Sonhos Utópicos Sanguinários: A Nova Era, o Comunismo e o Nazismo

Autor: Carl Teichrib

Forcing Change, Volume 4, Edição 4.

"As ideias surgem com a história; elas também moldam a história." – Stuart R. Schram, The Political Thought of Mao Tse-Tung. [1].

"O poder mata; o poder absoluto mata absolutamente." — R. J. Rummel, Death By Government. [2]

Introdução

Alguns anos atrás, escrevi uma série em três partes intitulada "Sonhos Utópicos Sanguinários". Ela tratava a visão da Nova Era a respeito do comunismo e das ditaduras, conforme era ensinada por alguns de seus líderes, bem como as raízes de Nova Era do nazismo e o aspecto espiritual do controle populacional. O artigo apresentado aqui é uma nova versão daquela importante série, com o aspecto da população excluído para uma data futura.

A pergunta que alguém poderia fazer é: por que tratar este assunto? Por que se incomodar com este tópico?

Por uma questão simples, porém importante: a cultura ocidental atual está enamorada com os temas do ocultismo. Nossa sociedade está sendo bombardeada pelos conceitos de Nova Era — e isto não está escondido atrás das cortinas culturais, como o mundo do faz de conta da indústria do cinema. Ao contrário, esses temas agora moldam a ética e a moral da sociedade.

Sendo este o caso, então precisamos compreender como a Nova Era vê as culturas políticas danosas. Também precisamos explorar como uma cultura política, o Nacional Socialismo Alemão, teve suas raízes nesses ensinos. É bastante revelador ver como a Nova Era se conecta com o nazismo e que resposta dá ao comunismo. Assim, compreendendo melhor este assunto, podemos começar a ver para onde a ética atual está fazendo sua transição.

À medida que nossa sociedade se move para longe do cristianismo bíblico e abraça uma estrutura neopagã, é imperativo que investiguemos como isto aconteceu no passado. Assim, estaremos melhor equipados para reconhecer onde essa cosmovisão está fazendo avanços hoje. Isto não é por uma questão de medo, mas de conhecimento; e o conhecimento corretamente aplicado demonstra sabedoria.

"No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos." [Efésios 6:10-18].

A Foice e o Martelo — Uma Perspectiva da Nova Era

Desde que a humanidade foi colocada para fora do Jardim do Éden por causa de uma rebelião contra Deus (Gênesis 3), ela tem constantemente esquematizado e trabalhado pela unificação do homem com algum sistema de Paraíso. Desde as doutrinas místicas das religiões de mistérios do Antigo Egito até a foice e o martelo da União Soviética, desde a República de Platão e o conselho dos "homens sábios" até os sonhos e aspirações de uma Organização das Nações Unida expandida — a humanidade tem procurado criar a sociedade "utópica perfeita", moldada segundo a imagem do homem.

O Movimento de Nova Era se encaixa perfeitamente com esse conceito, visualizando uma humanidade espiritualmente evoluída acoplada com um sistema social, político e econômico completo. [3]. É um mundo em que a harmonia e a sintonia cósmicas motivam e permeiam cada grupo e cada indivíduo, e em que cada nação e cada cultura podem se reunir em solidariedade e equidade. Se você acha que tudo isto soa como uma mistura do comunismo de Karl Marx com o misticismo teosófico de H. P. Blavatsky, não está muito longe da realidade.

A Espiritualidade Endossando a Grande Experiência Ateísta

Marx, o fundador do comunismo, postulou um modelo para o Estado controlar toda a produção econômica. [4]. Suas ideias, interpretadas e executadas por V. I. Lenin, Josef Stalin e Mao Tsé-Tung, foram uma tentativa de alcançar o ideal utópico de um regime político e econômico ateísta. Os resultados dessa experiência de construir um paraíso foram os seguintes: mais de 100 milhões de mortos, milhões de presos, vastas regiões despovoadas e sofrimento como o mundo nunca viu antes. (Para uma análise estatística do assassinato em massa promovido pelo governo, veja R. J. Rummel, Death By Government, Lethal Politics: Soviet Genocide and Mass Murder Since 1917, e China’s Bloody Century: Genocide and Mass Murder Since 1900.)

Mas, a despeito de uma cordilheira inteira de cadáveres, o Movimento de Nova Era e seus mestres espirituais de algum modo conseguiram transcender o maior banho de sangue na história.

