Autor: Jeremy James, 9/9/2014.
Devemos ser agradecidos pelos dias de paz que ainda nos restam para desfrutar. Por mais difícil que a vida esteja para muitos de nós hoje, as coisas se tornarão mais difíceis quando as bombas começarem a ser detonadas.
No livro do Apocalipse, Cristo falou duas vezes sobre um grupo a quem Ele chamou de nicolaítas, que não é mencionado nos outros livros das Escrituras. A quem Ele estava se referindo? Suas palavras são incrivelmente contundentes:
"Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio." [Apocalipse 2:6].
"Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio." [Apocalipse 2:15].
Seja lá quem foram eles, os nicolaítas precisam ter apresentado uma ameaça mortal ao bem-estar da igreja e à pregação do verdadeiro Evangelho. Sabemos, a partir do contexto em que esses comentários foram feitos, que eles eram constituídos por membros professos da igreja, e não eram um grupo externo, ou uma assembleia pagã.
Historicamente, não se conhece nenhum grupo ou movimento que tenha operado usando esse nome. Por esta razão, muitos eruditos bíblicos acreditam que o caráter espiritual do grupo possa ser encontrado no nome que o próprio Cristo usou para descrevê-lo. A palavra grega original, nikolaites, é normalmente interpretada como "destruição do povo", mas sua importância pode ser melhor compreendida se examinarmos as palavras gregas originais, a partir das quais ela é formada niko, significa vitória, e laos, significa pessoas. Assim, os nicolaítas cujas obras Cristo odeia são aqueles que tentam obter o domínio, ou controle, sobre uma assembleia de fiéis.
Como o comentário de Jamieson, Fausset e Brown diz: "... eles não eram uma seita, mas cristãos professos que, como Balaão nos tempos antigos, tentaram introduzir na igreja uma falsa liberdade..." [ênfase adicionada].
A Ascensão dos Nicolaítas
As sete igrejas às quais o Senhor se dirigiu no livro do Apocalipse eram representantes da igreja como um todo e têm uma aplicação histórica que continua até hoje. Toda assembleia local de fiéis cristãos ao longo da história, de algum modo, refletiu as forças e as debilidades de uma ou mais dessas igrejas. Os nicolaítas sempre existiram dentro da igreja, esforçando-se continuamente para colocar de lado a Palavra de Deus e obter o controle, introduzindo uma "falsa liberdade".
À medida que esta época de trevas espirituais progredir, podemos esperar que os nicolaítas fortaleçam seu controle sobre os fiéis cristãos professos, em toda a parte, e que desenvolvam cada vez mais modos de promover uma "falsa liberdade". Eles são os líderes que querem promover uma "reforma apostólica" na igreja, desenvolver um novo modo de "fazer igreja", de moldar uma "igreja emergente", de criar uma igreja com propósitos, uma igreja que trará o "reino", uma igreja que derrubará "muros", uma igreja baseada em "inclusividade", em "relevância", em "experiência pessoal", e assim por diante.
Hoje, os nicolaítas estão no controle e a maior parte dos cerca de 70.000 pastores que existem nos EUA estão contentes com isto. As prebendas deles estão garantidas e os números de membros estão estáveis ou em crescimento. O status de isenção fiscal das igrejas que impõe sobre elas restrições legais sobre o que elas podem ou não dizer não atrapalha de forma alguma o Evangelho do caminho largo, "sinta-se bem consigo mesmo" que os pastores gostam de pregar. Os rebanhos são controlados por modas e modismos que enganam suas mentes e os mantêm entretidos e o mundo em volta deles é neutralizado por um Evangelho social que era virtualmente desconhecido cem anos atrás.
Portanto, quando os ataques começarem, onde eles procurarão as respostas? A quem irão acusar? O presidente marxista e que odeia a Cristo que eles elegeram, não uma, mas duas vezes? A loja maçônica repleta de pagãos que eles chamam de Congresso Nacional? Os líderes empresariais gananciosos? As subversivas fundações isentas de impostos? Os mentirosos patológicos que controlam o setor bancário? Os mandarins criadores de mitos da mídia? Ou uma sociedade que não tem dificuldades em matar um milhão de seus próprios filhos todos os anos? A lista poderia continuar ainda mais.
