Autor: Jeremy James, 7/9/2015.
A pergunta no subtítulo é, talvez, a mais desagradável que podemos fazer. Ela alcança e envolve todos que amamos e com os quais nos preocupamos, sem deixar aspecto algum de nossas vidas intocado. Ela ameaça derrubar e destruir tudo aquilo que lutamos para alcançar. Além disso, ela expõe nossa fé às maiores provações que podemos imaginar.
Veja o que aconteceu com os cristãos nos tempos antigos. Praticamente todos os que vieram a Cristo, durante ou logo após o período apostólico, foram perseguidos, de uma forma ou de outra. Os parentes pagãos deles os rejeitaram, eles frequentemente eram expulsos de suas cidades e, algumas vezes, tiveram dificuldades até para conseguir alimento. Em muitas localidades, eles também ficaram expostos à perseguição do governo e foram pressionados a negar a fé cristã. Aqueles que se recusavam eram tratados com brutalidade e até assassinados.
Houve um alívio temporário por volta do tempo em que o imperador Constantino adotou o Cristianismo como a religião oficial do império. Entretanto, muitos que professavam ser cristãos naquele tempo eram cristãos apenas nominais, tendo escolhido as doutrinas espúrias da Igreja Católica Romana, que estava em formação naquele tempo.
Quando os muçulmanos iniciaram sua campanha de terror em todo o norte da África e no Oriente Médio, eles apresentaram uma difícil escolha para os cristãos: conversão para o Islã ou morte. A maioria preferiu a morte e morreu como mártir. Quase a metade dos cristãos no mundo naquele tempo foi morta pelos muçulmanos.
Os cristãos foram cruelmente explorados sob o jugo tirânico do feudalismo durante vários séculos, servindo como vilões e escravos dos impostos estabelecidos pela elite governante e, frequentemente, forçados a ingressar nos exércitos locais para lutar em guerras fúteis. As condições de vida eram, em grande parte, no nível de subsistência e a expectativa de vida era menos da metade do que é hoje.
Quando Roma cresceu em poder, ela instituiu três programas cruciais de destruição e perturbação da ordem social. O primeiro foi as Cruzadas, que levou à morte, mutilação e empobrecimento milhões de cristãos em toda a Europa. Em seguida, veio a Inquisição, que operou durante vários séculos e causou a morte por execução de centenas de milhares de cristãos inocentes, bem como a tortura e prisão de outros milhões, o confisco de suas propriedades e a destruição de suas famílias. Em seguida, houve a campanha brutal de repressão conhecida como Contra-Reforma, em que os cristãos bíblicos foram perseguidos e sistematicamente mortos em quase toda a Europa. O clímax foi alcançado na generalizada anarquia e terrível carnificina da Guerra dos Trinta Anos, de 1618-1648. Milhões morreram de fome e por doenças nos prolongados bloqueios e cercos, em ataques brutais contra cidades e aldeias indefesas e nas atrocidades cometidas pelos exércitos cruéis e pelos mercenários sadistas contratados por Roma e por seus aliados para destruir a Reforma.
A partir deste breve resumo, é claro que por cerca de 1.600 anos, os cristãos que criam na Bíblia tiveram uma existência difícil e arriscada. A abertura dos Estados Unidos no período final do século 17 trouxe certo alívio. Pela primeira vez, os cristãos bíblicos puderam praticar sua religião em grandes números, possuir propriedades, estudar a Bíblia, evangelizar e de viajar de um lugar para outro sem medo do serem assediados.
Roma detesta os EUA, pois é a única região no mundo que continua a desafiar sua influência. As primeiras gerações de cristãos que viveram na América foram imensamente agradecidas pelo dom que o Senhor lhes deu. Mas, à medida que seus descendentes prosperaram, eles perderam de vista o inimigo. Roma nunca se afastou; ela simplesmente mudou de estratégia. E isto funcionou muito bem.
Nos últimos 100 anos, aproximadamente, os americanos foram atraídos para uma versão de Cristianismo que não tem poder algum de salvar. Como resultado, a vasta maioria dos cristãos professos nos EUA está hoje sob a ilusão que eles têm direito a uma existência segura e previsível. Eles nunca conheceram a perseguição ou a opressão religiosa, e têm pouca compreensão que, por cerca de 1.600 anos, uma longa sombra cobriu a vida de praticamente todos os cristãos. Poucos já leram ou conhecem o Livro dos Mártires, de Foxe. Poucos reconhecem que as liberdades e benefícios que eles usufruem hoje foram conquistadas por meio do sangue dos santos, um tesouro fabuloso que desde então tem sido desperdiçado em entretenimento infindável e em prazeres vãos.
