A Cidade Santa: O Senhor Deus Escolheu Jerusalém para Seu Filho

Autor: Jeremy James, 28 de agosto de 2017.

Durante a Contra-Reforma, o Maligno percebeu que, se a Bíblia fosse neutralizada com sucesso, o vácuo resultante teria de ser preenchido por uma filosofia alternativa, algo que o público geral pudesse prontamente absorver. Assim, ao mesmo tempo que um grande esforço estava sendo feito para reconquistar o controle da Bíblia, o Maligno também estava compilando um corpo de literatura que daria uma visão alternativa da realidade.

O poder político que Satanás projetava anteriormente para todo o mundo a partir da cidade de Roma, em breve passaria a ser projetado por meio da cidade de Londres. Isto significava que a filosofia alternativa — baseada no Humanismo, no Racionalismo, na Psicologia e na Ciência — precisaria primeiro fincar o pé naquela cidade. Isto foi alcançado, em parte, por meio das peças teatrais de Shakespeare.

Blasfêmias em Shakespeare

O autor que conhecemos como "Shakespeare" foi, muito provavelmente, uma equipe de escritores talentosos reunidos para um propósito. As peças teatrais tinham o objetivo de tratar os elementos principais da condição humana, de um modo que deixasse o público emocionalmente satisfeito. Entretanto, elas tinham o objetivo a fazer isso sem qualquer referência ao Senhor Deus da Bíblia. A própria Bíblia era totalmente ignorada. Por meio desse modo sagaz, o público foi convidado a considerar o mundo e tudo o que nele há, a partir de uma perspectivia totalmente sem base bíblica. Não era necessário naquele estágio questionar a Bíblia, ou enfrentá-la em seus próprios termos. Para o esquema funcionar somente era necessário ignorar a Bíblia.

No contexto daquele tempo, isto foi uma revolução. Sem aparentemente levantar um estandarte de rebelião, as peças teatrais eram, na verdade, uma rejeição cuidadosamente elaborada à Palavra de Deus. Por meio de sua ampla variedade de assuntos tratados e sua ênfase inabalável no homem como a medida de todas as coisas, elas atraíram as massas a refletirem seriamente sobre as questões da vida, mas sem fazerem qualquer referência aos preceitos e ensinos bíblicos.

O nome "Shakespeare" foi, provavelmente, escolhido por suas conotações blasfemas. A filosofia Rosa-Cruz, sendo o principal conduíte do ocultismo na Inglaterra naquele tempo, tinha a "Lança do Destino" em alta estima. (NT: Spear = lança). Esta foi, supostamente, a lança que o soldado romano usou para perfurar a lateral do corpo de Cristo no Calvário. Em termos espirituais, era Satanás que portava aquela lança e a brandiu feroz e desafiadoramente diante do Senhor, naquilo que ele acreditava ser seu momento final de vitória. Por meio de sua Contra-Reforma, o Maligno estava mais uma vez "brandindo a lança" (NT: A expressão em inglês Shaking the spear, soa de forma muito parecida com o nome "Shakespeare") e adotando um esquema que ele acreditava que levaria, com o passar do tempo, à conquista total da humanidade.

Shylock e Ariel

As peças teatrais tomavam o cuidado de evitar qualquer sugestão de seu propósito secreto. Entretanto, os autores caíram em ímpia blasfêmia em duas ocasiões. A primeira é em O Mercador de Veneza, em que um dos personagens mais sinistros e repulsivos de todas as peças é retratado como um judeu. A blasfêmia está na escolha do nome para esse personagem — Shylock. Pode parecer inocente, mas isto está na vardade baseado na palavra bíblica "Siló" (NT: Em inglês, Shiloh, que tem a pronúncia parecida com a do nome Shylock), que significa tanto 'Cristo' e a cidade escolhida inicialmente por Deus como o centro para a adoração nacional no antigo Israel. A última, em efeito, era um referência oblíqua à cidade que Deus escolheria posteriormente para esse propósito, ou seja, Jerusalém. Assim, nesta única palavra Shakespeare secretamente zomba tanto de Cristo, o Ungido do Senhor, e da cidade escolhida por Deus como o centro terreal para a verdadeira adoração bíblica.

Na religião babilônia, havia somente uma pessoa "Ungida" e este é o homem que será enviado um dia, em seu nome, pelo rebelde Anjo de Luz, Lúcifer. Da mesma forma, há somente uma cidade a partir da qual esse falso messias poderia governar, e essa cidade é Jerusalém, o próprio lugar que Deus escolheu para Seu Filho. Jerusalém, eles pretendem, será usurpada pela confederação secreta deles e usada como o centro mundial para a adoração a Lúcifer.

A outra referência está em A Tormenta, em que um mágico ambicioso garante os serviços de um demônio poderoso para ajudá-lo em seus esquemas. Esse demônio é mostrado como moralmente neutro, até beneficente e disposto a ajudar a humanidade. Ele (ou ela) é capaz de conjurar tempestades devastadoras, exatamente como Satanás, e de afundar navios — uma referência ao seu sucesso em causar o naufrágio em que o apóstolo Paulo estava viajando. O nome que Shakespeare escolheu para essa entidade foi Ariel.

Ariel é também um nome bíblico e pode ser encontrado em Isaías 29:1, e significa, sim, Jerusalém ("Ai de Ariel, Ariel, a cidade onde Davi acampou! Acrescentai ano a ano, e sucedam-se as festas."). A peça teatral está fazendo uma conexão direta entre a cidade escolhida por Deus para Seu Filho e uma entidade sobrenatural com poderes similares aos de Satanás. A blasfêmia é menos sutil neste caso, especialmente por que Ariel é apresentado em termos heróicos e triunfa no fim.

