiam a se ligar via casamento somente com outras famílias com títulos papais e casamentos entre membros dessas famílias ainda estão ocorrendo no século 20. Embora os Papas durante os períodos da Renascença e do Barroco fizeram suas famílias avançar por meio da doação de territórios, títulos e pagamentos, os descendentes deles frequentemente se casavam com as velhas famílias papais, como Colonna, Orsini, Sforza-Conti-Cesarini (herdeiros dos Conti) e Caetani. Mas, desde o século 17, as famílias dos Papas do período Barroco (isto é, os Boncompagni, Ludovisi, Chigi, Albani, Altieri, Borghese, Aldobrandini, Ottoboni, Barberini, Pamphili, Rospigliosi, Odescalchi e Corsini) têm sido mais inclinadas a se casarem uma com a outra..."

Pico está relacionado de perto com as dinastias Sforza, Gonzaga e Este. Como as coisas revelaram, ele tinha feito seu trabalho para a Cabala, possivelmente sem sabar dos esquemas e duplicidade nas altas esferas. Ele agora não era mais útil para eles e poderia até causar problmeas no futuro, caso publicasse alguma coisa que contradissesse a narrativa oficial. Ele convenientemente morreu em 1494, aos 31 anos, muito provavelmente como resultado de envenenamento. Os livros de história gostam de registra que ele tinha se tornado amigo de Savanarola, que estava agitando fortemente a favor de reformas papais, mas deixam de mencionar que a conclusão bem-sucedida de um capítulo inteiro na história da igreja — execrável ao extremos — dependia do silêncio dele.

O Catolicismo e a Cabala Foram Reconciliados Permanentemente

Agindo como fez e absolvendo Pico de todas as acusações de heresia, Alexandre VI estava fazendo isso perpetuamente. Embora o princípio da infabilidade papal ainda não estivesse formalmente promulgado, ele era considerado aplicável a todas as decisões papais em assuntos teológicos. Era geralmente compreendido que nenhum Papa subsequente poderia desfazer aquilo que Alexandr fez e que o Catolicismo e a Cabala tinham agora sido permanentemente reconciliados.

Sob esta luz, podemos ver que Lúcifer tinha cruzado uma linha, fornecendo para si mesmo um novo mecanismo mortal para contaminar o Evangelho e atrair os seguidores de Jesus para o erro, heresia e pecado. Esta foi uma vitória fantástica, uma vitória que seus autores marcaram com satisfação ocultista, dando um passo paralelo e concedendo a Satanás uma base no próprio Vaticano. Alexandre teve seus aposentos papais no Palácio do Vaticano renovados de um modo altamente complexo, com uma sala em particular, a assim chamada Sala dei Santi — A Sala dos Santos — decorada em detalhes extraordinários, com grandes afrescos que celebravam o paganismo do antigo Egito. Os mitos de Ísis e Osíris foram reluzentemente retratados como verdades em par de igualdade com qualquer coisa encontrada nas páginas da Escritura. A sala, efetivamente, era um monumento à "filosofia perene". Há até uma inscrição que implica que Ápis, o deus egípcio era o equivalente a Cristo.

Os apartamentos caíram em desuso depois da morte de Alexandre VI, em 1503. As salas foram aparentemente vedadas para os visitantes e não foram abertas para o público até 1807. Foi provavelmente considerado prudente durante os anos turbulentos da Reforma, ocultar a existência no Vaticano de uma sala que parecia ter sido dedicada a Satanás — com aprovação papal. Assim, praticamente quatrocentos anos se passaram até que os católicos da Europa e das Américas receberam a oportunidade de inspecionar a sala por si mesmos. As autoridades certamente estavam confiantes que as pinturas peculiares na Sala dei Santi não provocariam controvérsia, possivelmente por que elas foram comissionadas por um Papa que todos acreditam que tinha gostos estranhos. Além disso, Leão XIII, o Papa que abriu a sala para o público em 1897, era amplamente respeitado dentro da Igreja Católica e um ferrenho defensor da ortodoxia católica.