O Espelho do Senhor
Poucos meses atrás, o Senhor mostrou um espelho para o povo dos EUA. Ele lhes mostrou dois reflexos horríveis a Planned Parenthood e Ashey Madison. Essas organizações carregadas de pecados eram apoiadas financeiramente por milhões de cidadãos comuns e toleradas pelo restante da sociedade. Poucas igrejas cristãs as condenaram e um número menor ainda fez isso de forma consistente. Uma igreja que nunca toma posição por coisa alguma, não representa nada e uma igreja que não representa nada não permanecerá por muito tempo.
Muitos cristãos na América em 1900 reconheceram que essa crise tinha surgido naquele tempo. Os mais zelosos entre eles se uniram para a defesa da verdadeira doutrina cristã e produziram Os Fundamentos. Mas, as gerações sucessivas sucumbiram ao sussurro suave do ecumenismo, da inclusividade e do diálogo interfé. Por volta de 1960, uma decadência fatal tinha se estabelecido e o colapso final da igreja bíblica estava praticamente assegurado.
Hoje, chegamos a um ponto em que o Maligno pode virtualmente selecionar uma data em que irá aplicar o golpe esmagador, um golpe por meio do qual as estruturas institucionais dos EUA serão lançadas na desordem, em que a vida "normal" cessará de existir e em que os cristãos de todos os segmentos sociais poderão ser cercados e colocados em campos de trabalhos forçados.
Isto pode parecer impensável. Infelizmente, os cristãos hoje se afastaram tanto da Palavra de Deus que eles não mais compreendem a conexão íntima entre julgamento e misericórdia. Esperando misericórida sem fim em uma época de misericórdia, eles se esquecem que o pecado precisa ser julgado. E grande é o pecado daqueles que foram grandemente abençoados.
O poderoso Império Babilônio erguido por Nabucodonosor e por seus sucessores foi derrubado em uma única noitel Sim, uma noite! Aquela dinastia imperial governou o mundo inteiro, tinha vastos exércitos, uma riqueza incomensurável, possuía os melhores equipamentos militares e todas as vantagens estratégicas possíveis. Mas, mesmo assim, o império foi derrubado em uma única noite.
Para compreender onde estamos hoje, precisamos estudar a Palavra de Deus. Por meio de Sua Palavra, Deus nos dá respostas às questões profundas que nos deixam em um estado de perplexidade. Ao tratar a questão apresentada no título deste estudo, não posso fazer mais do que apontar para as respostas que encontrei na Palavra de Deus. Ao fazer isso, espero fornecer alguma orientação em uma matéria que acredito que em breve perturbará praticamente todos os filhos de Deus no mundo hoje.
Sempre chamou minha atenção como altamente significativo que o livro de Jó, que é o mais antigo na Bíblia, lida com a pergunta mais difícil de todas: Por que os justos sofrem? Não somente Deus trata esta questão primeiro, mas Ele faz isso em detalhes extraordinários. No fim do livro, Jó vê que Deus supervisiona e permite todas as coisas por meio de Sua vontade soberana.
Algumas vezes compreendemos Seus caminhos (ou parecemos compreender), mas existem também ocasiões em que não temos entendimento daquilo que Ele está fazendo em nossas vidas, ou porquê aquilo está acontecendo. Acredito que Deus lida com a pergunta mais difícil primeiro por que precisamos ver todas as outras verdades nas Escrituras por meio das lentes da soberania absoluta de Deus. O homem se rebelou originalmente por que não aceitou de forma plena a soberania absoluta de Deus, e também não a compreendeu.
Muitos nos dias vindouros reagirão como fez a mulher de Jó, objetando furiosamente à total futilidade de tudo o que ela e seu marido tinham de suportar. "Amaldiçoa a Deus, e morre", ela vociferou. [Jó 2:9]. A natureza caída e rebelde dela está cristalizada em palavras de grande amargura. Este único verso o único comentário dela que foi registrado é tudo o que precisamos para saber o posicionamento dela. Ela iniciou seu comentário com uma contundente questão retórica para seu marido: "Ainda reténs a tua sinceridade?" o que ela estava efetivamente dizendo era: Por que você ainda confia em Deus?