Considere as seguintes citações do espírito-mestre da Nova Era chamado de Maitréia, o Cristo, conforme canalizadas por Benjamim Creme. Tenha em mente que essas palavras foram transmitidas durante o auge da Guerra Fria:

"O homem é Um. Isto, essencialmente, é o que Marx está dizendo. O homem é Um. A humanidade é Uma. Eventualmente, todos os sistemas sociais tenderão para um sistema que encoraje essa irmandade, ou Unidade do homem, que Marx sentiu, como um ser espiritual." [5]. (Nota do autor: Maitréia então diz a Creme que a falha na teoria estava na forma como ela foi imposta!)

"No futuro, no futuro não tão distante, veremos que todos os sistemas políticos são expressões divinas. Há mais em comum entre a verdadeira democracia e o verdadeiro comunismo do que parece existir hoje. O que é chamado de comunismo hoje, como ele existe na Rússia, na China e o mundo comunista, não é de forma alguma o verdadeiro comunismo, mas é uma estrutura em evolução, movendo-se em direção a uma expressão mais perfeita da forma de pensamento como ela existe na Mente Divina; o mesmo acontece com a democracia." [6].

Em outra série de mensagens de Nova Era canalizadas durante a Guerra Fria, o ser espiritual que chama a si mesmo de "EU SOU" transmitiu um plano extenso para um paraíso comunista mundial para os trabalhadores:

"O velho mundo chegou ao seu fim. Você sabe que o fim acontece somente uma vez. Isto foi profetizado durante toda a história e o fim das fantasias agora chegou. Todos esperavam pelo fim. Até os comunistas que diziam que eram comunistas esperavam pelo fim. Eles ensinaram que o capitalismo e o socialismo poderiam coexistir juntos. Sim, eles podem coexistir juntos até o fim; mas o comunismo precisa iniciar agora. Na verdade, todos querem o comunismo universal, que é o mesmo que o verdadeiro comunismo."

"Todas as coisas que canalizei por meio de Karl Marx seguem a mesma ciência social e econômica que ensinei na Bíblia e que estou ensinando aqui... As grandes religiões estão encarando o socialismo como uma força com a qual podem construir meu Reino, e tomarão a iniciativa e introduzirão o comunismo nela. Nenhum sermão pregado em qualquer religião mundial que deixa de fora o marxismo-leninismo pode enfrentar a realidade imediata." [7].

Este é somente um pequeno excerto da mensagem de "EU SOU". Na verdade, todo o texto, intitulado Deus — A Mente Ilimitada Maior — Fala, tem mais de 450 páginas de extensão e, como tema central, discute o estabelecimento literal de um Novo Governo Mundial por meio de uma forma planetária do "verdadeiro" comunismo.

Um determinado Mestre Ascensionado, o mestre tibetano Djwhal Khul (na Nova Era, um Mestre Ascensionado é uma entidade espiritual altamente evoluída), canalizou as razões para a existência dos déspotas e tiranos nos últimos duzentos anos, atribuindo-lhes um papel elevado e benéfico no desenvolvimento da iluminação espiritual humana. Alice Bailey, uma das líderes mais proeminentes do Movimento Teosófico (a teosofia foi um fator-chave na criação do moderno Movimento de Nova Era), registrou as palavras do mestre tibetano em seu livro The Externalisation of the Hierarchy (A Exteriorização da Hierarquia):

"Essas nações [França, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal] reagiram a essa força [a Força de Shambala] por meio de certas grandes e extraordinárias personalidades que foram peculiarmente sensíveis ao poder da vontade e à vontade de mudar e que... alteraram o caráter de suas vidas nacionais e enfatizaram cada vez mais os valores humanos mais amplos. Os homens que inspiraram a Revolução Francesa, o conquistador Napoleão, Bismarck, o criador de um país, Mussolini, o regenerador de seu povo, Hitler, que ergueu os ombros caídos de um povo aflito, Lenin, o idealista, Stalin e Franco, são todos expressões da força de Shambala e de certas energias pouco compreendidas. Esses homens produziram mudanças significativas em seu tempo e em suas gerações..."

"Chamamos essas pessoas de ditadores, demagogos, líderes inspirados, ou homens justos e sábios, de acordo com nossa ideologia, tradição, atitudes em relação aos nossos semelhantes e nossa formação política, econômica e religiosa específica. Mas, todos esses líderes são... na análise final, personalidades altamente desenvolvidas. Eles estão sendo usados para produzir grandes e necessárias transformações para alterarem a face da civilização..."

"Não acuse as personalidades envolvidas ou os homens que produzem esses eventos diante dos quais estamos hoje pasmados e chocados. Eles são somente o produto do passado e vítimas do presente. Ao mesmo tempo, são os agentes do destino, os criadores da nova ordem e os iniciadores da nova civilização; são os destruidores daquilo que precisa ser destruído para que a humanidade possa prosseguir no Caminho Iluminado." [8].

