Assim escreveu Lord Bacon, ao tratar aquilo que descreve como "a história da profecia". Ele explica:"Este é um trabalho que considero deficiente; mas que deve ser feito com sabedoria, sobriedade e reverência, ou não ser feito de forma alguma."
"A natureza desse trabalho deve ser que toda profecia das Escrituras seja ordenada com o evento que a cumpriu, em todas as épocas, para melhor confirmação da fé e para a melhor iluminação da Igreja que estuda aquelas partes das profecias que ainda não foram cumpridas; permitindo, porém, aquela latitude com a qual se pode concordar e que é familiar nas profecias divinas; dada a natureza de seu Autor, para quem mil anos são como um dia e, portanto, não são cumpridas pontualmente de uma só vez, mas florescem e germinam cumprimentos ao longo de muitas épocas, embora possam se referir a alguma outra época."
Se os muitos autores que desde então contribuíram para suprir a falta daquilo que Lord Bacon observou, tivessem dado a devida atenção a essas sábias palavras, o estudo profético poderia possivelmente ter escapado da reprovação que vem do fato de seus seguidores estarem divididos em campos hostis. Com o cristão o cumprimento da profecia não pertence à região da opinião, e nem até meramente dos fatos; é uma questão de fé. Temos o direito, portanto, de esperar que ele seja definitivo e claro. Mas embora os princípios e máximas da interpretação obtidos pelo estudo dessa parte da profecia, que foi cumprida dentro da era dos Escritos Sagrados, não devam de modo algum serem colocados de lado quando passamos para os tempos pós-apostólicos, certamente não há presunção contra encontrá-los ocultos na história destes dezoito séculos e até mesmo um cumprimento principal e parcial de profecias, que inquestionavelmente receberão um cumprimento final e completo em dias por vir.
Somente não nos esqueçamos da "sabedoria, sobriedade e reverência" que essa investigação requer. Em nossos dias, os estudantes de assuntos proféticos tornaram-se profetas e, com uma combinação de estupidez e atrevimento, estão buscando determinar o ano exato do retorno de Cristo à Terra predições que possivelmente os filhos dos nossos filhos lembrarão quando outro século tiver sido adicionado à história da cristandade. Se tais ações extravagantes trouxessem descrédito somente para seus autores, tudo estaria bem. Mas embora anunciadas em direta oposição às Escrituras, elas trazem reprovação sobre as próprias Escrituras e estimulam o ceticismo dos dias atuais. Poderíamos esperar que tudo o mais fosse esquecido, mas que as últimas palavras que o Senhor Jesus falou na Terra não fossem assim colocadas de lado:
"E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder." (Atos 1:7).
Mas o que foi negado aos apóstolos inspirados nos dias de fé e poder da igreja primitiva, os "especialistas" em profecias destes últimos dias se atrevem a dizer; e o resultado é que a solene e bendita esperança do retorno do Senhor tem sido degradada ao nível da predição dos astrólogos, para confusão e tristeza do coração dos fiéis e satisfação do mundo.
Qualquer homem que, evitando as visões extravagantes e imaginosas, tanto da história quanto das Escrituras, aponte para os eventos no presente ou no passado como correlatos a uma profecia, merece ser ouvido de forma calma e não preconceituosa pelos homens que usam a cabeça para pensar. Mas que ele não se esqueça que, embora as Escrituras, para as quais ele recorre, possam "germinar cumprimentos", a plenitude delas pode referenciar uma época ainda futura. O que é verdadeiro de todas as Escrituras é especialmente verdadeiro com relação às profecias. Devemos atribuir a elas um significado, mas aquele que realmente acredita que elas são de origem divina, hesitará em limitar o significado delas à medida de sua própria compreensão.
As profecias do Anticristo permitem uma notável e muito adequada ilustração. Se não fosse pelo preconceito criado pelas afirmações extremas, os estudantes das profecias provavelmente concordariam que a grande apostasia da cristandade exibe em seu contorno muitas das principais características do Homem do Pecado. Há realmente em nossos dias uma espúria liberalidade que nos ensinaria a abrir mão do indiciamento que a história permite contra a Igreja de Roma, mas enquanto nenhuma mente generosa se recusará a reconhecer o valor moral daqueles que, na Inglaterra pelo menos, agora guiam os conselhos dessa Igreja, a questão real em discussão relaciona-se com o caráter, não dos indivíduos, mas de um sistema.