Em sua busca por explicações, eles provavelmente negligenciarão o inimigo que o próprio Cristo identificou no livro do Apocalipse. Embora Cristo tenha ficado irado com os fariseus em várias ocasiões, nenhum dos quatro evangelhos registra explicitamente que Ele odiava alguém, porém no livro mais profético da Bíblia, que está carregado com sombrias descrições dos vindouros julgamentos do fim dos tempos, Cristo declara duas vezes Sua aversão pelas obras e doutrinas dos nicolaítas.
A Rejeição do Cristianismo Bíblico
Há claramente um vínculo significativo entre as obras e doutrinas dos nicolaítas e o colapso da verdadeira pregação cristã à medida que nos aproximamos do fim dos tempos. Portanto, quando milhões de pessoas começam a perguntar por que Deus abandonou sua nação, elas serão lentas em reconhecer e aceitar a única resposta válida, isto é, a rejeição do verdadeiro Cristianismo bíblico.
Os nicolaítas garantiram sua primeira importante vitória com a remoção da oração e da leitura da Bíblia em grupo nas escolas públicas, em 1963 (nos EUA). A decisão da Suprema Corte efetivamente confinou a oração em grupo e a leitura da Bíblia aos recintos das igrejas e, desse modo, transferiu poder extraordinário para as mãos dos pastores locais. Os nicolaítas passaram a explorar seu novo papel como os únicos que tinham a custódia da Palavra de Deus. A interpretação tradicional da doutrina cristã, que tinha sido preservada intacta ao longo de 150 anos em todo o sistema público de educação, estava agora mais do que nunca sujeita à opinião dos pastores locais.
A influência dos nicolaítas aumentou dramaticamente após essa decisão. Eles agora podiam ensinar sua versão de doutrina cristã sem ter de contender com a interpretação comumente compartilhada, passada de geração à geração, por meio do sistema público de ensino. A mão deles foi fortalecida ainda mais com o crescimento do Movimento Carismático nos anos 1970s, com a chegada dos assim-chamados profetas modernos e o uso generalizado da arma favorita dos heréticos "Não toqueis nos meus ungidos." Depois que os pastores se tornaram profetas e apóstolos, não houve virtualmente limite no número de modos como eles poderiam perverter a Santa Palavra de Deus.
O Movimento Ecumênico
O Movimento Ecumênico, que é coordenado e financiado pela Igreja Católica Romana, marcou outro grande acontecimento. Ele começou de forma mais intensa com o Concílio Vatino II, quando, em seu discurso de abertura, em 11 de outubro de 1962, o papa declarou:
"A Igreja sempre se opôs a esses erros e, frequentemente, os condenou com a máxima severidade. Hoje, entretanto, a Noiva de Cristo prefere o bálsamo da misericórdia ao braço da severidade. Ela acredita que, as necessidades presentes são melhor atendidas explicando mais plenamente o propósito de suas doutrinas, em vez de publicar condenações... Portanto, o grande desejo da Igreja Católica ao levantar neste Concílio a tocha da verdade, é mostrar-se ao mundo como a mãe amorosa de toda a humanidade: gentil, paciente, cheia de ternura e simpatia por suas filhas separadas."
O papa reconheceu que o método anterior que a Igreja Católica Romana tinha usado para suprimir e destruir o Protestantismo um método que empregava "a máxima severidade", isto é, a força das armas, tortura e matanças estava agora sendo substituído pelo "bálsamo da misericórdia... gentil, paciente, cheia de ternura". Onde o assassinato fracassou, a enganação iria ser bem-sucedida. De um modo ou outro, a "mãe amorosa" procurará "suas filhas separadas" as igrejas do Protestantismo para trazê-las de volta ao aprisco da Igreja Católica Romana.
Os agentes do romanismo se infiltraram na maior parte das instituições cristãs influentes nos EUA e, caladamente, tomaram o controle das principais denominações. Pouco a pouco, os presidentes dessas instituições levaram os cristãos bíblicos aos braços de Roma. Eles aplicaram zelosamente o juramento jesuíta, fingindo serem cristãos nascidos de novo e então, após alcançarem posições de influência, promoveram secretamente uma variedade de Cristianismo que nega os princípios básicos da Reforma. De forma furtiva e sagaz, eles estão trabalhando para desfazer todo o trabalho da Reforma e submeter os cristãos professos de todo o mundo à mão pesada de Roma.
O objetivo deles é fazer que todos os cristãos professos aceitem a Igreja Católica Romana como "uma e única Igreja" e se ajoelhem diante da Eucaristia Romana, o pedaço de pão que eles afirmam que é transformado pelo sacerdote romano no corpo real de Cristo:
"... quando os obstáculos para a perfeita comunhão eclesiástica tiverem sido gradualmente superados, todos os cristãos irão finalmente, em uma celebração comum da Eucaristia, ser reunidos em uma e única Igreja..." papa João 23, Decreto Sobre o Ecumenismo, 21 de novembro de 1964.