A Sala dei Santi Não É Compreendida pelos Católicos

Até o dia de hoje, não apareceram suspeitas. Os católicos, como regra geral, são incrivelmente indiferentes à história da organização à qual eles servem e estão prepados para tolerar impropriedades grosseiras por parte de seus líderes, desde que a instituição como um tono permaneça flutuando na superfície.

Entretanto, aqueles que amam a Palavra de Deus e que veem para aonde esse grande navio está navegando estão muito preocupados com a acentuada transição em direção ao ocultismo e ao paganismo, que ocorreu na Igreja Romana no século 15 e, mais importante, pelo modo como essa transição está agora rapidamente se cristalizando na religião do fim dos tempos, totalmente inclusiva e enganosa, que dará as boas-vindas ao Anticristo.

Pode parecer difícil acreditar que um esquema que apareceu no século 15 deveria vir a dar frutos deste modo, mas precisamos nos lembrar que a Reforma foi um evento espetacular e que impediu grandemente a marcha do paganismo pela Europa.

Se os católicos hoje separassem um tempo para examinar as pinturas na Sala dei Santi, eles poderiam reconsiderar o comprometimento deles com as muitas doutrinas sem base na Escritura introduzidas pelos Papas que sucederam Alexandre VI. Essas doutrinas incluem a imaculada concepção de Maria (que declara que ela nasceu sem a mancha do pecado original) [1854], a ascensão de Maria, em corpo e alma, ao céu sem passar pela morte [1950]. e a doutrina da infabilidade papal (1870]. Ao longo do mesmo período, a Igreja de Roma fortaleceu grandemente e clarificou sua posição formal a respeito da doutrina relacionada com oração dirigida a Maria e aos santos, a posição de Maria como uma assim chamada Medianeira, os supostos poderes espirituais singulares de um sacerdote católico ordenado, a atribuição de autoriddade escriturística aos escritos dos "pais da igreja" e certos textos apócrifos, o papel central das obras e da observância dos sacramentos na obtenção da salvação e a doutrina que, como representante ungido de Cristo na Terra, somente o Papa determina como a Bíblia deve ser interprestada.

Por mais estranho que possa parecer para o católico mediano, todas essas ideias são pagãs e podem ser rastreadas até a "filosofia perene" endossada pelo Papa Alexandre VI em 18 de junho de 1493. Se existe uma data da qual se pode dizer que vive na infâmia, esta é ela.

Será mais fácil compreender isto se dermos uma olhada nas pinturas reais na Sala dei Santi. Elas servem como um tipo de guia pictórico para a verdadeira orientação filosófica ou cosmovisão desses eclesiásticos e teólogos em altos cargos.

Os Arcos e o Teto da Sala dei Santi

Iniciaremos nosso "passeio" com algumas fotografias dos aposentos para dar uma ideia de suas dimensões e configuração:

Veja também o diagrama do arco e dos tetos do lado norte e do lado sul da Sala dei Santi no Apêndice A.

A imagem que se repete mais frequentemente em todos os aposentos dos Bórgias, não apenas na Sala dei Santi, é a do touro. Em várias ocasições, como iremos mostrar, o touro é claramente Ápis, o grande deus no paganismo egípcio. Em seu excelente estudo da iconografia egípcia nos aposentos, Roger Gill (2015) diz com referência ao trabalho de outro erudito: "Os touros estão por toda a parte nos aposentos dos Bórgia: "duas ou três centenas é um número baixo" (Saxl); mas, mais particularmente prominente na Sala dei Santi".

O touro era o símbolo principal da linhagem sanguínea dos Bórgias, de modo que o aparecimento dele é compreensível. Entretanto, com sua entonação pagã bem-conhecida e sua associação direta com Ápis, um dos deuses principais do panteão egípcio, sua frequência intrusiva tinha claramente o objetivo de ser provocativa. Incluindo essa imagem, o Papa estava se identificando em um sentido dinástico com os deuses do antigo Egito. Isto o retratava como um mago em uma longa linhagem de magos, que se estendia até a aurora dos tempos.