"Eles são os destruidores daquilo que precisa ser destruído..." Pense nisto! Esta seção de "A Exteriorização da Hierarquia" foi escrita em 1939, o ano em que a Segunda Guerra Mundial teve início. As atrocidades de Hitler contra seu próprio povo — particularmente os decrépitos e os doentes incuráveis — eram conhecidas por volta de 1939, como também o tratamento dado aos judeus alemães. [9]. As táticas de Mussolini também eram conhecidas, como também as execuções perpetradas pelos nacionalistas de Franco, na Espanha. [10]. Os massacres de Lenin e Stalin contra seu próprio povo, encharcando o solo russo com o sangue dos seus cidadãos, também eram conhecidos. [11]. E a Revolução Francesa, com suas incontáveis guilhotinas, tinha dado início às ideologias revolucionárias que fizeram a Europa e outras partes do mundo sangrarem repetidamente. [12].

Mas, lembre-se do seguinte: foi o mestre Djwhal Khul, uma entidade espiritual que pode supostamente transcender no tempo e espaço, quem basicamente proclamou que todas essas mortes e destruições foram boas e necessárias. Por quê? Para que a "humanidade possa avançar no Caminho Iluminado."

Seja Bem-Vindo à Verdadeira Nova Era

Compreenda que nem todo líder, autor ou médium de Nova Era fala de forma tão elogiosa do comunismo ou do despotismo. Na maioria das vezes, a palavra "comunismo", ou os nomes de Marx e Lenin, nunca aparecem no léxico popular da Nova Era. Todavia, existe uma visão admiravelmente similar entre a "sociedade global" da Nova Era — o ideal de um sistema centralizado com uma humanidade completamente transformada — e as visões utópicas e centralistas dos tiranos políticos, completa com seus vários conceitos de transformação social humana.

Como assim? O Movimento de Nova Era, como os utopistas políticos do século 20, busca um "mundo perfeito", equilibrado pela unidade e pela harmonia econômica, política e espiritual. Este é o Estado Mundial, em que a cidadania global e a espiritualidade planetária se fundem no sistema "perfeito e centralizado".

Nesse paraíso místico, a natureza, o homem e Deus estão colocados no mesmo plano. A humanidade, uma vez espiritualmente evoluída e reconhecendo sua consciência coletiva, é Deus. Da mesma forma, os governantes déspotas do nosso passado imediato exibiram esse mesmo ego-teísmo: o Estado ateísta, um produto do homem evoluído, foi anunciado como Deus — e o Partido e seus líderes eram a voz dessa deidade Estado-despótico.

Ambas as ideologias, em suas várias formas e concepções, querem recriar o Jardim do Éden. Entretanto, esse Jardim, seja ele construído pelo leninismo ou construído pelos homens e mulheres que seguem os ensinos das vozes do outro mundo, não pode escapar dos fatos da natureza humana — a ganância, a arrogância e um foco infindável em si mesmo. Além disso, os "mestres espirituais" que promovem essa sociedade centralizada de Nova Era exibem qualidades que estão em paralelo com as falácias humanas. O que essas entidades canalizadas querem ver destruídas para que a "humanidade possa seguir o Caminho Iluminado"?

Uma comunidade planetária e utópica de Nova Era, em que a tolerância é imposta em nome da diversidade e em que a humanidade é dirigida no caminho da transformação social e espiritual não soa muito diferente do sistema comunista — em que o martelo esmagava indiscriminadamente e a foice ceifava onde não havia semeado, tudo sob o estandarte da "paz" e da harmonia.

O Enigma do Terceiro Reich

"Precisamos considerar os nazistas com seriedade; afinal, eles foram os autores de um regime que matou cerca de 40 milhões de pessoas e que produziu a destruição na maior parte da Europa... Portanto, como eles encaravam o ocultismo seriamente, assim devemos também fazer." — David Morris, The Masks of Lucifer. [13].

"Os partidos políticos estão inclinados a contemporizar; os filósofos, nunca." — Adolf Hitler, Mein Kampf (Minha Luta). [14].

O Movimento de Nova Era imagina um mundo em que "as antigas normas" estão derribadas e a novidade é adotada; todavia, nessa recriação da sociedade, os poderes, símbolos e mitologias antigas são grandemente utilizados.

As seguintes palavras, escritas por Adolf Hitler, o líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, demonstra o ponto essencial do nazismo: uma nova e fundamental filosofia:

"Era auto-evidente que o novo movimento poderia esperar alcançar a importância necessária e a força requerida para essa luta titânica somente se conseguisse, desde o primeiro dia, colocar nos corações de seus apoiadores a santa convicção que com ele a vida política seria dada, não para um novo slogan de eleição, mas para uma nova filosofia de fundamental significado." [15].