Satanás Quer Jerusalém

Satanás quer Jerusalém! Os complexos movimentos geopolíticos no mundo hoje seriam muito mais fáceis de compreender se essa antiga verdade fosse mais geralmente conhecida. As muitas manobras de alto nível, tratados irracionais e guerras cínicas seriam então vistas sob a verdadeira luz. Pouco a pouco, o Maligno está trabalhando em direção a uma situação em que Estados-nações independentes não existam mais, em que um governo mundial exerce controle total, por meio das regulamentações e imposição de leis em todo o mundo, e em que Jerusalém é a capital administrativa oficial do mundo.

O fator "Jerusalém" tem convencido muitos que este programa de domínio mundial é exclusivamente judaico, mas isto é um erro. Satanás usa as sociedades secretas e as diversas máfias vinculadas por juramentos, em todos os grupos étnicos e religiosos, para alcançar seus fins.

O Espírito Santo revelou para nosso benefício as cinco grandes ambições que o Maligno está seguindo. Elas não são abstrações morais que têm impacto de alguma forma indefinida em nossas vidas espirituais, mas objetivos tão reais e aterrorizadores quanto aqueles seguidos por um tirano fanático. Em dois versos eletrizantes, a Palavra de Deus nos diz exatamente quais são essas ambições:

"E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." [Isaías 14:13-14].

A ambição que mais nos interessa aqui é a seguinte: "no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte".

Os Lados do Norte

Muitos leem este verso e deixam de ver o que ele está realmente dizendo. Eles não reconhecem o termo "os lados do norte". O mesmo termo também pode ser encontrado no Salmo 48, um salmo que exalta a glória de Sião, ou Jerusalém, no propósito eterno de Deus.

"Grande é o SENHOR e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo. Formoso de sítio, e alegria de toda a terra é o monte Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei." [Salmo 48:1-2].

Satanás quer Sião, Jerusalém, "os lados do norte" para si mesmo! Ele quer ocupar e controlar para sempre a cidade do grande rei!

Embora incontáveis cristãos ao longo dos tempos sempre estiveram satisfeitos em interpretar as cinco ambições em termos puramente sobrenaturais, elas devem ser vistas, ao contrário, como um manifesto político, uma declaração de guerra, não apenas contra Deus, mas contra a própria humanidade e a Terra inteira. A guerra do Armagedom, que ocorrerá dentro da grande área metropolitana de Jerusalém, será nada menos que a culminação dessa terrível ambição.

Salmos 2

Se os cristãos deixam de observar as implicações políticas cataclísmicas de Isaías 14, então também deixam de observar o cenário admirável que se revela no Salmo 2. Em frases proféticas de grande poder descritivo, o Espírito Santo pronuncia a derrota esmagadora que Cristo, o Rei, infligirá aos Seus adversários no fim dos tempos. O Salmo condensa a essência do livro do Apocalipse, que é nada menos que a espetacular subjugação de toda a impiedade na Terra pelo Leão de Judá:

[1] "Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?"

As nações do mundo se unirão com grande fúria para destruir Israel. Elas estão absolutamente convencidas que têm os meios militares de fazer isto, mas a Palavra de Deus trata as aspirações delas como uma vã ambição.

[2] "Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:"

O governo mundial e seus governantes territoriais estão planejando este assalto final há algum tempo. Por meio de consultas secretas de alto nível, eles formularam uma estratégia militar que lhes permitirá finalmente aniquilar os judeus. Se eles fizerem isso, então Cristo não será capaz de retornar à Terra. Isto os libertaria para sempre da interferência da vontade de Deus.

[3] "Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas."

Os líderes terreais desprezam a Palavra de Deus e veem Sua santa vontade como um estorvo do qual estão decididos a se livrar. Como praticantes do ocultismo, o único poder sobrenatural que eles reconhecem é o de Lúcifer.

[4] "Aquele que habita nos céus se rirá; o SENHOR zombará deles."

Deus se rirá do esforço ridículo deles de tentarem contornar Sua santa vontade. De fato, Ele poderia tê-los esmagado a qualquer momento, desde a queda de Adão, mas, em vez disso, permitiu que tivessem todas as oportunidades de se arrependerem e se submeterem incondicionalmente à Sua misericórdia.

[5] "Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará."

Quando Deus finalmente estender Seu braço e colocar um fim imediato na rebelião deles, fará isto com grande ira. Eles zombaram dos profetas enviados por Deus, ignoraram Sua Palavra, mataram Seus santos e rejeitaram Seu Filho.

[6] "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião."

Ah, que verso maravilhoso! Falando no presente profético, o Senhor Deus está dizendo que colocará Seu Filho, Jesus Cristo, no lugar que escolheu para Ele na eternidade — a cidade de Jerusalém! O tempo verbal define isto como um fato já realizado, algo que não pode de modo algum deixar de acontecer.

[7] "Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei."

O dia em questão é o dia que Cristo ressuscitou em glória! Naquele momento o futuro da humanidade foi decidido na eternidade.

[8] "Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão."