Quando o profeta Habacuque viu a grande desolação que viria sobre a terra de Judá e seus habitantes, ele tremeu e disse: "Entrou a podridão em meus ossos e estremeci dentro de mim; no dia da angústia descansarei." [Habacuque 3:16]. Ele quase não podia acreditar que algo tão terrível pudesse acontecer com seu povo, porém ele disse:
"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação." [Habacuque 3:17-18].
Em sua segunda carta a Timóteo, que escreveu quando estava na cela da prisão, pouco antes de sua execução, o apóstolo Paulo lembrou seu amado aluno o primeiro pastor na cidade de Éfeso que "todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições." [2 Timóteo 3:12].
Este fato é mencionado diversas vezes no Novo Testamento. Por exemplo, Lucas registra que Paulo e Barnabé pregaram "confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus." [Atos 14:22].
O próprio Cristo disse: "Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós." [João 15:20]. Pedro expandiu isto quando disse: "Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas." [1 Pedro 2:21].
É difícil escapar da conclusão que um cristão nascido de novo precisa esperar enfrentar adversidades na vida, pelo simples fato de ser um cristão. Essas adversidades podem crescer em escala e se transformar em perseguição deliberada. A história mostra isto. Bem mais da metade dos cristãos que já viveram já enfrentou ou viveu na sombra da perseguição real.
Quando Cristo avaliou o desempenho das sete igrejas no Apocalipse, que coletivamente expressam o caráter e a condição da igreja como um todo ao longo dos tempos, Ele fez referências diversas vezes à perseguição:
"E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste... Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico)... Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida... Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita..." [Apocalipse 2].
Cristo também referenciou sete vezes nos capítulos 2-3 os cristãos que "vencem".
Muito provavelmente, grande parte disto é estranho aos ouvidos e à compreensão de muitos hoje. A razão é que não é algo sobre o qual os pastores pregam nas igrejas. Mas, é algo que Cristo ensinou.A Vindoura Perseguição
A partir de tudo o que temos visto ultimamente, é claro que os cristãos que aderem fielmente à Palavra de Deus e que se recusam a ceder serão perseguidos nos anos vindouros. Além disso, essa perseguição poderá não necessariamente iniciar com multas e advertências da Polícia, crescendo lentamente a partir daí. Ao contrário, a perseguição poderá vir de forma súbita e afetar um grande número de pessoas ao mesmo tempo.
A grande tragédia é que a maioria dos cristãos hoje não está preparada para isto. Os pastores e mestres nunca lhes falaram sobre a malignidade de Satanás, de sua sagacidade e de sua crueldade. Eles quase não conseguem acreditar que existe um exército inteiro de seres sobrenaturais que os odeiam com um ódio que é horrível demais para descrever. Eles parecem não entender que o Maligno quer destruir a cada um deles, para erradicar completamente todos os vestígios de Cristianismo do mundo e substitui-lo com um sistema perverso de escravização moral, mental e física.
Para encerrar, gostaria de chamar sua atenção para quatro versos do Salmo 60, que acredito que encapsulam muito daquilo que foi discutido:
"Ó Deus, tu nos rejeitaste, tu nos espalhaste, tu te indignaste; oh, volta-te para nós. Abalaste a terra, e a fendeste; sara as suas fendas, pois ela treme. Fizeste ver ao teu povo coisas árduas; fizeste-nos beber o vinho do atordoamento. Deste um estandarte aos que te temem, para o arvorarem no alto, por causa da verdade." [Salmos 60:1-4].
Quando o apóstolo Paulo fala da nossa esperança, ele não usa a palavra esperança em seu sentido moderno, como algo que é desejável, porém incerto. Ao revés, a esperança de todo cristão está fundamentada em algo que é certo que vai acontecer! Precisamos viver cada dia na certeza que tudo o que Cristo predisse vai acontecer. Mesmo que todas nossas esperanças terreais tenham sido destruídas, esta gloriosa e imutável certeza permanecerá.
Aqueles que são fortes serão chamados para fortalecer, encorajar e confortar aqueles que estiverem aflitos ou desanimados com os eventos vindouros. A força deles que pode parecer milagrosa às vezes virá somente da fonte e fundamento de sua esperança, que é o próprio Cristo:
"Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras. Perto está o SENHOR de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará. O SENHOR guarda a todos os que o amam; mas todos os ímpios serão destruídos." [Salmos 145:17-20].
Autor: Jeremy James, http://www.zephaniah.eu
Data da publicação: 16/9/2015
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/perseguicao.asp