A Marcha em Direção à Solidariedade Global

Autora: Berit Kjos, 22 de julho de 2006



"A nova geração... tem um senso mais profundo de solidariedade como povos do planeta de que qualquer geração antes dela... Nisso repousa nossa esperança para a nova vizinhança global." [1]. Relatório da Comissão da ONU Sobre Governança Global.

"O bem-estar social depende da solidariedade intelectual e moral da humanidade." [2]. Federico Mayor, então diretor-geral da UNESCO.


Recursos úteis para sua maior compreensão

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Título do Livro 2


Título do Livro 3

Durante a Conferência da ONU Sobre Assentamentos Humanos (Hábitat II) em 1996, participei de um "Diálogo" de um dia inteiro de duração sobre o significado de "solidariedade" no elegante Palácio Ciragan, em Istambul. Registrada como repórter, recebi a lista dos 21 membros do painel. Ali estavam o diretor-geral da UNESCO, Federico Mayor, o agora desacreditado líder da ONU Maurice Strong, o vice-presidente do Banco Mundial, Ismail Serageldin, e Millard Fuller, que fundou o Hábitat Para a Humanidade. Juntos com outros dignitários globalistas, eles iriam explorar o fator que esteve ausente na antiga versão soviética do materialismo dialético: uma base espiritual para uma ética global evolutiva. [3].

"Falar de solidariedade é falar das coisas do espírito", começou o secretário-geral da Hábitat, Wally N'Dow. "Pois estamos bem cientes que o futuro dos nossos assentamentos humanos... não é apenas uma questão de tijolos e argamassa, mas também uma questão de atitudes e determinação para trabalhar para o bem comum... A dimensão espiritual é o único ingrediente que pode fazer as sociedades se unirem." [4].

(O modelo do Hábitat II para os assentamentos humanos em todo o mundo. Observe a construção comunitária no centro da figura e o prédio de apartamentos no fundo.).

N'Dow tinha escolhido um moderador americano para acrescentar credibilidade à discussão: Robert McNeil (da McNeil-Lehrer), "um dos gurus, as luzes espirituais da indústria da mídia atual." [4]. Momentos mais tarde, McNeil apresentou o painel de dignatários prontos para moldar a nova visão de unicidade.

"O que é necessário é um centro interfé em toda cidade do globo", disse James Morton, ex-deão da Catedral Episcopal de São João Divino, de Nova York. "Os novos centros interfé honrarão os rituais de toda tradição de fé: islã, hinduísmo, jainismo, cristianismo... e fornecerão oportunidades para a expressão sacra necessária para vincular os povos do planeta em uma solidariedade viável, significativa e sustentável." [4].

A versão do deão Morton de "cristianismo" é na verdade uma distorção universalizada da verdade que se encaixa facilmente na nova união religiosa. Qualquer coisa menor seria rejeitada como extremismo fundamentalista.

Millard Fuller, presidente do Hábitat Para a Humanidade, encaixa-se bem nesse diálogo interfé. Como outros líderes emergentes no movimento neocristão, ele redefiniu as Escrituras para "provar" sua mensagem:

"Quando Jesus iniciou Seu ministério 2000 anos atrás, Ele disse que 'precisamos nos arrepender porque o reino dos céus está próximo.' Em português esse tipo de linguagem tem a conotação de arrependimento por algo realizado. Mas no texto original em grego, o que Ele realmente disse foi que devemos nos metamorfosear. A metamorfose é o que acontece com uma borboleta que se transforma a partir de uma lagarta peluda... Mude todo o seu modo de pensar, pois a nova ordem do espírito o está confrontando e desafiando... O único modo para alcançarmos a solidariedade humana é ter um modo completamente novo de pensar." [4].