Quando Cristo retornar à Terra como o Leão de Judá, salvará Seu povo de todos os inimigos. Os exércitos reunidos no Armagedom serão totalmente destruídos pela espada que sai da Sua boca. O Pai Celestial garantirá que o mundo inteiro se submeta ao Seu decreto real e adote fielmente, dali para frente, os princípios de paz e justiça que emanarão do trono de Cristo em Jerusalém.

[9] "Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro."

Qualquer um que resistir será sumariamente executado. Cristo virá para punir os ímpios. Como somente eles resistirão aos mandamentos de Deus, somente eles serão destruídos.

[10-12] "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam."

O Senhor, em Sua misericórdia, está aconselhando os reis e autoridades da Terra a darem ouvidos à Sua advertência. Quando Seu Filho chegar na Terra para executar Sua ira, será rigoroso em Seu julgamento. Aqueles que persistem em pensar que o Filho de Deus retornou como um Cordeiro, e não como um Leão, ficarão grandemente chocados ao verem o quão seriamente enganados estavam.

Quando Satanás diz orgulhosamente "No monte da congregação me assentarei, aos lados do norte", está reivindicando Jerusalém para si mesmo. Entretanto, quando o Senhor diz: "Estabeleci meu rei sobre meu santo monte de Sião", está rejeitando essa vangloriosa pretensão. Sião pertence ao Seu Filho. E, quando Ele retornar na Segunda Vinda, Seu povo o aceitará — "O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade...":

"Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O SENHOR enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos. O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade." [Salmos 110:1-3].

A Segunda Vinda

A segunda vinda de Cristo será um tempo de ira terrível sobre a Terra para todos que se opõem a Deus! Eles irão gritar de dor e terror quando virem a chegada de Cristo, vindo do céu em poder e glória:

"Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém." [Apocalipse 1:7].

Todos aqueles exércitos poderosos que se reunirem em torno de Jerusalém — em volta de Ariel! — para destruí-la — serão como a pragana do milho diante de um grande vento. No ponto exato em que o Maligno pensar que com certeza vai atingir seu objetivo — a aniquilação total do povo judeu — algo totalmente inesperado acontecerá. A Palavra de Deus compara a desilusão dele com a de um homem faminto que sonha que vai começar a participar de uma refeição suntuosa, mas então acorda e percebe sua perturbação mental:

"E a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos tiranos como a pragana que passa, e num momento repentino isso acontecerá. Do SENHOR dos Exércitos serás visitada com trovões, e com terremotos, e grande ruído com tufão de vento, e tempestade, e labareda de fogo consumidor. E como o sonho e uma visão de noite será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra Ariel, como também todos os que pelejarem contra ela e contra a sua fortaleza, e a puserem em aperto. Será também como o faminto que sonha, que está a comer, porém, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma com sede; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte Sião." [Isaías 29:5-8].

Observe também as palavras "e num momento repentino isso acontecerá". Em outra passagem bíblica, o Senhor compara esta surpreendente virada nos eventos a um jarro de barro que é feito em pedaços. Em um momento, o jarro está perfeito, porém no instante seguinte está esmagado e despedaçado.

O Senhor não permitirá que Satanás tome Jerusalém para si mesmo!

O Livro das Lamentações

O livro das Lamentações é central para o nosso estudo. Talvez nenhum outro livro da Bíblia transmita com tanta acuidade e poder de descrição o amor do Senhor por Jerusalém. Podemos ler em seus versos trágicos a associação de perto que existe na mente de Deus entre a cidade e Seu povo. Eles são inseparáveis. Como observamos em nosso estudo sobre o Tabernáculo, a Bíblia é a história do relacionamento de três vias entre Deus, Seu povo e a terra de Israel. É impossível ignorar o papel da terra na aliança de Deus e o lugar dela na redenção final da humanidade. É por isto que Satanás cobiça o controle sobre Israel como um todo e sobre Jerusalém em particular. Satanás fará tudo o que estiver ao seu alcance para expulsar os judeus da terra e garantir o controle sobre Sião, revogar os direitos deles de propriedade e legalidade, e retratá-los como párias criadores de esquemas, a quem os árabes têm o direito moral de destruir.

Entre os 66 livros da Bíblia, somente um trata exclusivamente de um lugar. Claro, o livro de Naum é uma profecia que está relacionada com a destruição de Nínive, mas trata de um evento que ainda não aconteceu. A profecia relaciona-se tanto aos habitantes de Nínive quando à própria Nínive. Entretanto, no livro das Lamentações, a catástrofe já aconteceu e o lugar está quase desértico de seus habitantes. A cidade está solitária e vazia:

"Como está sentada solitária aquela cidade, antes tão populosa! Tornou-se como viúva, a que era grande entre as nações! A que era princesa entre as províncias, tornou-se tributária!" [verso 1].

O seguinte choro de desolação aparece no primeiro de seus cinco capítulos; em alguns dos versos, a própria cidade é que está falando:

"Chora amargamente de noite, e as suas lágrimas lhe correm pelas faces... todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ela, tornaram-se seus inimigos... Os caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à festa solene; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma tem amargura. Lembra-se Jerusalém, nos dias da sua aflição e dos seus exílios, de todas as suas mais queridas coisas, que tivera desde os tempos antigos... todos os que a honravam, a desprezaram... não tem consolador; vê, SENHOR, a minha aflição, porque o inimigo se tem engrandecido... vê, SENHOR, e contempla, que sou desprezível. Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho? Atendei, e vede, se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que o SENHOR me afligiu, no dia do furor da sua ira. Desde o alto enviou fogo a meus ossos, o qual se assenhoreou deles... O SENHOR atropelou todos os meus poderosos no meio de mim; convocou contra mim uma assembléia, para esmagar os meus jovens; o SENHOR pisou como num lagar a virgem filha de Judá. Por estas coisas eu ando chorando; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar a minha alma; os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu o inimigo. Estende Sião as suas mãos, não há quem a console... Justo é o SENHOR, pois me rebelei contra o seu mandamento; ouvi, pois, todos os povos, e vede a minha dor; as minhas virgens e os meus jovens foram levados para o cativeiro. Olha, SENHOR, porque estou angustiada; turbadas estão as minhas entranhas; o meu coração está transtornado dentro de mim, porque gravemente me rebelei; fora me desfilhou a espada, em casa está a morte. Ouviram que eu suspiro, mas não tenho quem me console..." [Lamentações 1]

É impossível ler essas palavras, e as muitas seguintes, nos capítulos 2-5, e não ficar impressionado pelo fato que elas são proferidas por uma cidade e para uma cidade, e que estão carregadas com um poder de descrição e uma paixão que falam de algo que é verdadeiramente singular na experiência humana. Deus ama esta cidade!

O papa nunca colocará suas mãos nela, nem os maçons, nem os islâmicos, nem os árabes, nem a ONU, nem qualquer um dos muitos parceiros do Maligno. Nem mesmo os judeus secularizados, que rejeitam a Cristo, ficarão com ela. O Deus Vivo a reservou na eternidade para Seu Filho, que a compartilhará somente com aqueles que O amam.

Os Salmos dos Degraus

O Espírito Santo incluiu na Palavra de Deus uma série de salmos que expressam a alegria dos justos quando eles vão a Jerusalém, aparentemente a pé, e estão ansiosos pelo momento em que entrarão pelas portas da cidade. Esses salmos são como um calendário do advento, marcando a passagem dos dias antes de o peregrino finalmente chegar ao seu destino, atravessar os preciosos limiares da cidade e se encontrar na cidade santa, a mesma cidade escolhida por Deus para Seu Filho.

Os versos seguintes dos Salmos dos Degraus são como uma proclamação do Senhor, declarando para sempre Seu comprometimento irrevogável com Jerusalém, a cidade a partir da qual Seu Filho governará o mundo:

"Alegrei-me quando me disseram: Vamos á casa do SENHOR. Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém. Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta... Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios... Por causa da casa do SENHOR nosso Deus, buscarei o teu bem." [Salmos 122:1-9]

"Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. Assim como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o SENHOR está em volta do seu povo desde agora e para sempre." [Salmos 125:1,2].

"O SENHOR te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel." [Salmos 128:5,6].

"Os lavradores araram sobre as minhas costas; compridos fizeram os seus sulcos. O SENHOR é justo; cortou as cordas dos ímpios. Sejam confundidos, e voltem para trás todos os que odeiam a Sião. Sejam como a erva dos telhados que se seca antes que a arranquem." [Salmos 129:3-6].

"A minha alma anseia pelo SENHOR, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã. Espere Israel no SENHOR, porque no SENHOR há misericórdia, e nele há abundante redenção. E ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades." [Salmos 130:6-8].

"Levanta-te, SENHOR, ao teu repouso, tu e a arca da tua força. Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus santos. Porque o SENHOR escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo: Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei. Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados. Também vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos saltarão de prazer. Ali farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu ungido. Vestirei os seus inimigos de vergonha; mas sobre ele florescerá a sua coroa." [Salmos 132:8-18].

"Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre." [Salmos 133:1-3].

Quem pode ler estes versos acima e não discernir uma vontade e propósito, aos quais poder algum na Terra — ou no mundo sobrenatural — poderão resistir? Deus no céu declarou que fará isto e ninguém o impedirá.

O Senhor, Justiça Nossa

Esta identificação de Jerusalém com o santo nome do Senhor Deus é, provavelmente, o sinal mais forte de sua preeminência sobre todas as outras cidades em Israel e em todo o mundo. A Palavra de Deus traz isto à nossa atenção bem cedo, no livro de Êxodo:

"... em todo o lugar, onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei." [Êxodo 20:24].

Somente alguns poucos lugares assim foram escolhidos. Um desses foi Siló, o primeiro local escolhido por Deus para este propósito e, assim, como observamos anteriormente, é um tipo de Jerusalém:

"Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel." [Jeremias 7:12].

O livro de Juízes localiza explicitamente a casa de Deus em Siló:

"Assim, pois, estabeleceram para si a imagem de escultura, que fizera Mica, por todos os dias em que a casa de Deus esteve em Siló." [Juízes 18:31].

Como o verso em Jeremias implica, a cidade de Siló sofreu um terrível julgamento de Deus quando Israel caiu mais uma vez nas profundezas do pecado. A severidade da punição que caiu sobre Siló é deixada mais explícita em um capítulo posterior de Jeremias:

"Então farei que esta casa seja como Siló, e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da terra." [Jeremias 26:6].

"Por que profetizaste no nome do SENHOR, dizendo: Como Siló será esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que não fique nenhum morador nela? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do SENHOR." [Jeremias 26:9].

O profeta estava advertindo o povo que, se eles não se arrependessem de seus maus caminhos e começassem novamente a viver em obediência ao Senhor Deus, Deus destruiria a cidade de Jerusalém, exatamente como destruíra Siló, deixando-a "assolada, sem moradores". Sabemos que isto deve ter ocorrido pouco tempo depois que os filisteus derrotaram os israelitas em uma grande batalha, por volta do ano 1050 AC, e tomaram a Arca em custódia, pois Siló não é mais mencionada em algum período posterior na turbulenta história de Israel.