Como expressão mística e política dessa "santa convicção", a nova filosofia do Partido Nazista se centrava nos ideais entrelaçados de sangue e terra, raça e natureza. No fundo, eles acreditavam que a evolução cultural e espiritual da humanidade dependia da força do ideal ariano germanizado. E então a Europa pegou fogo.

Está nas Raízes

Muitos livros já foram publicados para tentar explicar as ações militares da Alemanha, as estruturas políticas e o impacto histórico geral. O ambiente social e cultural da Alemanha também já foi discutido por muitos autores. Mas, uma área que não viu tanta literatura é o aspecto dos interesses esotéricos alemães. Existem alguns itens publicados sobre o assunto, porém é difícil encontrar relatos que não sejam sensacionalistas. Entretanto, podemos coletar alguns materiais importantes que apontam para as raízes filosóficas — a "santa convicção" — da ideologia Nacional Socialista Alemã.

As raízes teológicas da Alemanha são profundas; o ataque de Martinho Lutero ao catolicismo romano entrincheirado e muito do movimento da Reforma e dos anabatistas que se seguiram, são historicamente significativos para a Alemanha. Essa nação em particular foi vista durante séculos como um bastião do pensamento e da ação teológicos. Entretanto, a história espiritual da Alemanha engloba mais do que apenas a Reforma. Ordens rosa-cruzes [16] e outras escolas esotéricas de pensamento emergiram nas terras alemãs. Entretanto, não foi um alemão quem deu ímpeto à filosofia nazista; foi uma mulher russa chamada Helena Petrovna Blavatsky — a fundadora da Sociedade Teosófica.

Blavatsky, em sua obra seminal A Doutrina Secreta, delineia as atividades de "Deus" por meio de diversos ciclos evolucionários. Cada ciclo, ela explicou, testemunhou a ascensão e queda de "raças-raízes", e o pináculo da humanidade neste estágio histórico do ciclo foi representado pela raça ariana. Além disso, as ideias filosóficas de Blavatsky também incorporavam a reencarnação, o carma, e outras crenças hindus. O gnosticismo, as filosofias herméticas, o cabalismo, as religiões orientais, as lendas e mitologias ocultistas: todas essas correntes de espiritualidade entraram por um funil nos escritos de Blavatsky. Além disso, essa mistura de conceitos místicos, sua ênfase no desenvolvimento racial e na hierarquia evolucionária tocou no coração de certos segmentos da alta sociedade americana, indiana, inglesa e alemã. Foi também durante esse período, no fim dos anos 1800s, que o Darwinismo Social estava sendo culturalmente aceito, dando uma justificativa científica para a ideia do início do século 20 da "higiene racial".

Em 1884, a primeira Sociedade Teosófica Alemã foi fundada. Contudo, devido a tensões internas e acusações externas contra Blavatsky, essa organização se desfez. Todavia, o interesse pela teosofia continuou e, por volta de 1896, um ramo alemão da Fraternidade Teosófica Internacional foi fundado. [17].

Nota: A maior parte das informações seguintes foi extraída do livro The Occult Roots of Nazism, de Nicholas Goodrick-Clarke (New York University Press, 1985/1992). O autor é professor de Esoterismo Ocidental e diretor do Centro de Estudos do Esoterismo, na Universidade de Exeter, na Inglaterra. [NT: Existe uma tradução desse livro: Raízes Ocultistas do Nazismo, Editora Terramar, Portugal, 312 páginas].

A partir desse interesse maior na teosofia — e, em particular, da reorganizada Sociedade Teosófica Alemã — diversos grupos derivados e organizações esotéricas alternativas nasceram, tanto na Alemanha como na Áustria. Ao tempo em que a Primeira Guerra Mundial teve início, em 1914, o ocultismo e o misticismo alemães tinham assumido diversas formas: desde o misticismo popularesco de Guido von List à Sociedade Antroposófica, de Rudolf Steiner, das lojas maçônicas e rosa-cruzes "irregulares" à teozoologia e à Ordem dos Novos Templários. Pode-se dizer que a Alemanha e a Europa central estavam experimentando um renascimento ocultista naquela época, e cada um desses movimentos (e outros não listados aqui) contribuiu para criar uma tendência ao aventureirismo espiritual germânico. Além disso, muitos desses grupos esotéricos viam os judeus como uma contaminação na linha evolucionária ariana — um pensamento que mais tarde se enraizou no nacional-socialismo.

Com a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, um vácuo cultural e social precipitou um interesse ainda maior pelo misticismo germânico, pelas histórias pagãs alternativas e pelo ocultismo. Na crista dessa onda, Rudolf J. Gorsleben deu partida a um movimento radical ariano que se centrava nas runas e nas lendas alemãs, criando "uma religião de mistérios racista original que iluminava a preciosa herança mágica dos arianos e justificava sua supremacia espiritual e política mundial". [18].