Observe o teste visível que Roma está usando para medir o sucesso de sua campanha ecumênica. Ele é muito similar ao ritual que o Imperador da antiga Roma usava para testar a fidelidade de seus súditos. Como Pontifex Maximus (Sumo Pontífice), o chefe supremo de todas as religiões pagãs, ele exigia que todos seus súditos reconhecessem publicamente seu status divino, pelo menos uma vez por ano, comendo comida sacrificada em seu nome. Por um longo período de tempo, os judeus contornaram isso fazendo um sacrifício, não em nome do Imperador, mas a favor do seu nome, uma contemporização que deixava as autoridades romanas satisfeitas. Entretanto, os cristãos não receberam essa opção e, quando se recusaram a comer carne sacrificada em nome do Imperador, foram executados.
O livro do Apocalipse refere-se explicitamente a esse pecado mortal nos versos 14 e 20 do capítulo 2. Embora Cristo condene comer das "coisas sacrificadas aos ídolos", o moderno Sumo Pontífice que é um dos títulos oficiais do papa requer que seus "súditos" comam a "carne" supostamente criada por meios sobrenaturais no "sacrifício" da missa. Por sua própria admissão, o mesmo teste de fidelidade e ortodoxia será usado por Roma para peneirar as fileiras da vindoura igreja do mundo Unificado. Presumivelmente, qualquer um que se recusar a comer esse alimento blasfemo será punido com a "máxima severidade possível". (O livro do Apocalipse deixa bem claro que o "bálsamo da misericórida" estará esgotado para eles.).
A maior parte dos 70.000 pastores cristãos nos EUA hoje estão implementando avidamente a filosofia dos nicolaítas. Ao fazerem isso, eles estão promovendo livros que ensinam uma falsificação do verdadeiro Cristianismo. Livros como Jesus Está Chamando (de Sarah Young), The Harbinger (Jonathan Cahn), A Mensagem (uma paráfrase da Bíblia, de Eugene Peterson), A Cabana (de William Young), Uma Igreja com Propósitos (de Rick Warren), Blue Like Jazz (de Donald Miller), Celebração da Disciplina (de Richard Foster), A Igreja Emergente (de Dan Kimball), A Batalha Final (de Rick Joyner), God of Intimacy and Action (de Campolo & Darling), O Amor Venceu (de Rob Bell), Evangelismo de Poder (de John Winber), The Ragamuffin Gospel (de Brennan Manning), A Volta do Filho Pródigo (de Henri Nouwen), A Prática da Presença de Deus (de Irmão Lourenço), Quando o Céu Invade a Terra (de Bill Johnson), etc. A quantidade de livros estranhos, espúrios, de autores sagazes ou iludidos nas livrarias cristãs todos aprovados e endossados por milhares de pastores é realmente horrível.
Durante centenas de anos, a Igreja Romana proibiu estritamente os católicos de lerem ou até mesmo de consultarem a Bíblia; essa ímpia proibição somente foi removida em 1966. Uma mentalidade similar agora permeia a igreja no mundo ocidental, em que a autoridade da Bíblia foi solapada até o ponto em que os fiéis, em busca de direção espiritual, estão se voltando para autores famosos e autoproclamados especialistas. As estruturas e programas em vigor na Igreja com Propósitos, na Igreja Emergente e na Nova Reforma Apostólica, entre outros, foram planejados para engendrar essa dependência.
A Grande Traição
A ascensão dos nicolaítas foi fortalecida por uma série de traições de alto nível por pessoas que deveriam ter se posicionado ao lado do Cristianismo bíblico. Em vez de defenderem suas doutrinas, eles as lançaram aos lobos. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja Romana tem organizado eventos internacionais para fazer avançar a agenda ecumênica. Entre eles estão o Congresso de Lausanne Sobre a Evangelização Mundial, em 1974, uma importante conferência em Manila, Filipinas, em 1989, conhecida como "Lausanne II", e outro na Cidade do Cabo, África do Sul, em 2010 ("Lausanne III"). Cada um desses eventos corroeu continuamente a autoridade e finalidade da Palavra de Deus, passando cada vez mais poderes para as mãos dos comitês de especialistas decidirem quais doutrinas e práticas devem constituir o verdadeiro Cristianismo no mundo hoje. As transformações feitas por Lausanne I, II e III e suas instituições derivadas foram imensas. As seguintes são somente algumas das transformações:
- Reconhecimento mútuo do batismo.