Os cristãos geralmente pensam na queda de Jerusalém, em 586 AC, quando ela foi tomada pelos exércitos de Nabucodonosor, como um evento singular. Mas, como podemos ver, o destino de Siló foi um evento exato paralelo, porém em uma escala muito menor. Os israelitas deveriam saber que, em suas advertências sobre a vindoura destruição de Jerusalém, o profeta Jeremias estava apontando para um precedente histórico significativo. Os judeus simplesmente se recusaram a acreditar que Deus faria uma coisa dessas com Sua cidade amada.

Como observamos anteriormente, o nome Siló refere-se ao próprio Messias. Isto é revelado em Gênesis, quando Jacó faz diversos pronunciamentos proféticos sobre o futuro de Israel:

"O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos." [Gênesis 49:10].

Significativamente, o uso do mesmo nome próprio para denotar tanto a casa de Deus e o próprio Messias ocorre mais uma vez em Jeremias. Desta vez, a identificação é mais surpreendente, pois incorpora o nome santo, YHVH:

"Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR Justiça Nossa." [Jeremias 23:5-6].

"Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome com o qual Deus a chamará: O SENHOR é a nossa justiça." [Jeremias 33:16].

No primeiro verso, Ele (o Messias) será chamado de "SENHOR Justiça Nossa". No segundo verso, Jerusalém será chamada "O SENHOR é a nossa justiça". As palavras hebraicas em cada caso são Yahweh Tsidkenu — o SENHOR é a nossa justiça.

Nestes versos o Espírito Santo vincula o Messias com Sua santa cidade, Jerusalém, atribuindo o mesmo nome, ou epíteto a cada um deles, não somente uma vez, mas duas. Qualquer um que pensa que o Messias escolherá outra localização geográfica para Seu trono, claramente tem pouco respeito por aquilo que a Palavra de Deus nos diz de forma bem clara.

O Trono de Davi

A cidade de Jerusalém também está identificada com o trono de Davi:

"Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do SENHOR, e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do SENHOR, em Jerusalém; e nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno." [Jeremias 3:17].

"Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim." [Salmos 89:35-36].

"Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto." [Isaías 9:7].

Jerusalém será chamada de "Trono do Senhor" (referência em Jeremias), o trono de Davi permanecerá para sempre (referência em Salmos 89) e o Messias se assentará para sempre sobre o trono de Davi (referência em Isaías). Portanto, Cristo reinará para sempre em Jerusalém ("E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim." [Lucas 1:33]).

Fogo dos Céus

Muitos cristãos erroneamente acreditam que, como Sião foi escolhida por Davi com sua base, a subsequente construção do Templo naquele local foi um acidente da história. A Palavra de Deus apresenta uma história diferente. Davi de fato escolheu Sião como centro de seu governo, mas ela se tornou a cidade de Deus somente após o próprio Deus ter revelado que tinha separado a cidade para esse propósito. Até então, ela era apenas um das várias cidades importantes em Israel. Entretanto, Ele fez isto de um modo admirável.

Após Davi ter pecado, ao mandar recensear o povo, o Senhor lhe disse por meio de Gade, o vidente, que ele seria devidamente punido: "Então enviou o SENHOR a peste a Israel, desde a manhã até ao tempo determinado; e desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo." [2 Samuel 24:15]; A praga cessou somente quando Davi sacrificou bois na eira de Ornã, o jebuseu: "Então o anjo do SENHOR ordenou a Gade que dissesse a Davi para subir e levantar um altar ao SENHOR na eira de Ornã, o jebuseu." [1 Crônicas 21:18].

O próprio Senhor revelou o remédio. Ele especificou o que deveria ser feito e onde deveria ser feito. Assim, o Deus Todo-poderoso escolheu a eira de Ornã, o jebuseu, como localização do Templo de adoração para todo Israel, desse modo confirmando que Jerusalém era Sua cidade escolhida. Então, em Sua misericórida, Ele foi ainda mais longe e deu um surpreendente sinal a Davi que este era, de fato, o lugar que Ele tinha escolhido. Após Davi ter preparado o altar e oferecido holocaustos (os bois) e ofertas pacíficas (trigo como oferta de grãos), ele invocou ao Senhor:

"Então Davi edificou ali um altar ao SENHOR, e ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos; e invocou o SENHOR, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto." [1 Crônicas 21:26].

O Senhor tinha anteriormente enviado fogo dos céus como um sinal de consagração, ou aprovação divina em somente três ocasiões:

a) "Porque o fogo saiu de diante do SENHOR, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre as suas faces." [Levítico 9:24].

b) Quando Gideão preparou um oferta de acordo com a instrução dada pelo Anjo do Senhor (o Cristo pré-encarnado): "E o anjo do SENHOR estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do SENHOR desapareceu de seus olhos." [Juízes 6:21].

c) Quando Elias humilhou os sacerdotes de Baal no monte Carmelo: "Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego." [1 Reis 18:38].

O fogo que caiu do céu na eira de Ornã foi um sinal para Davi que o próprio Deus tinha escolhido aquele lugar, que Jerusalém era Sua cidade escolhida e que este era onde Seu Templo deveria ser construído. De modo a enfatizar Seu edito glorioso à vista de todo Israel, exatamente como fez no Sinai, o Senhor mais uma vez enviou fogo dos céus quando Salomão dedicou o Templo:

"E acabando Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa. E os sacerdotes não podiam entrar na casa do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a casa do SENHOR. E todos os filhos de Israel vendo descer o fogo, e a glória do SENHOR sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao SENHOR, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre." [2 Crônicas 7:1-3].