As ideias de Karl Maria Wiligut também se enraizaram durante este tempo. Wiligut, um proclamado sábio alemão com alegados poderes clarividentes, aderia a uma mistura de "ário-cristianismo" e paganismo teutônico. Mudando mais tarde seu nome para Karl Maria Weisthor, a contribuição de Wiligut ao Terceiro Reich foi seu envolvimento no projeto Wawelsburg – a total remodelagem de um castelo perto de Paderborn em um colégio de oficiais da Ordem SS e centro espiritual pangermânico da SS, completo com cerimônias e rituais pagãos.

Finalmente, durante os anos entre as duas grandes guerras mundiais, um aristocrata chamado Ru­dolf von Sebottendorff organizou a Sociedade de Thule. Baseando-se em primitivas mitologias germânicas e em grupos esotéricos, como a Germanenorden – "um grupo antissemita organizado quase que como uma loja maçônica secreta" [19] — A Sociedade de Thule se tornou um paraíso para as inclinações nacionalistas, devido à derrota da Alemanha na Grande Guerra.

Alguns interessantes futuros nazistas passaram pelas portas das lojas da Sociedade de Thule: Alfred Rosenberg — que mais tarde se tornou ministro para os Territórios Orientais Ocupados, Dietrich Eckart — um membro-chave no início do Partido Nazista e editor do Völkischer Beobachter (o jornal oficial do Partido Nazista), Rudolf Hess – o eventual representante do Füehrer, [20] e Ernst Rohm – que mais tarde se tornou comandante da SA. [21].

O símbolo da Sociedade de Thule era uma suástica circular sobre um punhal de dois fios.

O Terceiro Reich

Adolf Hitler tinha entrado em contato com algumas dessas doutrinas e ensinos arcanos e, sem dúvida, foi influenciado em certa extensão, particularmente pelos interesses de Thule e pelas inclinações místicas de Guido von List — uma figura proeminente nas ideologias esotéricas alemãs e arianas de sangue e de raça. [22].

Minha Luta, o principal livro de Hitler, indiretamente vinculava o significado da suástica com as mitologias raciais arianas de List: "Como nacional socialistas, vemos nosso programa na nossa bandeira. Em vermelho, vemos o ideal social do movimento, em branco a ideia nacionalista, na suástica a missão de luta pela vitória do homem ariano e, da mesma forma, a vitória da ideia do trabalho criativo, que como tal, sempre foi e sempre será antissemita." [23].

Entretanto, de todos os principais líderes do Partido Nazista, Heinrich Himmler, o comandante da SS, era o mais inclinado para as interpretações místicas. A SS, um acrônimo de Schutzstaffel, foi originalmente a guarda pretoriana para os líderes nazistas, porém à medida que o regime se desenvolveu, a SS assumiu múltiplas outras funções. [24]. O historiador Marc Rikmenspoel explica que:

"A doutrina religiosa oficial do Partido Nazista e da SS era um tipo de deísmo, uma crença indefinida em Deus, separada de qualquer religião organizada. A SS, em particular, incentivava a crença no paganismo nórdico e exortava seus membros a abandonarem qualquer denominação religiosa cristã." [25].

Outra historiadora, Heather Pringle, autora de The Master Plan: Himmler’s Scholars and the Holocaust, dá uma explicação adicional:

"... O nazismo precisava de um religião estatal. E também precisava de um deus, ou talvez, de vários deuses, bem como de rituais adequados para tomarem o lugar da missa e de outros serviços religiosos cristãos. Himmler estava fortemente inclinado a tomar emprestado esses rituais e não via melhor lugar para procurá-los que na história dos ancestrais da Alemanha — as tribos germânicas e seus antepassados arianos. Ele acreditava que os antigos deuses pagãos seriam capazes de afastar os homens da SS da fé cristã. De fato, como mais tarde confidenciou ao seu médico particular, ele pretendia fazer com que todo homem da SS se desligasse de sua afiliação tradicional às igrejas cristãs. 'Depois do fim da guerra', ele explicou, 'os antigos deuses germânicos serão restaurados'." [26].

Certamente, uma grande parte dessa orientação mística derivava da associação de Himmler com Karl Wiligut. O historiador Nicholas Goodrick-Clarke explica:

"Devido à sua [Wiligut] alegada posse de memória ancestral e uma inspirada representação das tradições germânicas arcaicas, ele se tornou o mentor favorito do Reichsführer-SS Heinrich Himmler em assuntos mitológicos e recebeu uma incumbência oficial para a pesquisa pré-histórica na SS entre 1933 e 1939." [27].