Portanto, é parte, não da intolerância preconceituosa e ignorante, mas de verdadeira sabedoria, pesquisar os registros do passado registros realmente terríveis para encontrar os meios de julgar esse sistema. A investigação que nos interessa não é se homens bons são encontrados dentro do cercado de Roma como se toda a excelência moral da Terra pudesse servir para cobrir os anais de sua repulsiva culpa! Nossa verdadeira investigação é se ela sofreu qualquer mudança real nestes dias de maior iluminação. Está a Igreja de Roma reformada? E com que veemência a resposta seria gritada de todo altar dentro de seu cercado! E, se não, que os dias tenebrosos venham novamente e algumas das cenas mais perversas e que os crimes mais tenebrosos na história da cristandade sejam reencenados na Europa. "O verdadeiro teste de um homem não é o que ele faz, mas o que, com os princípios aos quais adere, ele faria"; e, se isso é verdade para os indivíduos, é ainda mais intensamente verdadeiro com relação às comunidades. Portanto, fazem um bom serviço aqueles que mantêm diante da mente do público o caráter real de Roma como o desenvolvimento da apostasia dos dias atuais.
Mas quando esses autores avançam e afirmam que as predições do Anticristo têm sua plena e final realização no papado, a posição deles torna-se um perigo para a verdade. Isso é mantido ao custo de rejeitar algumas das mais definidas profecias e de colocar interpretação imaginosa e sem rigor nas mesmas Escrituras às quais eles recorrem.
Na verdade, o mal prático principal desse sistema de interpretação é que ele cria e patrocina um hábito de ler as Escrituras de uma maneira frouxa e superficial. Impressões gerais, derivadas de uma leitura rápida das profecias, são tomadas e sistematizadas, e sobre essa base uma pretensa superestrutura é construída. Como já observado, a Igreja de Roma exibe as principais características morais do Homem do Pecado. Portanto, é um axioma de interpretação com essa escola que a besta dos dez chifres é o papado. No entanto, a respeito da besta, está escrito:
"Foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." (Apocalipse 13:7-8).
Estão esses comentaristas cientes que metade da cristandade está fora do cercado de Roma e em oposição às reivindicações do papado? Ou eles supõem que todos que pertencem às igrejas gregas e protestantes estão inscritos no livro da vida? De modo algum. Mas querem nos dizer que o verso não significa aquilo que diz. [1]
Novamente, a besta de dez chifres é o papado; a segunda besta, o falso profeta, é o clero papal; Babilônia é a Roma papal. Entretanto, quando nos viramos para a visão do julgamento de Babilônia, descobrimos que é por intermédio da besta que sua condenação será realizada!
"E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta." [2]
Os governos da cristandade, portanto, entregarão seus poderes ao pontíficie e ao sacerdócio romano para destruírem a Roma papal! [3] Pode um absurdo ser mais transparente e mais completo?
A questão aqui em discussão não deve ser pré-julgada por más representações, ou evitada voltando-se para pontos colaterais ou de importância secundária. Não é se as grandes crises na história da cristandade, como a queda do paganismo, a ascensão do papado e do poder islâmico, e a reforma protestante do século XVI, estão dentro da abrangência das visões de João. Isso pode ser prontamente reconhecido. Nem é se o fato que a cronologia de alguns desses eventos é marcada por ciclos de anos compostos por múltiplos precisos; dos setenta especificados no livro de Daniel e o Apocalipse, seja não uma prova adicional que tudo forma parte de um grande plano. Cada nova descoberta do tipo deveria ser recebida por todos os que amam a verdade. Em vez de enfraquecer a confiança na precisão e definição das profecias, ela deveria fortalecer a fé que procura seu absoluto e literal cumprimento. A questão não é se a história da cristandade estava dentro da visão do autor divino das profecias, mas se essas profecias foram cumpridas; não se essas Escrituras têm a abrangência e significado que os intérpretes atribuem a elas, mas se a abrangência e significado delas pode ser totalmente conferido e satisfeito pelos eventos que elas citam como sendo o cumprimento delas. Portanto, não é necessário entrar aqui em uma análise elaborada do sistema histórico de interpretação, porque se isso falhar quando testado em algum ponto vital, ele se parte totalmente.
O Apocalipse, então, pertence à esfera da profecia cumprida? Ou, para reduzir a controvérsia a uma questão ainda mais estreita, as visões dos selos, das trombetas e das taças já foram cumpridas? Ninguém disputará a justiça desse modo de declarar a questão, e o método mais justo possível de lidar com ela será apresentar para consideração alguma das principais visões, e então citar tintim por tintim tudo o que os intérpretes históricos apresentaram como sendo o significado dela.
A abertura do sexto selo é assim registrada pelo apóstolo João:
"E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?" (Apocalipse 6:12-17).