A falta abismal de familiaridade com a Palavra de Deus entre os cristãos hoje é uma fonte de grande preocupação. Poucos conseguem identicar precisamente os momentos fundamentais na história quando Deus, em Sua infinita misericórdia, revelou para a humanidade Seus planos para Jerusalém, como Ele amorosamente a separou para Seu santo propósito, e como pretende exaltar Sua cidade escolhida na plenitude dos tempos — "o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto." [Isaías 9:7].

"Sou teu Escudo…"

Em Seu zelo, Deus também quer defender e proteger Sua "eira".

Quando o rei assírio Senaqueribe enviou um exército imenso para cercar e capturar Jerusalém, por volta do ano 701 AC, as chances a seu favor eram massacrantes. Aquele exército tinha percorrido o Oriente Médio e conquistado um reino após o outro. Várias das cidades fortes em Judá já tinham sido capturadas e Jerusalém estava totalmente à sua mercê. Senaqueribe até mesmo enviou um emissário para amedrontar os judeus e salientar qual era a situação real deles. Entretanto, eles se recusaram a replicar. Em seguida, por meio do profeta Isaías, o Senhor enviou uma mensagem Sua ao rei assírio:

"Esta é a palavra que o SENHOR falou dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti. A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem alçaste a voz e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel?" [2 Reis 19:21-22].

Os judeus tinham colocado sua confiança no Senhor Deus. Em resposta, Deus mandou dizer a Senaqueribe: "Contra quem alçaste a voz e ergueste os teus olhos ao alto?" Naquela noite, o Anjo do Senhor, o Cristo pré-encarnado, feriu o exército assírio. Na manhã do dia seguinte, 185.000 homens estavam mortos no acampamento assírio. Nem uma única flexa foi lançada contra a cidade de Deus.

Isto é o que acontece quando os habitantes de Jerusalém colocam sua confiança no Senhor Deus de Israel!

Em outra ocasião, por volta de 850 AC, os exércitos combinados dos reinos de Amom, Moabe e Edom se prepararm para convergir contra Jerusalém e erradicá-la do mapa. Eles tinham aguardado um longo período de tempo por esta oportunidade e, unindo suas forças militares, estavam confiantes da vitória. O rei Jeosafá apregoou um jejum em todo o reino de Judá. Deste modo, o povo colocou sua confiança, não em si mesmo, ou em suas próprias forças, mas em Deus. Eles então se reuniram, homens e mulheres, jovens e velhos, e oraram a Deus: "E todo o Judá estava em pé perante o SENHOR, como também as suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos." [2 Crônicas 20:13]. Que vista verdadeiramente admirável, uma cidade na iminência de ser destruída e as criancinhas se reúnem nas ruas com seus pais e oram a Deus.

O próprio rei Jeosafá orou da seguinte forma antes da batalha:

"E pela manhã cedo se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; e, ao saírem, Jeosafá pôs-se em pé, e disse: Ouvi-me, ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém: Crede no SENHOR vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis." [2 Crônicas 20:20].

Quando o pequeno exército deles saiu no dia seguinte para enfrentar o inimigo, eles foram liderados, não por generais ou por homens fortes carregando estandartes, mas por um coro de sacerdotes que cantava: "Louvai ao SENHOR porque a sua benignidade dura para sempre." Verdadeiramente incrível.

Quando eles chegaram ao local em que as hostilidades deveriam começar, encontraram somente uma massa de corpos mortos. Nem um único soldado no exército opositor, que poderia ter 500.000 homens, ou mais, estava vivo. Durante a noite anterior e na manhã daquele dia, eles tinham se voltado um contra o outro e se lançado em uma matança irracional, que os erradicou. Nem um deles escapou com vida. Os cidadãos de Judá precisaram de três dias para coletar todos os despojos, pois eram grandes demais!

Estes episódios nos dão uma visão antecipada dos métodos que o Senhor Deus usará no fim dos tempos para destruir os inimigos de Israel. Ele não permitirá que o Anticristo capture e retenha Jerusalém. Literalmente, milhões morrerão no território circunvizinho quando o Messias, Jesus Cristo, executar julgamento sobre o Homem do Pecado e sobre suas incontáveis legiões.

Termos de Demonstração de Afeto

O nome Jerusalém significa "fundação da paz". Ela é a cidade da paz para o Príncipe da Paz.

A Palavra de Deus revela exatamente o quão preciosa a cidade é aos olhos de Deus, dando-lhe dezenas de epítetos que demonstram afeto. De fato, até que você os veja listados um após o outro, é difícil acreditar que existam tantos. Estamos todos familiarizados com títulos como "A cidade de Davi" e "A cidade santa", mas existem muitos mais, todos os quais merecem ser melhor conhecidos. Aqui estão apenas alguns deles:

No total, identificamos que existem mais de 80 — veja nossa compilação no Apêndice A.

A "Cidade Permanente" de Abraão

O autor da epístola aos Hebreus refere-se a Abraão e sua fé nas promessas de Deus. É interessante que ele menciona que Abraão esperava encontrar, presumivelmente na terra de Canaã, uma cidade construída por Deus:

"Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus." [Hebreus 11:10].

