Cristo Carregando a Cruz coloca o evento mais impressionante da história em um contexto tão relevante para o mundo contemporâneo quanto foi para o povo flamengo no século XVI. Nesta versão em miniatura da pintura de Bruegel, quase não se consegue ver Jesus, no centro do quadro. Essa é parte da mensagem do artista. As pessoas parecem tão alheias ao sofrimento do Salvador no meio delas quanto está hoje o homem comum que caminha pelas ruas da cidade. As mentes delas estavam voltadas para suas distrações e discussões banais, para suas crianças travessas, para o desfile da guarda e, especialmente, para o espetáculo da execução que aconteceria. A identidade dos acusados não interessava muito. Essas pessoas nunca reconheceram o Rei que deu a vida por elas.
No tempo de Bruegel, uma execução pública podia ser comparada a um evento social. Na ausência de outras distrações interessantes, uma execução sempre atraía as pessoas sedentas por emoções. No nosso tempo, o espetáculo pode ser qualquer evento real ou encenado filmes no cinema, programas de televisão e as notícias chocantes que chamam a atenção do público e ofuscam a maravilha de conhecer a Cristo. Assim, no meio das pressões diárias, Bruegel nos lembra da facilidade como as coisas familiares, triviais e vulgares à nossa volta podem nos distrair daquelas realidades que são as mais importantes para a vida, a paz e a alegria.