Embora a Sala dei Santi contenha diversas pinturas relacionadas com o panteão grego, ficaremos confinados em nossa análise às pinturas que envolvem Ísis e Osíris.

O status conferido a Ísis e Osíris é o de legítimos representante da filosofia perene que alegadamente incluía Moisés, Cristo e Hermes Trismegisto. O casal é até retratado em uma série de cenas que reconhecem e honram o papel divinamente indicado deles. De acordo com a mitologia egípcia, Ísis e Osíris reinaram sobre a terra do Egito como governantes beneficentes, ensinando à humanidade os conhecimentos necessários para sua sobrevivência e prosperidade. As seguintes pinturas mostram Osíris ensinando a agricultura, viticultura e pomologia (o cultivo de árvores frutíferas), respectivamente:

O casamento de Osíris com sua irmã Ísis, o que tem um profundo significado ocultista, é retratado em um dos afrescos do teto (veja abaixo). O sucesso de Osíris como governante levou seu irmão maligno, Sete (também conhecido como Tífon) a um impulso assassino de inveja. Sete cortou o corpo de Osíris em 14 pedaços, que depois espalhou por toda a terra do Egito, e usurpou o trono. Chiorando seu marido/irmão, Ísis partiu para localizar todos os pedaços e ressuscitar o corpo dele. Ela não conseguiu localizar o pênis dele — o que é simbolizado pelo obelisco egípcio — mas com a assistência do poder mágico de cura de Tote (Hermes), ela conseguiu trazer Osíris de volta para a vida. Aparenntementem, o mesmo poder permitiu que ela copulasse com Osíris e concebesse um filho, Hórus. Essa criança tornou-s a reencarnação de seu pai, enquanto que o próprio Osíris afastou-se para reinar no mundo dos mortos. Quando Hórus atingiu a maturidade, ele matou Sete e reinou sobre o Egito dali para frente junto com sua mãe.

A cena seguinte na Sala dei Santi mostra Sete matando e desmembrando Osíris, seguido por uma cena em que Ísis, acompanhada por Tote, ajunta as partes decepadas e as leva até o local da ressurreição dele, uma estrutura piramidal sagrada:

Quando Osíris é ressuscitado, ele assume sua forma divina, o touro Ápis:

Plutarco diz que o touro Ápis tornou-se a imagem física da alma de Osíris. Agora que a ordem foi restaurada a partir do caos, o grande touro Ápis — o Osíris glorificado — é adorado em todo o Egito em uma nova religião de paz e harmonia.

Maçonaria

Muitos leitores verão imediatamente uma clara conexão entre a iconografia da Sala dei Santi e os mitos centrais e cosmovisão da Maçonaria. Embora a Maçonaria ainda não tivesse recebido uma forma institucional naquele tempo, o paganismo luciferiano que a fundamenta já estava sendo amplamente praticado pelas famílias governantes da Itália, a assim chamada Nobreza Negra, junto com muitas outras famílias"reais" em toda a Europa.

Alexandre VI presumivelmente seguindo as instruções de seus mestres ocultistas, estava efetivamente dando a Satanás uma sala no centro da Cristandade, um apartamento no Palácio do Vaticano, onde ele poderia colocar seua própria filosofia tenebrosa em exibição. Isto foi um descarado corolário da bula de 18 de junho de 1493, um ritual mágico baseado no princípio ocultista antigo, "Como em cima, assim também em baixo". O plano sobrenatural consagrado em um plano mais alto — por meio da bula — esta refletido na Terra na Sala dei Santi.

A Palavra de Deus nos diz que Satanás tentou uma invasão similar de um lugar sagrado quando o sumo sacerdote deu uma câmara nas dependências do tempolo para Tobias, um pagão impostor e ardiloso:

"E voltando a Jerusalém, compreendi o mal que Eliasibe fizera para Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara. E, ordenando-o eu, purificaram as câmaras; e tornei a trazer para ali os utensílios da casa de Deus, com as ofertas de alimentos e o incenso." [Neemias 13:7-9].