O seguinte é o comentário do Sr. Elliot a respeito da visão:
"Quando consideramos os terrores desses reis blasfemadores de Cristo da terra romana, com seus exércitos derrotados diante das hostes cristãs, fugindo e perecendo miseravelmente, houve certamente o que no evento, de acordo com a construção normal dessas imagens nas Escrituras, pode ser considerado uma resposta aos símbolos da visão prefigurativa que está diante de nós; nessa visão, reis e generais, homens livres e servos, aparecem fugindo e buscando as fendas das rochas para se esconderem ali da face daquele que está assentado sobre o trono do poder, e da ira do Cordeiro."
"Assim, sob os primeiros choques desse grande terremoto tinha a terra romana sido agitada, e os inimigos dos cristãos destruídos ou levados à fuga e à consternação. Destarte, nos céus políticos, tinha o sol da supremacia pagã escurecido, a lua entrado em eclipse e se tornado vermelha, e não poucas estrelas abaladas violentamente até o chão. Mas a profecia não tinha ainda recebido todo seu cumprimento. As estrelas do céu pagão não tinham todas caído, nem tinha o céu se retirado como um pergaminho que se enrola. No primeiro triunfo de Constantino, e após os primeiros terrores dos imperadores opositores e de suas hostes, embora os editos imperiais deles tenham dado ao cristianismo seus plenos direitos e liberdade, permitiram também aos pagãos incrédulos tolerância na liberdade de adoração. Mas muito cedo seguiram-se medidas de marcada preferência nas indicações imperiais para os cristãos e para sua fé. E, no longo prazo, à medida que Constantino avançou na vida, a despeito da indignação e ressentimento dos pagãos, ele emitiu editos para a supressão dos seus sacrifícios, a destruição de seus templos, e tolerância a nenhuma outra forma de adoração pública, exceto a dos cristãos. Seus sucessores no trono seguiram a mesma ação, acrescentando punições de caráter mais severo possível à profissão pública de fé no paganismo. O resultado foi que, antes do fim do século, todas as estrelas tinham caído no chão, do seu próprio céu, ou sistema político e religioso, sumindo de vista e, na terra, as velhas instituições pagãs, com suas leis, ritos e adoração foram aniquiladas." [4]
"Um exemplo mais notável da interpretação inadequada não pode ser imaginado." [5] Que maravilha se os homens zombam das terríveis advertências da ira vindoura, quando ouvem que O GRANDE DIA DA SUA IRA [6] é passado, e que ele corresponde a nada mais que a fuga em debandada dos exércitos pagãos derrotados diante das hostes de Constantino um evento que teve mil outros similares na história do mundo? [7]
Que o ponto em discussão seja mantido claramente em vista. Se formos recorrer ao reinado de Constantino ou a alguma outra época na história da cristandade para permitir um cumprimento intermediário da visão, isso poderia passar como uma frágil, mas inofensiva exposição; mas esses expositores atrevidamente afirmam que a profecia não tem outra abrangência ou significado. [8] Eles querem provar que a visão do sexto selo já foi cumprida; portanto é óbvio que tudo o que a segue requer cumprimento da mesma forma. Se, portanto, o sistema deles falhasse neste ponto somente, sua falha seria absoluta e completa; mas na verdade o exemplo citado não é mais que um exemplo justo da maneira em que eles reduzem o significado das palavras que professam explicar.
Estamos agora, eles nos dizem, na era das Taças. Nesta mesma hora a ira de Deus está sendo derramada sobre a Terra. [9] Certamente os homens podem bem exclamar comparando o presente com o passado, e julgando esta época como mais favorecida, mais desejável para se viver do que qualquer outra época anterior, É isto tudo a que se resume a ira de Deus! As taças são as sete últimas pragas, "porque nelas é consumada a ira de Deus", e dizem então para nós que a sexta está neste momento sendo cumprida na dissolução do Império Turco! Pode qualquer homem estar tão perdido na terra dos sonhos de suas próprias lucubrações ao ponto de imaginar que o colapso do poder turco é um julgamento divino sobre o mundo não arrependido? [10] Tal pode parecer serem os paxás que, como demônios sarcófagos, engordam com a miséria em sua volta; mas milhões a saudariam como uma bênção para a humanidade sofredora e perguntariam com maravilha, se esse é um sinal de coroação da ira de Deus, como devem as almas simples distingüir entre as provas de Seu favor e as de Sua mais terrível ira?
Se o evento fosse citado como um cumprimento principal, dentro destes dias da graça, de uma profecia que pertence estritamente ao vindouro dia da ira, mereceria respeitosa atenção; mas apelar para o desmembramento da Turquia como a plena realização da visão, é tratar com pouca seriedade a solene linguagem das Escrituras e um absurdo contra o bom senso.