O autor Goodrick-Clarke também acrescenta o seguinte:

"Entre os principais líderes do Terceiro Reich, Himmler parece ser a personalidade mais ambígua, motivado simultaneamente por uma capacidade para o planejamento racional e por fantasias irreais. Seu zelo pela ordem, pontualidade e detalhes administrativos, e a pedante impressão de um 'inteligente professor de escola primária', aparentemente contradiziam seu entusiasmo pelo utópico, pelo romântico e até pelo oculto. Foi a imaginação idealista de Himmler que levou ao conceito visionário da SS e de seu futuro papel: suas tropas de uniforme preto forneceriam o puro sangue da futura raça-mestre ariana e a elite ideológica de um Grande Reich Germânico em constante expansão." [28].

Tenha em mente que Himmler foi o organizador do sistema dos campos de concentração e unidades específicas da SS foram incumbidas de perpetrar a "Solução Final" contra os judeus da Europa.

Da utilização das runas até a celebração do símbolo solar da suástica, das filosofias místicas e com motivação racial de uma linhagem ariana até aos ensinos esotéricos de uma pré-histórica alemã e pagã, a "santa convicção" do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães — uma mistura de ocultismo e racismo — culminou em uma das piores atrocidades na história humana.

Entretanto, há um fato que deixa muitos perplexos. Sabendo que a ideologia dos nazistas estava fixada em crenças arcanas, a perseguição à Maçonaria alemã, às diversas Ordens Rosa-cruzes, e até às associações místicas pangermânicas precisa ser explicada. Compreenda o seguinte: Hitler e seu regime perseguiram esses grupos e tentaram destruí-los; até mesmo as organizações esotéricas com vínculos históricos e que tinham ajudado a estabelecer os ideais filosóficos do Reich foram visadas. Dado o fato que o Partido Nazista era a expressão política de várias doutrinas arcanas, alguns críticos sugerem que esse expurgo lança dúvidas sobre a base esotérica do nazismo. Nada disto.

Imediatamente antes da Segunda Guerra Mundial, Hermann Rauschning, um ex-assessor de Hitler e presidente do Senado de Danzing, tentou advertir o mundo do objetivo final do nazismo publicando um livro, The Revolution of Nihilism: Warning to the West (A Revolução do Niilismo: Uma Advertência ao Ocidente). Comentando sobre a Maçonaria e outras sociedades sigilosas na Alemanha, e o relacionamento delas com o nacional socialismo, Rauschning escreveu:

"Se tentarmos compreender o que leva Hitler a repetidamente a se preocupar com a Maçonaria, com a Sociedade dos Jesuítas, ou com a Ordem Teutônica, chegamos perto do segredo essencial da elite nacional socialista, o 'mistério', como a Ordem Teutônica o chamava, a doutrina esotérica confinada aos irmãos que eram chamados para a iniciação. Era o caráter gradativo da iniciação deles em objetivos secretos, os objetivos e métodos de uma classe governante, em estágios de disciplina, iluminação, liberação, que fez o nacional socialismo olhar com inveja e rivalidade organizações como a Maçonaria." [29].

Basicamente, todas as rivalidades precisavam ser removidas — independente de quão íntimas as associações históricas pudessem ser, como foi o caso com a teosofia. Essas rivalidades sentidas não estavam baseadas em pontos de vistas opostos, mas na noção que elas competiam pelas exigências de lealdade do nazismo.

Portanto, por que é importante compreender toda essa complexa e obscura história esotérica nazista?

Primeiro, o simples fato que, como um movimento, o nazismo recriou toda a estrutura da Europa e continua a ter repercussões sociais duradouras (política e culturalmente, a União Europeia atual foi concebida a partir das cinzas da Segunda Guerra Mundial e do impacto dos nazistas sobre a vida europeia). Esse fato somente exige que examinemos as raízes mais profundas do nazismo.

Segundo, e de imensa importância, é o fato que as filosofias históricas do nazismo estavam enraizadas nas mesmas ideologias que formam hoje o Movimento de Nova Era. Você se lembra da teosofia de Blavatsky e do papel inicial que teve no desenvolvimento do misticismo alemão? A teosofia é a raiz do atual Movimento de Nova Era.

Considere a seguinte afirmação de Cherry Gilchrist, autora de Theosophy: The Wisdom of the Ages: (Teosofia: A Sabedoria das Épocas):

"Embora suas origens estejam no século 19, a perspectiva teosófica tem muito em comum com a da Nova Era e, pode-se corretamente dizer, foi o ímpeto da teosofia que permitiu que todo o Movimento de Nova Era viesse a existir." [30].