Aos olhos de nosso Pai Celestial, a Sala dei Santi, com sua iconografoa luciferiana e celebração desavergonhada do paganismo egípcio, não é menos odiosa, uma vil rejeição da soberania de Deus. Quando Neemias descobriu o que o sumo sacerdote tinha feito, ele disse: "O que muito me desagradou"!

Infelizmente, poucos católicos hoje têm qualquer compreensão do mal que ocorreu durante o pontificado de Alexandre VI , um mal que continuou a exercer uma mão de ferro sobre a Igreja Romana por mais de quatrocentos anos. Os católicos como um todo deveriam estar grandemente insatisfeitos, mas não suspeitam de nada! Além disso, a força demoníaca que empodera essa impiedade está decidida a continuar pressionando até a completa paganização da Igreja Católica ter sido conseguida. Quando isso acontecer, o mundo inteiro verá com seus próprios olhos "a grande prostituta" de Apocalipse 17.

Conclusão

Os católicos conservadores hoje, especialmente aqueles que podem ver que o Papa atual é um engandor marxista, lançam toda a culpa pela decadência do Papado e da hierarquia eclesiástica nas reformas modernizantes produzidas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Mas, eles estão somente parcialmente corretos, O Concílio Vaticano II foi iniciado pelas mesmas forças dentro da Igreja Romana que abriram uma porta para Satanás em 1493. Desde aquela data, nem um ocupante do trono papal desafiou a bula de 18 de junho de 1493, ou tomou medidas concretas para neutralizar o fluxo de sincretismo paganizador — a interpretação da verdade bíblica por meio das lentes d Neoplatonismo, Hermeticismo e Cabala — que Alexandre VI endossou formalmente.

Os católicos como um todo não compreendem, ou eles subestimam grandemente a ameaça representada pelo mundo demoníaco. Eles não conseguem ver que o prelado sorridente e de fala mansa possa ser um servo jurado de Satanás. Cem anos atrás era possível envolver muitos católicos comuns em um debate acalorado a respeito dessas questões — por que eles as compreendiam, mas hoje isso não é mais possível. A profundidade da ignorância espiritual entre aqueles que acreditam serem "bons" católicos é horrível.

Por bem mais de um século, os católicos estão rezando para Maria e para os santos, e hoje vemos o resultado — uma igreja que perdeu virtualmente toda a conexão com Deus. Esse tipo de reza é idolatria! Embora sem dúvida seja bem-intencionada, isso é uma clara violação do Primeiro Mandamento.

Por qualquer definição, a oração é uma comunicação pessoal com Deus. Não devemos orar para um ser criado, seja homem, ou anjo. Isto é impossível! Portanto, a oração que é dirigita a (a) outro deus ou (b) a um ser criado é uma oração falsificada e uma ofensa a Deus.

Assim, por que os católicos rezam para Maria? Por que eles foram sutilmente levados a acreditar que ela posui atributos divinos. Seguindo a paganização hermética do século 15, que exalta entidades sobrenaturais, como Ísis, as doutrinas da Igreja Romana ofuscaram deliberadamente a distinção entre o homem e Deus, entre a criatura e o Criador. Elas também ofuscaram a distinção entre o homem em seu estado caído e o homem recebido por Deus no céu. Os santos com Cristo são tratados como se tivessem um atributo de divindade e são capazes de observar e intervir nos eventos terreais, exatamente como os deuse do Egito.

Após a paganização hermética do século 15, o pecado não era mais pecado, mas era visto, ao revés, como uma ignorância da vontade divina. Se o homem compreendesse o a vontade divina por meio de um estudo cuidadoso do Corpus Hermeticum, ele não mais seria capaz de pecar e se tornaria, ao contrário, um deus em seu próprio direito.

O Catecismo da Igreja Católica (de 1993) incorpora essa ideia hermética que o homem pode se tornar deus quando diz (no Parágrafo 460):

460. O Verbo se fez carne para tornar-nos "participantes da natureza divina" (2Pd 1,4): "Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus".