O patriarca parecia compreender que o plano de Deus incluía a criação de uma cidade em que os santos viveriam perpetuamente. O autor de Hebreus vai mais longe e diz:

"Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura." [Hebreus 13:14].

Este verso está a nos dizer que Jerusalém, como ela era então, não era uma "cidade permanente", uma cidade que continuaria na eternidade. A "futura", porém, será eterna.

O livro do Apocalipse fala dessa cidade eterna, chamando-a de Nova Jerusalém, que descerá do céu no fim do Milênio. Assim, Cristo governará a Terra por mil anos a partir da cidade existente de Jerusalém, que Ele restaurará substancialmente e replanejará no início de Seu reinado.

Entretanto, ela será absorvida, ou substituída, no fim dos tempos, pela Nova Jerusalém, que, como Abraão compreendia, será uma cidade construída por Deus.

A Palavra de Deus também se refere à esta cidade eterna como "Jerusalém celestial" [Hebreus 12:22].

O apóstolo Paulo falou dessa cidade, a Jerusalém celestial, como nossa "mãe", pois, na eternidade, ela será o lar glorioso de todos os que amam a Cristo e que encontraram libertação da servidão ao pecado, por meio do Evangelho eterno:

"Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós." [Gálatas 4:26]

Em outra passagem, ele se refere à mesma ideia, não em termos de maternidade, mas de cidadania: "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo." [Filipenses 3:20]. Cada um dos santos será um cidadão permanente dessa cidade gloriosa, a Jerusalém celestial.

Precisamos compreender que essa cidade celestial será uma verdadeira cidade física, não um domicílio etéreo, pairando acima da Terra. Seus fundamentos serão fundamentos físicos reais e seus muros físicos e reais. Entretanto, em um mundo sem pecado, a substância de cada um deles excederá em pureza e luminescência qualquer coisa que já tenhamos visto anteriormente.

O Leão de Judá

Cristo retornará a Israel quando a igreja estiver completa e for removida da Terra no evento maravilhoso conhecido como Arrebatamento. Ele não virá como um Cordeiro, como fez na primeira vinda, mas como o Leão, que rugirá desde Sião:

"Ele disse: O SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; os prados dos pastores prantearão, e secar-se-á o cume do Carmelo." [Amós 1:2].

"E o SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o SENHOR será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel. E vós sabereis que eu sou o SENHOR vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela." [Joel 3:16,17].

A fúria de Cristo na defesa do Seu povo, o remanescente justo de Israel, será terrível de contemplar. Em Sua ira, Ele destruirá exércitos inteiros. Como Salmos 45, um dos muitos salmos messiânicos diz (no verso 4): "E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis."

Cristo é a mão direita do Pai. Ele não somente se assenta à direita do Pai, mas servirá como Sua mão direita quando chegar o tempo de executar julgamentos na Terra:

"O SENHOR, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira. Julgará entre os gentios; tudo encherá de corpos mortos; ferirá os cabeças de muitos países. Beberá do ribeiro no caminho, por isso exaltará a cabeça." [Salmos 110:5-7].

Cristo realizará três grandes tarefas no dia em que retornar — salvará Seu povo, salvará Jerusalém e destruirá os ímpios. Toda a humanidade verá que Ele realmente "zela por Sião com grande zelo":

"Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa." [Isaías 62:1].

"E o anjo que falava comigo disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião." [Zacarias 1:14].

"Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Zelei por Sião com grande zelo, e com grande indignação zelei por ela." [Zacarias 8:2].

Conclusão

Os ímpios do mundo querem Jerusalém. Satanás colocou nos corações de seus servos o desprezo ao povo judeu e à presença deles em Israel. Ele quer separá-los de sua cidade santa e tomar posse dela para si mesmos.

Ao fazerem isto, eles estão se opondo descaradamente à vontade divina, que diz de forma bem enfática:

"E edificou altares na casa do SENHOR, da qual o Senhor tinha falado: Em Jerusalém estará o meu nome eternamente." [2 Crônicas 33:4].

Nosso Pai celestial escolheu esta cidade para Seu Filho. Ele poderia aniquilar Satanás e suas reservas acumuladas a qualquer tempo, mas Seu plano santo envolve trazer o maior número possível para a salvação. A igreja precisa ser completada e o julgamento de Israel precisa continuar até o ponto em que eles reconheçam que rejeitaram Seu Filho na primeira vinda. Um grande arrependimento nacional ainda irá acontecer.

Enquanto isso, o Maligno está criando esquemas de modos que quase não compreendemos, usando todo truque e estratagema que sua mente brilhante possa planejar para garantir o controle absoluto sobre Jerusalém. A ONU quer a cidade. Os maçons a querem. O Vaticano a quer. Os jesuítas a querem. Os muçulmanos a querem. Os árabes a querem. E a confederação de grande abrangência, os Illuminati, a quer. Mas, nenhum deles a terá!

Eles chegarão incrivelmente perto de seus objetivos — a partir de um ponto de vista humano — mas ficará provado que o momento de triunfo será uma ilusão irrealizável. O rei dos Reis retornará subitamente e "abalará terrivelmente a Terra". O Renovo assumirá seu legítimo lugar sobre o Trono de Davi em Jerusalém e governará o mundo dali para frente em verdade e justiça:

"Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém." [Isaías 4:2,3]



Apêndice A

Epítetos para Jerusalém

Muitos comentaristas respeitados reconhecem os seguintes como títulos bíblicos, ou epítetos, para a cidade de Jerusalém.