A influência de Blavatsky sobre a cultura germânica-pagã foi substancial. Ela abriu a porta para o aspecto esotérico do Terceiro Reich. Hoje, o Ocidente está rapidamente se tornando pós-cristão e o Movimento de Nova Era abriu a porta para uma cosmovisão neopagã que está sendo aceita pela nossa cultura. As palavras de Hitler podem ser repetidas aqui: "Os partidos políticos estão inclinados a contemporizar; as filosofias, nunca."

Conclusão

A religião de mais rápido crescimento percentual no Canadá é o paganismo (crescimento de 280% registrado entre os censos de 1991 e 2001). Nos Estados Unidos, não importa para qual parte do país você vá, essas mesmas influências pagãs e de Nova Era podem ser encontradas: basta entrar em qualquer livraria e ver a quantidade de títulos com temas de Nova Era que estão expostos. Além disso, a indústria do cinema em Hollywood produz muitos filmes baseados em temas do ocultismo. Na verdade, parece que os temas mais predominantes na indústria do entretenimento hoje são espirituais em sua natureza.

Sabendo como certos elementos na Nova Era veem os governos despóticos e como a teosofia induziu esse tipo de sistema na Alemanha, cabe a nós encarar com seriedade a luta espiritual que está agora ocorrendo no mundo ocidental. As ideias têm consequências e as culturas são moldadas pelas filosofias e pelos conceitos religiosos.

Para os cristãos, é tempo de permanecer firmados na verdade e estar preparados para "responder com mansidão e temor a qualquer um que pedir a razão da esperança que existe em nós".

Notas Finais

1. Stuart R. Schram, The Political Thought of Mao Tse-Tung, (Praeger Publishing, 1963/67), pág. 15.

2. R. J. Rummel, Death By Government (Transaction Publishers, 1994), pág. 1.

3. Para alguns exemplos desse tipo de pensamento, veja o livro de Marilyn Ferguson, The Aquarian Conspiracy: Personal and Social Transformation in the 1980s (A Conspiração Aquariana), Desmond E. Berghofer, The Visioneers (Creative Learning International Press,1992), Robert Muller, New Genesis: Shaping a Global Spirituality (World Happiness and Cooperation, 1982/1993), Alice Bailey, The Rays and the Initiation (Lucis Publishing Company, 1960), Lucile W. Green, Journey to a Governed World: Thru 50 Years in the Peace Movement (The Uniquest Foundation, 1991), John Randolph Price, The Super Beings (The Quartus Foundation, 1981), Pierre Teilhard de Chardin, The Future of Man (Harper & Row, 1959/1969), Peter Russell, The Global Brain: Speculations on the Evolutionary Leap to Planetary Consciousness (J. P. Tarcher, 1983), William D. Hitt, The Global Citizen (Battelle Press, 1998), e as obras de Barbara Marx Hubbard.

4. Veja os livros e tratados de Karl Marx, particularmente O Capital, O Manifesto Comunista (em coautoria com Friedrich Engles), e Wage-Labour and Capital.

5. Benjamin Creme, The Reappearance of the Christ and the Masters of Wisdom (Londres, Inglaterra, The Tara Press, 1980), pág. 181.

6. Ibidem, pág.176.

7. Canalizado e escrito por Allen Michael, God — Ultimate Unlimited Mind — Speaks (Stockton, CA: Starmast Publications, 1982), págs. 245-246.

8. Alice Bailey, The Externalisation of the Hierarchy (Nova York, NY: Lucis Trust, 1957), pág. 133-135.

9. Este texto demonstra que Khul é uma entidade de crueldade e frieza e não se preocupa com o sofrimento da humanidade. Além disso, essa entidade espiritual sabia que a "limpeza" estava ocorrendo. Logicamente, Khul não era o único a saber da limpeza racial de Hitler. Certamente, alguns segmentos do mundo ocidental conheciam o programa de eugenia e pureza racial do Partido Nazista, como também muitos cidadãos alemães (muitos alemães lutaram contra essa ideologia, como o pastor e teólogo Dietrich Bonhoeffer). Para maiores informações sobre o tópico da limpeza racial e a ideologia nazista, veja o livro Minha Luta, de Adolf Hitler, publicado anos antes de Hitler assumir o poder. Veja também de Hermann Rauschning, The Revolution of Nihilism: Warning to the West (Alliance Book Corporation, 1939) e de Dietrich Bonhoeffer, A Testament to Freedom: The Essential Writings of Dietrich Bonhoeffer (Harper­Collins, 1990/1995). Outros livros de interesse: Yisrael Gutman e Livia Rothkirchen (editores), The Catastrophe of European Jewry (Yad Vashem, 1976), Anton Gill, An Honourable Defeat: A History of German Resistance to Hitler, 1933-1945.