(Parágrafos relacionados: 1265,1391)

"Pois o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus. "Unigenitus Dei Filius, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factus homo. O Filho Unigênito de Deus, querendo-nos participantes de sua divindade, assumiu nossa natureza para que aquele que se fez homem dos homens fizesse deuses." (Parágrafo relacionado: 1988)" [Fonte: https://diocesedemiracemato.org.br/upload/arquivos/214.pdf

Esta ideia é reforçada pela recorrência em outros lugares no Catecismo do termo "participantes da natureza divina", que já foi equiparado no Parágrafo 460 com "fazer do homem deus". Veja também os Parágrafos 1265, 1692 e 1721.

Não há nada similar ao sacrifício do Calvário na "filosofia perene". A Bíblia ensina que em sua condição caída o home não tem acesso a Deus. O próprio Deus, como a Segunda Pessoa da Santa Triunidade, precisa descer e colocá-lo em liberdade. Mas, isso é efetivamente o que Hermes Trimesgisto deveria ter feito . O que Cristo fez por meio da graça, Hermeticismo afirma alcançar por meio do conhecimento, ou gnose.

Isto é muitíssimo aparente no Catolicismo pós-século 15. A partir do status elevado dado aos místicos, notavelmente Santa Teresa D'Ávila e São João da Cruz, ambos os quais foram feitos Doutores da Igreja (João foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII (em 1926), enquanto que Teresa foi declarada Doutora pelo Papa Paulo VI em 1970). Pelo menos três outros Doutores foram quase certamente influenciados pelas ideias paganizadoras das filosofias do Neoplatonismo e do Hermeticismo: o teólogo redentorista Alphonsus Liguori e os jesuítas Robert Bellarmine e Peter Canisius. Não é acidente que a principal promotora da veneração mariana seja a Ordem dos Jesuítas.

Para encerrar, precisamos observar que a expressão pública de Hermes Trismegisto pela Igreja Romana iniciou-se antes mesmo de Alexandre VI entrar em cena. Foi durante o pontificado de seu predecessor, Inocêncio VIII, que uma grande imagem de Hermes Trismegisto foi instalada no mosaico no piso da Catedral de Siena — veja a página 3 acima. A mesma catedral incluía em sua iconografia uma a ilustração das dez sibilas, "profetizas" pagãs ou, no verdadeiro sentido, bruxas de alto nível. A Sibila Helespontina (veja acima) foi adicionada durante o mesmo período (1483-1488).

Precisamos orar DIRETAMENTE a Deus e SOMENTE a Deus, em nome de Jesus Cristo. O principal objetivo do paganismo é romper esse relacionamento e nos levar a colocar nossa atenção em outro lugar.


Apêndice A

Os Tetos do Lado Norte e do Lado Sul da Sala dei Santi, com afrescos de Pinturicchio

A. Susana e os anciãos K. Io-Ísis, Moisés, Hermes Trismegisto
B. A fuga de Santa Bárbara L. O casamento de Ísis e Osíris
C. A disputa de Santa Catarina M. Osíris ensina a agricultura
D. O encontro de Santo Antônio com São Paulo N. Osíris ensina a viticultura
E. A visitação O. Osíris ensina a fruticultura
F. O martírio de São Sebastião P. O assassinato de Osíris
G. Júpiter e Io Q. Ísis ajunta os pedaços de Osíris
H. Júpiter, Juno e Io R. O aparecimento de Ápis
I. Mercúrio e Argos S. Procissão de Ápis<
J. Mercúrio mata Argos T. Pintura redonda da Virgem e do menino

Layout dos afrescos na Sala dos Santos, aposentos dos Bórgias no Palácio do Vaticano, em Roma. Derivados por Roger Gill a partir de S. Poeschel, Alexander Maximus: das Bild programm des Appartament o Borgia im Vatikan, (Weimar, VDG,1999), fig. 72, pág. 347.

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Autor: Jeremy James, artigo 410 em http://www.zephaniah.eu
Data da publicação: 16/4/2025
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/Apocalipse/paganizacao.htm