- Aceitação mútua do Credo de Niceno (uma construção romana).
- Uma nítida ênfase no Evangelho social (para alcançar objetivos sociais).
- Uma nítida ênfase em transformar a sociedade.
- Uma ênfase maior em justiça social e redistribuição da riqueza.
- Uma nova ênfase na irmandade do homem.
- Contextualização cultural do Evangelho.
- Modos de adoração mais dinâmicos e experimentais.
- Ênfase grandemente reduzida no uso de literatura na evangelização.
- Evangelização significará comunidades cristianizadas, não salvar almas.
- Uma ênfase muito maior nas artes no compartilhamento do Evangelho.
- Medidas explícitas para tornar o Evangelho "mais relevante".
- Um foco mais forte naquilo que as igrejas têm em comum uma disposição para colocar de lado as diferenças doutrinárias.
- Aceitação da Evolução Teísta.
- Uma preocupação maior com a paz mundial.
- Maior preocupação com o meio ambiente e com o aquecimento global.
As transformações realmente grandes estão escondidas entre todas estas, presumivelmente por planejamento. Ser um cristão significa professar a Cristo. Os católicos romanos são agora considerados como cristãos bíblicos. A Reforma foi longe demais e precisa ser revertida. Doutrinas fixas precisam dar lugar ao diálogo e à compreensão mútua. As diferenças existentes entre as denominações cristãs não agrada a Deus. Como Deus é amor, o Evangelho precisa ser compartilhado principalmente por meio do amor, em vez de pela doutrina. Experimentar comunhão, irmandade e unidade com outros "cristãos" é nosso objetivo principal. A paz mundial, a prosperidade global e a cristianização de todas as nações emergirão naturalmente a partir da unificação de todos os fiéis cristãos.
Poucos cristãos parecem ver o que isto realmente é a planejada destruição do Cristianismo bíblico. E este é o verdadeiro objetivo do Ecumenismo, por meio do qual um caminho é preparado para a Igreja do Mundo Unificado.
Todos os líderes cristãos professos que participaram nas assembleias de Lausanne se afastaram radicalmente do verdadeiro Cristianismo bíblico. Eles se alinharam com Roma e levaram suas respectivas denominações ao erro, escondendo delas o propósito real de Lausanne e do Movimento Ecumênico. Aqui estão os nomes de apenas alguns deles:
- Billy Graham
- Tim Keller
- Richard Mouw (Seminário Teológico Fuller)
- Rick Warren
- John Piper
- Nicky Gumbel (Curso Alfa)
- Ronald Sider
- David Neff (revista Christianity Today)
- George Wood (Assembleias de Deus)
- John Stott
- Leighton Ford
- J. I. Packer
- Jack Hayford
- George Otis Jr
- Os Guinness
- Luis Palau
- Charles Kraft (Seminário Teológico Fuller)
- C. Peter Wagner (Seminário Teológico Fuller).
Se devemos ou não descrever esses indivíduos em particular como nicolaítas não é a questão aqui. O que importa é que cerca de 70.000 pastores nos EUA se submeteram humildemente às transformações impostas por Lausanne, bem como por declarações e acordos similares, como Evangélicos e Católicos Juntos (1994) e a Declaração de Manhattan (2009). Eles abriram os portões para o Maligno. E, quando os portões espirituais são abertos, torna-se apenas uma questão de tempo para que os portões físicas também sejam abertos.
Cristo advertiu a respeito dos nicolaítas em termos fortes no livro do Apocalipse, aparentemente para salientar o papel que eles exercerão na grande apostasia do fim dos tempos. Como disse o pregador: "Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens." [Eclesiastes 9:18].
Portanto, quando a vindoura grande onda de medo varrer o país, os cristãos professos de toda a parte certamente considerarão o quão diferentes tudo seria se seus pastores tivessem pregado o verdadeiro Evangelho. Os portões não teriam sido abertos e milhões de fiéis cristãos estariam vigiando noite e dia, posicionados como atalaias sobre as muralhas de sua nação sitiada, sempre conscientes que a Serpente nunca dorme.
Autor: Jeremy James, artigo em http://www.zephaniah.eu
Data da publicação: 24/3/2016
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/nicolaitas.asp