Mas existem princípios envolvidos nesse sistema de interpretação muito mais profundos e mais importantes que qualquer um que apareça na superfície. Ele está em antagonismo direto com a grande verdade fundamental do cristianismo.
Lucas narra (Lucas 4:19-20) como, após a tentação, o Senhor "pela virtude do Espírito, voltou para a Galiléia" e, ao entrar na sinagoga de Nazaré no dia de sábado, como era seu costume, levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías e os olhos de todos estavam fitos Nele. Ele abriu o livro e leu estas palavras:
"O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor."
"E o dia da vingança do nosso Deus" eram as palavras que se seguiam, sem interrupção, na página aberta diante Dele, mas o registro acrescenta: que Ele cerrou o livro, entregou-o ao ministro e assentou-se. Em uma época por vir, quando a profecia terá seu cumprimento final, o dia da vingança se misturará com bênçãos para Seu povo. [11] Mas o encargo do Seu ministério na Terra era somente a paz. [12] E esse é ainda o encargo do evangelho. A atitude de Deus com relação ao homem é a graça. "A GRAÇA REINA". Não é que há graça para o penitente ou para o eleito, mas que a graça é o princípio sobre o qual Cristo agora se assenta no trono de Deus. "Sobre Sua cabeça estão muitas coroas, mas suas mãos traspassadas agora seguram o único cetro" porque o Pai lhe entregou Seu reino, e todo o poder nos céus e na Terra. "E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo." (João 5:22; compare 3:17; 12:47) mas Sua missão na Terra não era julgar, mas somente salvar. E aquele que é o único Juiz está agora exaltado para ser o Salvador, e o trono no qual Ele se assenta é um trono de graça. A graça está reinando pela justiça para a vida eterna. (Romanos 5:21) "A luz deste glorioso evangelho brilha agora sem impedimentos sobre a Terra. Olhos cegos podem encerrá-la, mas não podem apagá-la ou reduzi-la. Corações impenitentes podem acumular ira para o dia da ira, mas não podem escurecer este dia de misericórdia ou desfigurar a glória do reinado da graça." [13]
Será no "dia da ira" que as "sete últimas pragas em que a ira de Deus é consumada" correrão seu curso; e é tratar com pouca seriedade solenes e terríveis verdades dizer que elas estãos sendo cumpridas agora. Qualquer que seja o cumprimento intermediário que a visão possa estar recebendo agora, sua plena e final realização pertence a um tempo futuro.
Estas páginas não se destinam a lidar com o cumprimento primário e histórico das profecias, ou, como Lord Bacon disse, seus "florescimentos e germinações de cumprimentos ao longo de muitas épocas". Meu assunto é exclusivamente o cumprimento absoluto e final das visões naquela época específica em que em sua plenitude elas pertencem.
A própria Escritura fornece muitos exemplos notáveis desses cumprimentos intermediários ou primários; e nesses, os principais contornos da profecia são realizados, mas não os detalhes. A predição do advento de Elias é um caso. [14] Nos termos mais simples, o Senhor declarou que o ministério de João Batista estava dentro da abrangência dessa profecia. Em termos tão claros Ele anunciou que ela seria cumprida em um dia por vir, pelo reaparecimento sobre a Terra do maior de todos os profetas. (Mateus 11:14; 17:11-12). As palavras do apóstolo Pedro em Pentecostes oferecem outra ilustração. A profecia de Joel ainda será cumprida ao pé da letra, mas o batismo com o Espírito Santo foi referenciado com ela pelo inspirado apóstolo. (Joel 2:28-32; Atos 2:16-21).
Falar do cumprimento dessas profecias como já ocorrido no passado, é usar linguagem não escriturística e falsa ao mesmo tempo. Ainda mais injustificável é a afirmação de finalidade, feita tão confiantemente, das profecias que se relacionam com a apostasia. Não há uma única profecia, da qual o cumprimento é registrado nas Escrituras, que não tenha sido cumprida com absoluta precisão e em todo detalhe; e é totalmente injustificável assumir que um novo sistema de cumprimento foi inaugurado após o segundo cânon ter sido encerrado.
Dois mil anos atrás quem teria se aventurado a acreditar que as profecias do Messias receberiam um cumprimento literal?
"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel." (Isaías 7:14).
"Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta." (Zacarias 9:9).
"Porque eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata. O SENHOR, pois, disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro, na casa do SENHOR." (Zacarias 11:12-13; compare Mateus 27:5-7).
"Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa." (Salmos 22:18; compare João 19:23-24).
"Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés." (Salmos 22:16).
"Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre." (Salmos 69:21).
"Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido." (Isaías 53:8).
Até mesmo para os próprios profetas, o significado dessas palavras foi um mistério. (1 Pedro 1:10-12) Sem dúvida, em sua maior parte, os homens as consideravam mais como poesia, ou lenda. No entanto, essas profecias sobre o advento e morte de Cristo foram cumpridas nos mínimos detalhes. Portanto, a literalidade no cumprimento pode ser aceita como um axioma para nos guiar no estudo das profecias.
Notas de Rodapé do Capítulo 11
[1] De acordo com esses intérpretes, essa afirmação precisa ser aceita com um grão de sal, como se diz, e o mesmo comentário aplica-se à tradução deles em cada verso no capítulo treze do Apocalipse.
[2] Apocalipse 17:16,17,13. No verso 16 a melhor leitura, conforme dada na Versão Revisada, é "e a besta", em vez de "sobre a besta".
[3] O romance de Elliot sobre esse assunto ficou desqualificado pelos eventos dos anos recentes, que fizeram de Roma a capital pacífica da Itália. Da besta e do falso profeta está escrito: "Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre." (Apocalipse 19:20). Pode ser agradável ao zelo protestante supor que a hierarquia e o sacerdócio romano estão "reservados" para esse destino.
[4] Horae Apoc., vol 1, págs. 219, 220.
[5] "Outro marco desses é encontrado, acredito, na interpretação do sexto selo: se ele não foi na verdade já delineado com aquilo que acaba de ser dito. Todos sabemos o que a imagem significa para o resto das Escrituras. Qualquer sistema que requeira que ela pertença a outro período do que à chegada do grande dia do Senhor, fica desse modo autocondenado. Posso ilustrar isso por referência ao sistema histórico contínuo do Sr. Elliot, que requer que ele deva significar a queda do paganismo sob Constantino. Um exemplo mais notável de interpretação inadequada não pode ser imaginado. "Intimamente conectado com este último é outro ponto fixo na interpretação. Como os sete selos, assim as sete trombetas e as sete taças ocorrem no perto do tempo do fim. Ao fim de cada série, uma nota diz inegavelmente que esse é o caso. Dos selos já falamos antes. Com relação às trombetas, pode ser suficiente consultar os versos 10:7 e 11:18; quanto às taças, a própria designação delas, tas eschatas, e o gegonem do Cap. 16:17. Qualquer sistema que não reconheça esse fim comum das três, parece para mim que está desse modo culpado de erro." Alford, Gr. Test., 4, Parte 2, Cap. 8, itens 5, 21, 22.
[6] ha hamera ha megal tas orgas autou (Apocalipse 6:17).
[7] Se essas afirmações fossem apresentadas em licenciosidade, e não tolamente, sugeririam uma referência às solenes palavras: "E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro." (Apocalipse 22:19).
[8] Quando os intérpretes históricos abordaram o Segundo Advento, perderam a coragem de suas opiniões e contenderam seriamente pela literalidade, embora se o esquema deles for genuíno, o retorno predito de Cristo pode certamente ter seu cumprimento no atual reavivamento da religião e a concorrente expansão do cristianismo.
[9] "E vi outro grande e admirável sinal no céu: sete anjos, que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus... E os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos com cintos de ouro pelos peitos. E um dos quatro animais deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre. E ouvi, vinda do templo, uma grande voz, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus." (Apocalipse 15:1,6,7; 16:1).
[10] O austríaco Pester Lloyd, de 21 de novembro de 1879, ao comentar a linha da política britânica com relação à Turquia, acusou o governo de Lord Beaconsfield de "confundir o islamismo com os turcos, estes últimos tendo sido sempre considerados como a escória do islamismo por todas as nações islâmicas que têm consciência de sua própria força". Os estudantes de assuntos proféticos parecem estar possuídos por esse mesmo erro.
[11] Compare Isaías 63:4: "Porque o dia da vingança estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é chegado."
[12] "E, vindo, ele evangelizou a paz..." (Efésios 2:17).
[13] The Gospel and its Ministry, pág. 136. Verdade é que os grandes princípios do governo moral do mundo de Deus permanecem inalterados, e o pecado está assim sempre operando sua própria punição. Mas isso não deve ser confundido com a ação divina imediata no julgamento. "Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados." (2 Pedro 2:9). Ou, de acordo com Romanos 2:5, "Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus."
[14] "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR." (Malaquias 4:5).
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Data da publicação: 20/3/2005
Revisão: http://www.TextoExato.com
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