Esse "novo modo de pensar" já permeou todo segmento da sociedade: educação, negócios, governo, e o movimento de crescimento de igrejas, incluindo as Igrejas com Propósitos. Promovendo a transformação em todos esses setores estão os programas de treinamento em liderança que buscam a visão dos gurus da administração, como Peter Drucker, Peter Senge e Ken Blanchard. O núcleo do ensino deles é a Teoria Geral dos Sistemas, ou "pensamento sistêmico". Em resumo, tudo está interconectado, portanto tudo é Um e todas as divisões e limites precisam ser eliminados de modo a estabelecer a "Vizinhança Global", isto é, a Nova Ordem Internacional. Os líderes da Igreja Emergente, como Brian McLaren, chamam isso de "O Reino de Deus". (Isso será abordado em maior profundidade na Parte 2: "Solidariedade Versus Cristianismo".).

Deus nos faz "um" em Cristo quando respondemos ao Seu evangelho com fé e genuíno arrependimento (reconhecendo nossos pecados e humildemente voltando para Deus). O "novo modo de pensar" de Millard aponta as pessoas para o sistema corrupto do mundo, não para Deus e para Seus caminhos.

Não nos esqueçamos que palavras familiares com novos significados estratégicos provavelmente enganarão as massas. Por exemplo, no Dicionário Webster de 1989, o significado familiar de solidariedade parece perfeitamente seguro: "interesse comum e lealdade ativa dentro de um grupo". Mas os agentes de mudança contemporâneos infundiram essa palavra com um significado muito mais revolucionário. Vejamos isso mais de perto.

O Novo Contrato Social

Durante um intervalo, pedi ao moderador Robert McNeil para definir a palavra solidariedade para mim. Em sua resposta, ele reconheceu que solidariedade é fortalecida por um inimigo comum e também um "bem comum":

"Significa pessoas com valores ou responsabilidades compartilhados cooperando ou trabalhando juntas. Em nossa cultura, isso provavelmente foi exemplificado com maior freqüência no movimento sindical. Os sindicatos industriais freqüentemente usaram a palavra solidariedade e a frase "solidariedade sempre". E no movimento socialista, é claro, solidariedade era uma palavra muito forte — a solidariedade dos trabalhadores contra os empregadores, seus opressores, os capitalistas... seja lá que fosse..." [4].

"Solidariedade é como um contrato social, com as pessoas concordando que esse é o modo como deveria ser. Independente se sou mais pobre ou mais rico do que você, de algum modo concordamos que a forma como isso está definido funciona melhor para todos nós."

E se não concordarmos? Então seremos vilificados como resistentes criadores de divisões — excluídos da solidariedade do "sentir-se bem". O pastor Brian McLaren, um reconhecido líder no movimento da Igreja Emergente, resumiu muito bem:

"... para ser verdadeiramente inclusivo, o reino terreal precisa excluir as pessoas exclusivas, para ser verdadeiramente reconciliador, o reino não pode reconciliar com aqueles que recusam a reconciliação." [5].

Os contratos sociais mantêm as pessoas responsáveis a prestar contas ao novo padrão. Ele empurra as pessoas em direção à planejada conformidade, independente se a sociedade é uma igreja, uma escola, ou a "vizinhança global". Assim, não foi surpresa para mim ouvir Federico Mayor, da UNESCO, apresentar o mesmo ponto: "A cidade do século 21 será uma cidade de solidariedade social. Temos de redefinir as palavras... e redigir um novo contrato social." [4].

Esse "contrato social" em evolução tem sido escrito em todo tratado e declaração da ONU. E a Ordem Executiva 1310, do ex-presidente Clinton, ajudou a transformar esse "contrato" da ONU em política do governo norte-americano. Ele está sendo implementado por meio das políticas governamentais bem como leis, independente se os tratados foram ou não ratificados pelo Congresso. [6].

Esse contrato social garante "liberdade das carências", do medo, da fome e da ofensa por aqueles que expressam valores contrários. Ele também promete "liberdade de pensamento e de expressão" — mas somente para aqueles que compartilham a visão da ONU. Lembre-se que o Artigo 29 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz "... estes direitos e liberdades não poderão de modo algum ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas." [6].

Refletindo a mesma restrição comunitária, Ismail Serageldin, então vice-presidente do Banco Mundial, disse:

"Devemos parar de lamentar por causa do crescimento das cidades. Ele vai acontecer e é uma coisa boa, pois as cidades são vetores da mudança e da transformação social. Vamos apenas garantir que a mudança e transformação social ocorram na direção certa... A mídia precisa atuar como parte do processo de educação que se contraponha ao individualismo." [4].