10. Para uma curta e interessante leitura sobre a Itália durante o regime de Mussolini, veja o livro de Francesco Nitti, Bolshevism, Fascism and Democracy (George Allen & Unwin Ltd., 1927). Para uma obra mais extensa, veja Ernst Nolte, Three Faces of Fascism (Mentor, 1963/69). Com relação a Franco e seus nacionalistas, veja Hugh Thomas, The Spanish Civil War (Harper and Row, 1961).

11. As obras sobre a Rússia Soviética durante os períodos de Lenin e Stalin são extensas. Veja: O Arquipélago Gulag, de Alexander Sozhenitsyn; Eugene Lyons, Workers’ Paradise Lost (Paperback Library, 1967), R. J. Rummel, Lethal Politics: Soviet Genocide and Mass Murder Since 1917 (Transaction Publishers, 1990), Robert Conquest, The Harvest of Sorrow: Soviet Collectivization and the Terror — Famine (Oxford University Press, 1986), Richard Pipes (editor), The Unknown Lenin: From the Secret Archives (Yale University Press, 1996), Robert Conquest (editor), The Soviet Police System (Frederick A. Praeger, 1968), F. Back and W. Godin, Russian Purge and the Extraction of Confession (The Viking Press, 1951), Robert C. Tucker, Stalin in Power: The Revolution from Above, 1928-1941 (Norton, 1990), e Edvard Radzinsky, Stalin (Anchor Books, 1996).

12. Para algumas análises interessantes das grandes implicações da Revolução Francesa e dos governos totalitários em geral, veja Erik von Kuehnelt-Leddihn, Leftism: From de Sade and Marx to Hitler and Marcuse (Arlington House, 1974). Para obras que enfoquem especificamente a Revolução Francesa, veja Simon Schama, Citizens: A Chronicle of the French Revolution (Knopf, 1989) e R. R. Palmer, Twelve Who Ruled: The Year of the Terror in the French Revolution (Atheneum, 1965 — originalmente publicado pela Princeton University Press, 1941).

13. David Morris, The Masks of Lucifer: Technology and the Occult in Twentieth-Century Popular Literature (B. T. Batsford Ltd.,1992), pág. 126.

14. Adolf Hitler, Mein Kampf (Houghton Mifflin, 1925/1971), pág. 455.

15. Adolf Hitler, Mein Kampf, pág. 373.

16. Veja Paul Foster Case, The True and Invisible Rosicrucian Order (Samuel Weiser, 1985) para informações relacionadas com o surgimento histórico da Sociedade Rosa-Cruz.

17. Veja Nicholas Goodrick-Clarke, The Occult Roots of Nazism: Secret Aryan Cults and Their Influence on Nazi Ideology (New York University Press, 1985/1992). Existe uma tradução em português deste livro: Raízes Ocultistas do Nazismo, Editora Terramar, Portugal.

18. Ibidem, pág. 155.

19. Ibidem, pág. 127.

20. Ibidem, pág. 149.

21. Peter Padfield, Himmler (MJF Books, 1990), pág. 64.

22. Veja, Goodrick-Clarke, Raízes Ocultistas do Nazismo. Veja também Brigitte Hamann, Hitler’s Vienna: A Dictatorship’s Apprenticeship (Oxford University Press, 1999).

23. Hitler, Mein Kampf (Minha Luta), pág. 496-497. Veja também Hamann, Hitler’s Vienna, págs. 209-210.

24. Para uma boa, porém antiga visão geral da SS como um componente de combate, veja George H. Stein, Waffen-SS: Hitler’s Elite Guard at War, 1939-1945 (Cornell University Press, 1984). Veja também, Marc J. Rikmenspoel, Waffen-SS: The Encyclopedia (Military Book Club, 2002).

25. Marc J. Rikmenspoel, Waffen-SS: The Encyclopedia (Military Book Club, 2002), pág. 252.

26. Heather Pringle, The Master Plan: Himmler’s Scholars and the Holocaust (Hyperion, 2006), pág. 56.

27. Goodrick-Clarke, The Occult Roots of Nazism, pág. 177.

28. Ibidem, pág. 178.

29. Hermann Rauschning, The Revolution of Nihilism: Warning to the West (Alliance Book Corp., 1939), pág. 21.

30. Cherry Gilchrist, Theosophy: The Wisdom of the Ages (Harper Collins, The Hidden Wisdom Library, 1996).

31. http://www.religioustolerance.org/can_rel2.htm.


Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org
Data da publicação: 19/3/2011
Revisão: http://www.TextoExato.com
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