Nota: A lista a seguir mostra o epíteto e a primeira vez em que ele é referenciado.

  1. Salém — Gênesis 14:18
  2. Líbano — Deuteronômio 3:25 *
  3. Jebus — Josué 18:16 e 28
  4. Cidade de Davi — 2 Samuel 5:7
  5. Sião — 2 Samuel 5:7
  6. Monte Sião — 2 Reis 19:31
  7. Cidade de Judá — 2 Crônicas 25:28
  8. Santa Cidade — Neemias 11:2
  9. Cidade de Deus — Salmos 46:4
  10. Santuário das Moradas do Altíssimo — Salmos 46:4
  11. Cidade do Nosso Deus — Salmos 48:1
  12. Alegria de Toda a Terra — Salmos 48:2
  13. A Cidade do Grande Rei — Salmos 48:2
  14. Cidade do SENHOR dos Exércitos — Salmos 48:8
  15. Perfeição da Formosura — Salmos 50:2
  16. Monte Que Deus Desejou para a Sua Habitação — Salmos 68:16
  17. Cidade do Senhor — Salmos 101:8
  18. Filha de Sião — Isaías 1:8
  19. Cidade de Justiça — Isaías 1:26
  20. Cidade Fiel — Isaías 1:26
  21. Casa do Deus de Jacó — Isaías 2:3
  22. Monte da Filha de Sião — Isaías 10:32
  23. Meu Santo Monte — Isaías 11:9
  24. Monte da Congregação — Isaías 14:13
  25. Lugar do Nome do SENHOR dos Exércitos — Isaías 18:7
  26. Vale da Visão — Isaías 22:1
  27. Cidade Alegre — Isaías 22:2
  28. Filha do Meu Povo — Isaías 22:4
  29. Ariel ("O Leão de Deus" ou "A Lareira de Deus") — Isaías 29:1
  30. Cidade Onde Davi Acampou — Isaías 29:1
  31. Habitação Quieta —Isaías 33:20
  32. Cidade das Nossas Solenidades — Isaías 33:20
  33. Tenda Que Não Será Removida — Isaías 33:20
  34. Bosque do seu Campo Fértil — Isaías 37:24
  35. Glória do Líbano — Isaías 60:13
  36. Lugar do Meu Santuário — Isaías 60:13
  37. Lugar dos Meus Pés — Isaías 60:13
  38. Sião do Santo de Israel — Isaías 60:14
  39. Excelência Perpétua — Isaías 60:15
  40. Gozo de Geração em Geração — Isaías 60:15
  41. Salvação — Isaías 60:18
  42. Louvor — Isaías 60:18
  43. Coroa de Glória — Isaías 62:3
  44. Diadema Real — Isaías 62:3
  45. Hefzibá ("O meu prazer está nela") — Isaías 62:4
  46. Beulá ("Casada") — Isaías 62:4
  47. Louvor na Terra — Isaías 62:7
  48. Procurada — Isaías 62:12
  49. Cidade Não Desamparada — Isaías 62:12
  50. Trono do SENHOR — Jeremias 3:17
  51. Nome do SENHOR — Jeremias 3:17
  52. Virgem, Filha do Meu Povo — Jeremias 14:17
  53. Virgem de Israel — Jeremias 18:13
  54. Moradora do Vale — Jeremias 21:13
  55. Rocha da Campina — Jeremias 21:13
  56. Morada de Justiça — Jeremias 31:23
  57. Monte de Santidade — Jeremias 31:23
  58. Consagrada ao SENHOR — Jeremias 31:40
  59. O SENHOR É a Nossa Justiça — Jeremias 33:16
  60. Grande Entre as Nações — Lamentações 1:1
  61. Princesa Entre as Províncias — Lamentações 1:1
  62. Glória de Israel — Lamentações 2:1
  63. Escabelo dos Pés do SENHOR — Lamentações 2:1
  64. Tenda da Filha de Sião — Lamentações 2:4
  65. Glória do Seu Ornamento — Ezequiel 7:20
  66. Formosa em Extremo — Ezequiel 16:13
  67. Monte Alto de Israel — Ezequiel 20:40
  68. Glória da Vossa Força — Ezequiel 24:21
  69. Desejo dos Vossos Olhos — Ezequiel 24:21
  70. Anelo de Vossas Almas — Ezequiel 24:25
  71. YHVH Shammah ("O SENHOR Está Ali") — Ezequiel 48:35
  72. Teu Santo Monte — Daniel 9:16
  73. Cidade Chamada Pelo Teu Nome — Daniel 9:18
  74. Monte Santo e Glorioso — Daniel 11:45
  75. Porta do Meu Povo — Miquéias 1:9
  76. Monte da Casa do SENHOR — Miquéias 4:1
  77. Fortaleza da Filha de Sião — Miquéias 4:8
  78. Torre do Rebanho — Miquéias 4:8
  79. Cidade Alegre — Sofonias 2:15
  80. Cidade da Verdade — Zacarias 8:3
  81. Monte do SENHOR dos Exércitos — Zacarias 8:3
  82. Cidade Amada — Apocalipse 20:9.

* Líbano — Zacarias 11:1, Habacuque 2:17, Isaías 37:24, Jeremias 22:23, Ezequiel 17:3,22 e Deuteronômio 3:25.


Autor: Jeremy James, http://www.zephaniah.eu
Data da publicação: 9/9/2017
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/Jerusalem.asp