Modificação do Comportamento

Uma mídia cooperativa é essencial para a mudança planejada na consciência do público. Como nos regimes totalitários, a transformação social "voluntária" depende da propaganda eficiente. É por isso que Kit de Ação Comunitária, do Departamento da Educação, o Conselho para o Desenvolvimento Sustentável, da presidência, e a Agenda 21 Local, da ONU, todos propõem parcerias entre educadores e a mídia de notícias e de entretenimento em todas as cidades. O público precisa ser persuadido a dar seu consentimento, as pessoas precisam aprender a se sentir tão desconfortáveis com as dissensões que as vozes contrárias sejam silenciadas.

As massas nunca deverão observar que esse processo de manipulação está mudando suas mentes e suas ações. Como poucas pessoas realmente prestam atenção, a triunfante promessa do professor Raymond Houghton em uma publicação da NEA (Associação Nacional dos Educadores) de 1970 está se tornando uma alarmante realidade:

"... o controle absoluto do comportamento é iminente... O ponto crítico do controle do comportamento está na verdade ocorrendo de forma sorrateira na humanidade sem que esta se conscientize que uma crise está para ocorrer. Por si mesmo, o homem comum nunca saberá conscientemente que isso aconteceu." [7].

O plano para o "controle do comportamento" inclui três etapas essenciais: (1) Apoio de uma mídia de notícias e de entretenimento que esteja disposta a disseminar informações politicamente corretas e inspirar valores que façam corroer os antigos limites; (2) um sistema gerencial para medir e monitorar a transformação; (3) e a participação universal no processo dialético do consenso.

O último tornou-se a norma nas escolas, empresas, agências governamentais, e comunidades em todos os EUA. O processo dialético usado para controlar as massas na ex-União Soviética invadiu todos os quadrantes da sociedade norte-americana — até mesmo as igrejas. O objetivo é envolver todos os recursos humanos (capital humano) no programa da UNESCO de aprendizado permanente (durante toda a vida) — um processo contínuo de treinamento e de imersão no novo modo de pensar e de se relacionar com os outros.

Para ser bem sucedido, todo nível desse sistema hierárquico de gestão (vendido como "controle local") precisa continuamente avaliar a transformação, monitorar a adesão e obediência e corrigir a desobediência. [8] (Leia os artigos "Brainwashing in America" e "Molding Human Resources for the Global Workforce").

Não devemos nos surpreender. Deus nos advertiu muito tempo atrás que os caminhos do mundo levariam à corrupção e à tirania, não à paz e ao amor. Sua paz permanente é reservada para aqueles que enfrentam a crescente hostilidade com fé e amor:

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te... Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou; e também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados." [2 Timóteo 3:1-5, 10-13].

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." [João 16:33].

Notas Finais

1. Our Global Neighborhood, "UN Report of The Commission on Global Governance" (New York: Oxford University Press, 1995); pág. 357.

2. Habitat Press Release, http://www.un.org/Conferences/habitat/unchs/press/humanize.htm

3. http://www.crossroad.to/text/articles/hab2.html. Maurice Strong não compareceu ao Diálogo, como estava agendado.

4. Gravei e transcrevi esta parte do "Diálogo" na Conferência da ONU Sobre Assentamentos Humanos, em Istambul, em 1996.

5. Brian McLaren, The Secret Message of Jesus: Uncovering the Truth that could change everything (Nashville: Thomas Nelson's W Publishing Group), págs. 169-170.

6. "Trading U.S. Rights for UN Rule", artigo em http://www.crossroad.to/text/articles/turfur12-98.html.

7. Raymond Houghton, To Nurture Humaneness: Commitment for the '70's (The Association for Supervision and Curriculum Development of the NEA, 1970).

8. "Brainwashing in America", artigo em http://www.crossroad.to/articles2/brainwashing.html e "Molding Human Resources for the Global Workforce" em http://www.crossroad.to/text/articles/HumanResources.html.



Autora: Berit Kjos (Kjos Ministries, em http://www.crossroad.to)
Data da publicação: 31/7/2006
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/db073.asp